Economia

Esqueça os iates. Nova moda entre bilionários é comprar navios de cruzeiro

Indústria de cruzeiros é avaliada em US$ 126 milhões e ainda tem espaço para crescer

Cruzeiro navega pelo mar do Caribe
Foto: Divulgação
Cruzeiro navega pelo mar do Caribe Foto: Divulgação

Era um dia frio e nublado de julho em Reykjavik quando a patrona de artes francesa Maryvonne Pinault estava em um píer cumprindo as tarefas de sua madrinha para o Le Laperouse. A embarcação é o primeiro de seis iates de expedição de luxo da linha de cruzeiros de seu marido, a Compagnie du Ponant. Seu marido, o presidente da Kering SA e bilionário francês Fracois Pinault, não estava presente para ver sua esposa quebrar uma garrafa de champanhe contra o casco do navio, como manda a tradição náutica. O navio sempre será mais dela do que dele, afinal a ideia de comprar a empresa foi de Madame Pinault.

Em 2015, a holding de Pinault, Grupo Artemis, adquiriu a Ponant da Bridgepoint Capital por uma quantia não divulgada. Agora a companhia de cruzeiros, que tem receita anual de cerca de US$ 182 milhões, é parte de um luxuoso acervo que também inclui a Gucci, a casa de leilão Christie’s e o famoso vinhedo Château Latour. Consequentemente, os Pinaults estão se juntando a uma reservada comunidade de bilionários na indústria de cruzeiros, que vai desde o novato Richard Branson até o precursor da indústria Micky Arison.

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O mercado em potencial é expansivo. Segundo o grupo comercial Cruise Lines International Association, a indústria dos cruzeiros é avaliada em US$ 126 milhões e ainda tem muito espaço para crescer. Brian Egger, da Bloomberg Intelligence, afirma que apenas cerca de 20% dos americanos já fizeram cruzeiro. O número é menor para os Europeus e ainda mais baixo para os Asiáticosc. Mesmo com barreiras que dificultam a entrada como o alto custo e o tempo de construção de novos navios, ele diz que o setor pode ser uma “boa aposta”, especialmente se você está indo atrás de um mercado desassistido.

NOVOS INVESTIDORES NO MAR

Branson identificou um nicho antes de anunciar sua intenção de começar uma linha de cruzeiros em 2014, a Virgin Voyages. Com um financiamento significativo, vindo da Bain Capital, ele está gastando US$ 2,55 bilhões para construir três navios exclusivos para adultos para os chamados “rebeldes com causa”, começando com a embarcação “Scarlet Lady”, capaz de transportar 2.700 passageiros previsto para ficar pronto em 2020. A equipe, chamada “Scarlet Squad”, promoverá a liderança feminina dentro da tripulação. O navio trará uma sereia nua em seu casco, e boa parte do trajeto será no Mar do Caribe.

Em um e-mail, Branson disse que pensa sobre a indústria de cruzeiros há mais de 40 anos:

- Aos 27 anos, eu já sonhava em começar uma empresa de cruzeiros, mesmo sem nunca ter estado em um. O que eu tinha visto e escutado sobre cruzeiro parecia entediante, então eu pensei em começar o meu -  disse à Bloomberg.

Enquanto isso, o bilionário malaio chinês Lim Kok Thay, presidente da empresa de casinos e resorts Genting Group, vem remoldando o mercado de cruzeiros de luxo desde que adquiriu a Crystal Cruises da japonesa Nippon Yusen Kabushiki Kaisha em 2015 por US$ 550 milhões, em dinheiro. Lim não é um iniciante na indústria como Branson: sua empresa também é dona das asiáticas Star Cruises e Dream Cruises e detém uma pequena participação na Norwegian Cruise Line.

Sob a tutela de Lim, a Crystal zarpou para uma rápida expansão. A empresa, que tinha apenas dois navios antes do novo dono, comprou e renovou um navio fluvial, construiu quatro novos para navegar o Rio Danúbio e o Rio Reno, adicionou o serviço de jato corporativo, comprou três estaleiros e encomendou mais um novo navio de expedição. A companhia também renovou seus dois produtos originais, Crystal Symphony e Crystal Serenity, para proporcionar mais espaço por passageiro e suítes de cobertura com mordomo.

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Madame Pinault se apaixonou por Ponant em um cruzeiro para a Antártida. Em adição aos seis iates de expedição, os Pinaults também comissionaram o primeiro navio quebra-gelo híbrido elétrico movido a gás natural líquido do mundo. O investimento tem custado para a empresa US$ 323 milhões e vai ter capacidade para transportar 270 passageiros quando estiver concluído, em 2021.

BILIONÁRIO DOS CRUZEIROS

Se alguém entende o motivo desse mercado valer a pena, essa pessoa é Torstein Hagen. O empresário norueguês, fundador da Viking Cruises, apostou alto quando esvaziou sua conta bancária em 1997 para comprar quatro navios fluviais. A companhia que ele criou para levar turistas americanos para viajar pela Rússia cresceu desde então para uma frota de 64 navios fluviais, com mais sete programados para o próximo ano. Quase metade dos americanos que fazem um cruzeiro fluvial viajam em um de seus navios

Os navios de Hagen são projetados de acordo com seu gosto pessoal: servem salmão norueguês, sua comida favorita; otimizou o mobiliário a seu gosto; as cestas de lixos dos quartos dos hóspedes são quadradas, porque são melhores para receber bolinhas de papel.