Economia

Facebook e Google exigem que funcionários se vacinem antes de voltarem a seus escritórios

Gigante de tecnologia adiou reabertura de setembro para outubro, assim como fez a Apple. Outras empresas americanas reorganizam protocolos para a volta
A exigência de vacinação começaria pela sede do Google em Mountain View, na Califórnia, e em outros escritórios nos Estados Unidos, antes de ser estendido a outros países Foto: Bloomberg
A exigência de vacinação começaria pela sede do Google em Mountain View, na Califórnia, e em outros escritórios nos Estados Unidos, antes de ser estendido a outros países Foto: Bloomberg

SAN RAMON, Califórnia —  O Facebook e o Google vão exigir que todos os seus funcionários que voltarem ao trabalho presencial estejam vacinados assim que seus escritórios forem totalmente reabertos.

No Facebook, que divulgou nesta quarta-feira seu balanço financeiro do segundo trimestre , um porta-voz afirmou em um comunicado que “na medida em que nossos escritórios reabram, estaremos exigindo de todos que trabalhem em qualquer um de nossos campi nos EUA sejam vacinados”.

O grupo liderado por Mark Zuckerberg, que também controla Instagram e WhatsApp, prevê que seus escritórios atinjam 50% da capacidade em setembro, alcançando o retorno de todos os empregados em outubro. Mas funcionários poderão optar por trabalhar remotamente em caráter permanente.

No Google, a exigência é uma das medidas tomadas pela gigante da tecnologia para tentar conter a ameaça do avanço da variante Delta do novo coronavírus, altamente contagiosa.

EUA: País vive 'guerra da vacina' e começa a ficar para trás na imunização

A empresa também decidiu adiar de setembro para outubro a reabertura de seus escritórios, a exemplo do que fez a Apple. A fabricante do iPhone estuda restabelecer a obrigatoriedade de máscaras em suas lojas parra funcionários e consumidores.

O Twitter, que reabriu seus escritórios em São Francisco este mês com 50% da capacidade, também só admitiu a volta de quem já foi vacinado.

A Netflix também vai exigir comprovante de vacinação de todos os atores e funcionários que trabalhem próximos das estrelas de suas produções nos EUA, segundo apurou a agência Bloomberg.

A gigante do streaming decidiu adotar essa política depois de um acordo com sindicatos de Holywood e grandes estúdios. A companhia teria informado empregados e produtores que haveria exceções para situações específicas de saúde ou de crença religiosa, assim como para produções já em curso.

No Brasil, O Ministério Público do Trabalho adotou o entendimento de que empresas podem demitir por justa causa funcionários que se recusem a tomar a vacina . A demissão de uma mulher por este motivo foi respaldada por decisão judicial em São Paulo.

Exigência no Google começa na Califórnia

Segundo adiantou o jornal The Wall Street Journal, o presidente-executivo da Alphabet, controladora do Google, Sundar Pichai, enviou nesta quarta-feira um comunicado aos funcionários indicando que não será tolerante com possíveis céticos da vacina.

O texto informa que a empresa começaria a exigir que qualquer pessoa em seus campi nos EUA fosse vacinada nas próximas semanas. A começar por sua sede, em Mountain View, na Califórnia.

Pichai acrescentou que o Google expandirá essa exigência para filiais da empresa em outros países nos próximos meses.

'Somellier': Site bane empregador que exigia vacina Pfizer para contratar governanta. MPT vai investigar

O CEO disse esperar que a exigência da vacinação dê mais segurança aos seus mais de 135 mil funcionários, em mais de uma dúzia de estados americanos e 50 países, no processo de reabertura dos escritórios.

“Ser vacinado é uma das maneiras mais importantes de manter a nossa saúde e a de nossas comunidades nos próximos meses”, acrescentou Pichai.

A conta do 'príncipe': Em vitória na Justiça, Odebrecht consegue anular pagamento de R$ 52 milhões a Marcelo

Segundo a agência Bloomberg, o Google informou que vai pedir a seus empregados que voltem ao trabalho em um modelo “híbrido”, com cerca de 60% dos funcionários trabalhando nos escritórios como antes da pandemia. A empresa pretende deixar 20% dos trabalhadores trabalhando remotamente.

No seu comunicado aos empregados, Pichai afirmou que a companhia está comprometida com a volta às atividades presenciais, mas “avalia cuidadosamente os dados” relacionados à pandemia. Ele também afirmou que a empresa iria estender licença remunerada para pais de crianças e gestantes até o fim do ano.

O Facebook informou que terá um esquema especial para pessoas não puderam tormar a vacina contra a Covid-19 por alguma razão médica e que ainda vai avaliar sua política para funcionários de outros países.

Apesar de planejar a volta do funcionamento normal dos escritórios em setembro, a empresa vai permitir que funcionários adotem o trabalho remoto de forma permanente. Zuckerberg viu uma nova tendência, e já previu que cerca de 50% de seus funcionários estarão neste regime dentro de uma década.

Setor público vai no mesmo sentido

A decisão do Google de exigir vacina dos funcionários vem na esteira de movimentos semelhantes que afetam funcionários do governo na Califórnia e em Nova York, como parte das medidas intensificadas nos EUA para combater a variante Delta.

Resultados: Google, Apple e Microsoft superam as estimativas e registram lucros recordes no segundo trimestre

O presidente dos EUA, Joe Biden, cogita fazer a mesma exigência a todos os funcionários públicos federais, uma vez que a recusa à vacina é hoje o principal obstáculo do país para deixar a pandemia para trás.

Em junho, o departamento de polícia de Los Angeles examinou a possibilidade de requerer vacina obrigatória para agentes. Várias escolas e universidades do país já incluíram a vacinação completa como requisito obrigatório para professores e alunos voltarem às salas de aula.

Na semana passada, o governador de Nova York, Bill de Blasio, encorajou empresas do estado a exigir vacinação dos empregados.

Empresas revisam protocolos na volta ao presencial

O adiamento do fim do home-office no Google segue o exemplo de outra potência de tecnologia, a Apple, que recentemente também mudou seus planos de retorno ao trabalho presencial . A fabricante do iPhone também aditou a reabertura de escritórios e a retirada de restrições em lojas de setembro para outubro para planejar melhor as medidas de segurança.

Não ficou claro quantos funcionários do Google ainda não foram vacinados, embora Pichai tenha descrito a taxa como alta em seu e-mail. Segundo o comunicado, a empresa pretende ter a maior parte de sua força de trabalho de volta aos escritórios a partir de 18 de outubro, em vez de 1º de setembro.

Covid: Pandemia aumenta parcerias entre varejistas e start-ups

"Essa extensão nos dará tempo para voltar ao trabalho, ao mesmo tempo que fornece flexibilidade para aqueles que precisam", escreveu Pichai.

Segundo o New York Times, o banco Goldman Sachs considera reinstituir a testagem dos funcionários que já voltaram ao trabalho em seus escritórios em Nova York, mesmo aqueles que já estão completamente imunizados.

Esse freio na retomada das atividades presenciais de grandes empresas nos EUA contrasta com o otimismo delas em abril, quando o avanço da vacinação no país estimulou os planos de retomada.

O avanço da variante Delta, com sua versão mais contagiange do novo coronavírus, mudou o tom. Menos da metade da população americana está totalmente imunizada, o que favorece o aumento recente de casos.

Para analistas, essa situação de insegurança em relação à volta da normalidade nas atividades pode prejudicar a recuperação da economia no país.