Tom Brady, o quarterback do Tampa Bay Buccaneers e ex-marido da übermodel Gisele Bündchen, e Steph Curry, astro de basquete do Golden State Warriors, estão entre as celebridades que investigadas pelo órgão regulador do Texas por possíveis violações da lei local para investimentos em ativos mobiliários.
Eles são investigados por terem promovido investimentos na corretora de criptomoedas FTX, que foi ao colapso este mês.
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Documentos apresentados na corte de falência de Delaware pela FTX mostram que o grupo tem uma quantia de US$ 1,24 bilhões em ativos e dinheiro em caixa. Apesar de ser maior do que o estimado antes, a quantia é bem inferior às dívidas de US$ 8 bilhões que o grupo apresentou quando entrou com seu pedido de recuperação judicial, no início deste mês.
Os executivos da empresa terão o primeiro dia de audiência na corte de falências nesta terça-feira, e os depoimentos podem trazer volatilidade ao mercado de critpo.
Nesta manhã, as cotações do bitcoin chegaram a ser negociadas abaixo de US$ 16 mil, menor patamar desde novembro de 2020. Na segunda-feira, a corretora de criptoativos Genesis alertou sobre o risco de falência em meio a um contágio nos mercados por causa da crise na FTX.
Estão sendo examinados os pagamentos recebidos pelas celebridades para endossar a FTX US, assim como que tipo de divulgação foi feita e o quanto as informações propagadas eram transparentes e claras para serem compreendidas por pequenos investidores, disse Joe Rotunda, diretor de execução do Texas State Securities Board, em entrevista à Bloomberg News:
- Estamos observando-os de perto.
Embora os endossos das celebridades não sejam a prioridade mais imediata, eles são um dos focos na investigação mais ampla do regulador sobre o colapso da FTX, acrescentou Rotunda.
Para as celebridades, o FTX pode ser a lição mais eloquente até agora sobre os riscos para suas reputações, além dos legais e regulatórios, ao promoverem as criptomoedas.
Mesmo antes do colapso da FTX, órgãos reguladores dos Estados Unidos, como a SEC (a CVM americana, responsável por fiscalizar o mercado de capitais), já estavam apertando o cerco às relações entre celebridades e plataformas de investimentos que não divulgavam com transparência as informações devidas aos investidores.
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A investigação do Texas serve como um lembrete de que as leis estaduais também podem ser aplicadas. Embora o escrutínio das autoridades financeiras estaduais seja geralmente menos importante do que uma investigação da SEC, ele pode levar a multas significativas.
Em um acordo acertado em fevereiro, a BlockFi concordou em pagar multa de US$ 50 milhões à SEC e outros US$ 50 milhões a vários estados por ter oferecido, de forma supostamente ilegal, um produto que prometia aos clientes altas taxas de juros para emprestarem seus tokens digitais.
Na semana passada, estrelas como Curry, Brady e a modelo Gisele Bündchen foram nomeadas como réus em uma ação coletiva proposta por um investidor lesado na Flórida. A ação alega que a FTX visava “investidores não sofisticados” usando celebridades para endossar as operações.
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- Se uma celebridade disser: 'Pesquisei esse investimento e é ótimo e você deveria investir seu dinheiro nele', e se ela não conhece o produto, isso pode ser visto como uma deturpação - disse John Olson, advogado de valores mobiliários aposentado e ex-professor de direito da Universidade de Georgetown.
Representantes de Gisele, Brady, e Curry não responderam imediatamente aos pedidos de entrevista da Bloomberg. A FTX também não se manifestou.
A crise foi chamada de "momento Lehman" da indústria de ativos digitais, em uma referência ao colapso do banco Lehman Brothers, em 2008, que desencadeou uma crise financeira global. Reguladores dos EUA investigam a FTX, a plataforma americana FTX US e a trading Alameda Research, também de propriedade de Sam Bankman-Fried, fundador da FTX.
Kim Kardashian
A SEC tomou medidas contra celebridades em outros casos envolvendo ativos criptográficos. Em outubro, Kim Kardashian concordou em pagar multa de US$ 1,26 milhão para por fim às acusações de que ela violou as regras de valores mobiliários dos EUA ao promover um token criptográfico em seu Instagram, sem revelar a seus seguidores que recebeu US$ 250 mil pela propaganda.
Kardashian não admitiu nem negou as alegações da SEC como parte do acordo, no qual ela concordou em não divulgar nenhum ativo digital por três anos. A investigação da SEC ainda continua em andamento.