Finanças
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Por Letycia Cardoso — Rio

As incertezas políticas diante de uma eleição presidencial polarizada no cenário doméstico afetaram tanto o câmbio quanto o descontrole inflacionário mundo afora, que desencadeou no aperto monetário em diversas economias, incluindo os Estados Unidos. Apesar das oscilações ao longo de 2022, os brasileiros vão terminar o ano assim como começaram: com o dólar acima de R$ 5.

Tendo atingido o pico ante o real de R$ 5,7161 em janeiro, a moeda americana ensaiou dar um refresco em abril, quando bateu a mínima de R$ 4,6076. A proximidade da decisão eleitoral acirrou os ânimos no mercado financeiro e provocou novas altas. Um breve alívio foi sentido na semana seguinte à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.

No entanto, as negociações da PEC da Transição, com o objetivo de liberar recursos fora do teto de gastos para o pagamento de R$ 600 do Bolsa Família e R$ 150 por criança, e declarações polêmicas sobre a priorizar o social em detrimento da Bolsa afastaram investidores da renda variável brasileira, acelerando, mais uma vez, o preço do dólar.

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— Passamos o ano inteiro com brigas políticas entre os três poderes do país. E, mais recentemente, as falas do novo governo, a criação de ministérios e as nomeações para os cargos não foram bem aceitas. Esperávamos Henrique Meirelles na Fazenda e veio Fernando Haddad —analisa o economista Paulo Paiva.

Ele acrescenta que o forte aperto monetário nos Estados Unidos sugou bastante capital estrangeiro, provocando a queda da Bolsa no Brasil e a alta do dólar. Em sua avaliação, se o Federal Reserve (BC dos EUA) continuar a aumentar a elevar a taxa de juros, a moeda americana pode continuar a trajetória de alta ante o real.

No saldo final, a divisa, que terminou a última sessão do ano cotada a R$ 5,2780, teve desvalorização de 5,32% ante o real. Ainda assim, teve um claro efeito negativo no dia a dia de muitas pessoas, embora o país ganhe mais com exportações.

Como os preços de muitos alimentos são condicionados pelo dólar, os consumidores sentiram no bolso a alta no mercado. A inflação também afetou as viagens, fazendo muitos turistas trocarem os destinos internacionais pelos nacionais ou, até mesmo, adiarem as férias.

Além disso, o impacto do câmbio no preço dos combustíveis, reajustados por paridade internacional, prejudicou não só quem se locomove de carro, mas também quem usa os transportes públicos, que sofreram aumentos.

O preço do diesel também encareceu todo tipo de mercadoria cujo frete é feito pelas rodovias do país, levando o governo de Bolsonaro a implementar o corte do ICMS para tentar amenizar o avanço.

Felipe Steiman, gerente comercial da B&T Câmbio, diz que o rumo do dólar em 2023 ainda é duvidoso, dependendo da responsabilidade fiscal do novo governo e do cenário externo de inflação. Já o economista chefe do C6 Bank, Felipe Salles, prevê uma desvalorização ainda maior do real no próximo ano.

— A dívida pública doméstica deve subir, o que pode elevar o risco fiscal e, portanto, aumentar a procura pela moeda americana; a desaceleração global em curso pode levar a uma queda nos preços das commodities, o que afeta negativamente os termos de troca do país. Além disso, se o Banco Central cortar a taxa básica de juros, os títulos brasileiros terão sua atratividade reduzida — sugere.

Um pouco mais otimista, o estrategista da Senso Corretora, João Frota, projeta o dólar a R$ 5,30 no final de 2023, considerando a taxa de juros no patamar de 12%.

— Nossa aposta é de uma Selic ainda alta, o que tende a segurar o capital estrangeiro especulativo no país para aproveitar o diferencial de juros. Com a inflação estimada em 5,30%, existiria um ganho real interessante para evitar a evasão do dólar.

Frota ainda aposta que o cenário internacional será o principal motivo para as oscilações da moeda americana no próximo ano, com Jerome Powell, presidente do Fed, promovendo novas altas de juros. No cenário doméstico, acredita que a aliança do PT com o Centrão, com o apoio ao deputado Arthur Lira para a presidência da Câmara, ajude a acalmar o mercado.

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