Finanças
PUBLICIDADE

Por Vitor da Costa e Leticia Messias — Rio

Diante do tombo de mais de 77% das ações da Americanas na quinta-feira, com o anúncio de inconsistências contábeis na casa dos R$ 20 bilhões em seu balanço, os investidores que carregam esses papéis ou títulos de dívida da empresa em suas carteiras se questionam sobre o que fazer com os ativos.

Da mesma forma, aqueles que olham a ação com preço descontado, podem estar se perguntando se não seria um bom momento para entrada no papel. Hoje, por exemplo, as ações da companhia subiram 15,81%, negociadas a R$ 3,15.

Para analistas, no entanto, o momento é de cautela para ambos os casos. Isso porque ainda não se tem todas as informações sobre o que de fato aconteceu com a empresa e qual será o impacto das inconsistências para a sua alavancagem e negociação de dívidas com os credores.

Diversos bancos e corretoras colocaram suas recomendações sobre a empresa em revisão, justamente na espera de maiores informações para avaliar os efeitos. Mas é claro que deve se levar em conta o perfil de cada investidor, seus objetivos e os riscos que se está disposto a correr.

Cautela é a melhor aliada

Entre os investidores que trincaram os dentes na quinta-feira, estava o cirurgião-dentista Thiago Andrade, de 35 anos. Ele investe nas Lojas Americanas desde 2022.

De início, Andrade aplicou R$ 15,8 mil, considerando o que avaliou como um bom "histórico da empresa" e também porque, segundo ele, naquele momento as ações estavam "bastante descontadas". Quando soube do rombo de R$ 20 bilhões anunciado nesta quinta-feira, porém, a reação não poderia ter sido diferente:

— Pensei que eu perderia tudo — declarou ele, que, até o momento, já teve o prejuízo de R$ 13 mil. Apesar disso, completou: — No momento não vou alterar nada (nos investimentos).

Dessa forma, mesmo que o investidor esteja com calafrios ao ver o painel de ações da Americanas, o mais recomendado é esperar, assim como fez Andrade.

— Para quem já estava posicionado, o momento é de cautela e de não se desfazer da posição. Para quem não está em Americanas, não deve ser uma oportunidade, dado que há incerteza à frente. Ninguém ficou rico comprando esses eventos — disse o sócio e head de análise da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino.

Na mesma linha, o sócio-fundador da Nord Research, Bruce Barbosa, destaca que ainda é difícil fazer as contas dos impactos, pois só se sabe o topo do iceberg do problema que a Americanas irá enfrentar.

Segundo Barbosa, é esperado que a empresa tenha um aumento de dívida e passe a operar com margens ainda mais apertadas.

— Vai ser um período bem difícil para a Americanas, então é menor cautela. Quem tem, não vale a pena vender.

Para Cozzolino, aqueles que possuem debêntures da companhia devem ficar mais preocupados, já que estão comprando uma parte da dívida da empresa, que passa por uma crise em sua credibilidade.

— Para quem tem debêntures, deve ficar mais atento e olhar as cláusulas de garantia. As variações das taxas devem acontecer.

Papéis já vinham sofrendo

Em geral, os analistas não decretam o fim da Americanas. Segundo fontes disseram à agência Bloomberg, apesar do rombo, instituições financeiras não planejam acelerar o vencimento da dívida como poderiam, desde que a empresa receba um aumento de capital imediato.

— Esse tipo de dívida se resolve sentando numa mesa para acordar prazos, garantias e termos de aumento de capital, emissão de novas dívidas, de remuneração a taxas maiores das dívidas existentes — afirmou Cozzolino.

Vale lembrar que as ações da Americanas, assim como outras empresas do setor de varejo, já vinham sendo pressionadas ao longo dos últimos dois anos devido ao cenário macroeconômico de juros altos e inflação elevada, sem falar na competitividade com outros players estrangeiros.

Após cair 77,33% na quinta-feira, os ativos fecharam a R$ 2,72. A empresa já teve seus papéis valendo R$ 123,25 em agosto de 2020. Na época, as varejistas expostas ao e-commerce surfavam na maior procura por compras online e em um momento de liquidez elevada e juros mais baixos no mercado.

Mas desde esse período, a Americanas passou por algumas reorganizações societárias. Desde o dia 24 de janeiro de 2022 quando os papéis Americanas ON (AMER3) passaram a ser negociados isoladamente, eles atingiram a máxima de R$ 35,86 no dia 15 de fevereiro de 2022.

— É um setor que, no atual momento de mercado, é muito afetado pela taxa de juros no país. Não é atrativo para investir em empresas varejistas no momento — destaca o CEO da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez.

Para os analistas, a tendência é que o mercado em geral olhe com maior atenção para os balanços de varejistas, ainda que não se possa dizer que as falhas encontradas na Americanas venham a ocorrer com outras empresas do setor.

Na dúvida, diversifique

Episódios como o da Americanas reforçam a velha máxima de diversificação na carteira, tanto em classes de ativos, como em setores e empresas, justamente a fim de evitar rombos como o visto nos papéis da varejista.

— Quem estava posicionado em Americanas e no varejo há algum tempo já estava em uma exposição de risco condizente. Por isso, é importante a diversificação de setores e empresas para mitigar na carteira total de investimentos, eventos como esse.

Barbosa, da Nord, afirma que na dúvida e sem as condições de fazer todas as análises necessárias no momento de aportar os recursos, como é o caso de muitos investidores pessoas físicas, a diversificação é necessária.

— Se você não sabe o que está fazendo, melhor diversificar. Para quem faz um trabalho mais intenso de análise, a concentração é interessante, mas traz mais risco.

Webstories
Mais recente Próxima Ação da Americanas sobe 15,81%, após tombo da véspera
Mais do Globo

Casal teria retomado acordo milionário com serviço de streaming pra realizar novo documentário sobre realeza britânica

'Em pânico': família real teme novo projeto de príncipe Harry e Meghan Markle, diz site; entenda

Idade avançada continua sendo motivo de preocupação para seus colegas exilados, que temem que Pequim nomeie um sucessor rival para reforçar seu controle sobre o Tibete

Dalai Lama diz que está em bom estado de saúde após cirurgia nos Estados Unidos

Mikel Merino deu a volta na bandeira de escanteio para homenagear o genitor após selar a vitória espanhola na prorrogação

Pai de 'herói' da Espanha na Eurocopa marcou gol decisivo contra alemães no mesmo estádio há 32 anos; compare

Com os criminosos foram apreendidos drogas, dinheiro, máquina de cartão de crédito e diversos celulares roubados

Polícia Civil prende em flagrante três homens por tráfico e desarticula ponto de venda de drogas no Centro

Sem citar caso das joias, ex-presidente citou ‘questões que atrapalham’ e criticou a imprensa

Após indiciamento por joias, Bolsonaro é aplaudido em evento conservador ao dizer estar pronto para ser sabatinado sobre qualquer assunto

Embora Masoud Pezeshkian tenha sido eleito com a defesa do diálogo com nações ocidentais, decisões sobre política externa ou nuclear permanecem sob aiatolá Ali Khamenei

Vitória de candidato moderado no Irã pode aliviar, mas tensões nucleares não vão acabar, dizem analistas

Notícia foi dada pelo neto, Fidel Antonio Castro Smirnov

Morre Mirta Díaz-Balart, primeira mulher de Fidel Castro e mãe de um de seus filhos

Mãe da filha caçula do compositor, Claudia Faissol afirma ter sido companheira dele entre 2006 e 2017

Herança de João Gilberto: jornalista pede à Justiça reconhecimento de união estável com o gênio da Bossa Nova