Finanças
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Por O Globo, Com Agências Internacionais

Os receios em relação ao setor bancário voltaram a derrubar os mercados acionários nesta quarta-feira. Após o colapso dos bancos Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank nos Estados Unidos, a bola da vez é o Credit Suisse, que viu suas ações terem a maior queda já registrada em um único dia, contaminando outros papéis do setor e pressionando as bolsas na Europa, nos EUA e no Brasil.

  • As ações do banco suíço caíram 24,24%, cotadas a 1,70 franco suiço, na Bolsa de Zurique. Durante o dia, chegaram a cair 31% e negociação chegou a ser suspensa.
  • A derrocada dos papéis reflete as preocupações sobre as dificuldades do banco, em meio à fraqueza dos resultados financeiros, que mostraram falhas em controles internos.
  • A situação foi agravada após a quebra do SBV e a decisão do maior acionista do Credit de que não fará aporte no banco para elevar sua fatia
  • No Brasil, o Ibovespa chegou a cair mais de 2%, pressionado por papéis de bancos, Vale e Petrobras. E o dólar superou os R$ 5,30.

A queda nos papéis do Credit não se limitou à Europa. Os ativos negociados em Nova York caíram 13,94%, a US$ 2,10.

O presidente do Conselho de Administração do banco, Axel Lehmann, disse em uma conferência na Arábia Saudita nesta semana que o capital e o balanço do banco são fortes e que "estamos todos prontos para resolver os problemas". Segundo Lehmann, a perspectiva de qualquer assistência do governo "não é um tópico".

O banco está há apenas alguns meses em um complexo plano de recuperação que resultará na separação da unidade de banco de investimento para se concentrar em seu principal negócio de gestão de patrimônio.

CEO do Credit diz que banco é 'sólido'

O movimento de baixa nesta quarta-feira ocorreu após o presidente do maior acionista do Credit Suisse, o Saudi National Bank, afirmar em entrevista à Bloomberg TV que não estava considerando aumentar seu investimento no banco, citando restrições regulatórias.

O Saudi National Bank detém 9,9% do Credit Suisse, adquiridos no final do ano passado por 1,4 bilhão de francos suiços.

O CEO do Credit, Ulrich Koerner disse na terça-feira que a posição financeira do banco é sólida, incluindo o chamado índice de cobertura de liquidez, que pode ser utilizado para cumprir suas obrigações, de cerca de 150%.

Ele afirmou que a empresa viu entradas de recursos na segunda-feira em meio à turbulência do mercado e está adiantada em seu plano de recuperação.

— Ninguém está satisfeito com a evolução do preço das ações, mas administramos o que podemos e esta é a execução do nosso plano —disse Koerner em entrevista à Bloomberg Television.

Termômetro do risco

Apesar da mensagem de Koerner, o mercado não parece tão confiante assim. O pessimismo é refletido na alta do Credit Default Swap (CDS), usado ​​como termômetro de risco do mercado de crédito no setor financeiro.

CDS de um ano do banco, o custo de garantir seus títulos contra a inadimplência no curto prazo, subiu mais que 14 vezes a média dos últimos 20 anos — Foto: Stefan Wermuth/Bloomberg
CDS de um ano do banco, o custo de garantir seus títulos contra a inadimplência no curto prazo, subiu mais que 14 vezes a média dos últimos 20 anos — Foto: Stefan Wermuth/Bloomberg

Segundo a agência Bloomberg, o CDS de um ano do banco - o custo de garantir seus títulos contra a inadimplência no curto prazo - subiu mais de 800 pontos-base. O salto, não visto desde pelo menos 2003, é mais de 14 vezes a média de 20 anos, superando os níveis do swap durante a Grande Crise Financeira.

Bolsas europeias e dos EUA têm queda

Os obstáculos enfrentados pelo Credit reacenderam uma liquidação mais ampla nas ações dos bancos europeus, que já estavam se recuperando esta semana das consequências após o colapso do SVB.

As ações do BNP Paribas caíram 10,11% e as do Société Générale, 12,18%. O Deutsche Bank cedeu 5,24% e o Barclays, 9,09%.

Com isso, a Bolsa de Londres caiu 3,83% e a de Frankfurt, 3,27%. Em Paris, ocorreu queda de 3,58%. Nos EUA, o índice Dow Jones caiu 0,87% e o S&P, 0,70%. A exceção foi a Bolsa Nasdaq, que subiu 0,05%.

O impacto também foi sentido em outros ativos, como o dólar. O índice DXY, que mede o comportamento da moeda americana contra divisas fortes, subia 1,09%, aos 104,72 pontos, por volta de 17h30, em Brasília.

O petróleo apresentou forte recuo, com os receios sobre o impacto de uma desaceleração da atividade econômica na demanda pela commodity.

O preço para o contrato para maio do petróleo tipo Brent caiu 4,85%, negociado a US$ 73,69, o barril. Já o preço do contrato para abril do tipo WTI cedeu 5,22%, cotado a US$ 67,61.

O WTI atingingiu o menor preço de fechamento desde 3 de dezembro de 2021 e o Brent fechou no menor nível em 15 meses.

Crise não é de hoje

A baixa no dia é mais um capítulo da tuubulência recente do Credit. A instituição financeira enfrenta nos últimos anos uma série de escândalos, além de mudanças de liderança e questões legais.

Nos últimos dias, o banco afirmou ter encontrado “fraqueza material” em seus balanços e descartou o pagamento de bônus a executivos após o pior desempenho anual da instituição desde a crise financeira global.

Fraqueza material é um jargão do setor contábil que indica que algum dos controles internos da companhia não foi eficaz.

O Credit Suisse foi forçado a adiar na semana passada a divulgação do relatório anual após a Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que regula o mercado de capitais nos EUA) apresentar questionamentos de última hora sobre a evolução do fluxo de caixa de 2019 e 2020, discussões que o banco disse terem sido concluídas.

O banco registrou perda de 7,3 bilhões de francos suíços no ano passado e eliminou os lucros da década anterior. Foi o maior prejuízo desde a crise financeira de 2008, quando a instituição sofreu perdas de mais de 8 bilhões de francos suíços.

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