Em mais um sinal da escalada da crise em bancos médios e regionais dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) informou que as instituições bancárias americanas usaram um total de US$ 164,8 bilhões em linhas especiais de crédito em uma semana, ou nos sete dias até 15 de março.
São empréstimos concedidos pelo Fed em situações pouco comuns, usados normalmente por bancos quando estes enfrentam problemas de liquidez (ou seja, mais resgates do que depósitos).
- Os bancos usaram US$ 152,85 bilhões de uma linha conhecida como “discount window” (ou “janela para redesconto”, numa tradução livre), disponível para quem precisa de recursos imediatos em momentos pontuais de escassez de liquidez.
- No auge da crise financeira de 2008, o montante semanal de “discount window” chegou a US$ 111 bilhões.
- No balanço semanal anterior, encerrado em 8 de março, o valor usado nesta modalidade foi de US$ 4,58 bilhões.
- Além disso, os bancos usaram US$ 11,9 bilhões de uma outra linha emergencial de crédito criada pelo Fed no último domingo, após o colapso do SVB.
Apesar do montante expressivo de linhas emergenciais usadas pelos bancos americanos, os números não surpreenderam os analistas, diante da crise nas instituições regionais dos EUA.
- Está dentro do que esperávamos - resumiu Michael Gapen, do Bank of America Securities em Nova York.
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Após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, na quinta-feira à noite foi a vez do First Republic Bank ser socorrido. Grandes bancos dos EUA concordaram em injetar cerca de US$ 30 bilhões no banco numa ação coordenada pelo governo para estabilizar mais uma instituição em crise.
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Antes disso, no domingo o Tesouro americano acionou mecanismos só usados em momentos de crise para garantir os depósitos de clientes do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.
Normalmente, apenas depósitos de valores até US$ 250 mil têm a garantia do Tesouro. Mas o governo decidiu elevar esta proteção para contas de qualquer valor numa tentativa de estancar a crise.