Bancos como o Credit Suisse e o americano SVB indo ao colapso, turbulências no mercado e uma incerteza cada vez maior nas economias diante de uma inflação persistente, com autoridades monetárias do mundo inteiro sendo colocadas na berlinda. Há chances cada vez maiores de um “momento Minsky”, afirmaram os estrategistas do JPMorgan Chase em relatório enviado a clientes esta semana.
Mas, o que seria um “momento Minsky”, que traz arrepio a gestores de carteiras do mundo inteiro.
O termo, cunhado a partir do nome do economista americano pós-keynesiano Hyman Minsky, que viveu entre 1919 e 1996, descreve o fim de uma era de boom econômico durante a qual investidores foram incentivados a tomar muito risco, emprestando uma quantia maior de dinheiro do que os tomadores desse crédito são capazes de pagar.
Quando há um “momento Minsky”, ou seja, no fim deste período de otimismo excessivo, qualquer evento desestabilizador pode levar os investidores a se desfazerem rapidamente de suas aplicações para garantir seu dinheiro de volta, provocando um colapso do mercado.
Nas últimas semanas, vários bancos regionais como o SVB entraram em crise, o centenário Credit Suisse foi comprado pelo UBS numa operação de resgate coordenado pelo governo suíço, o Banco Central Europeu elevou sua taxa básica de juros em meio ponto percentual, numa sucessão frenética de eventos críticos para investimentos.
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Na próxima quarta-feira, é a vez do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) decidir sobre a taxa básica de juros do país e terá que se equilibrar entre frear uma alta para não agravar a crise bancária ou seguir no aperto monetário para conter a inflação.
“Ainda que os bancos centrais tenham êxito em conter o contágio, as condições de crédito estão se deteriorando rapidamente por causa de pressões do mercado e dos reguladores”, destaca o relatório do JPMorgan, assinado por uma equipe de estrategistas liderada pelo economista Marko Kolanovic.
A previsão do JPMorgan é que o Fed faça uma alta de só 0,25 ponto percentual nos juros, que atualmente estão no patamar entre 4,5% e 4,75% ao ano.
O JPMorgan recomenda a seus clientes adotarem um portfólio de “investimentos defensivos”, para um cenário adverso. O banco era um dos mais otimistas em relação à Bolsa americana no ano passado, mas, este ano, reduziu suas expectativas e prevê uma alta de só 6,3% no índice Standard&Poor’s este ano.