Finanças
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Por O GLOBO, com agências internacionais

Aa ações do Credit Suisse disparara 40% no mercado europeu na manhã desta quinta-feira, depois de o banco central da Suíça sinalizar que estava disposto a dar um socorro de 50 bilhões de francos suíços (US$ 53,75 bilhões) e o centenário banco suíço confirmar de madrugada que tomará o crédito.

Não é a primeira crise do Credit. Nos últimos anos, uma série de escândalos de corrupção envolvendo políticos, espionagem e lavagem de dinheiro, além de fortes perdas e debandada de clientes, minou a reputação da centenária instituição financeira suíça, fundada em 1856 e que abrigou algumas das maiores fortunas do mundo.

Veja abaixo a cronologia dos escândalos:

1992

O ditador filipino, Ferdinand Marcos, e sua mulher, Imelda — Foto: ROMEO GACAD / AFP
O ditador filipino, Ferdinand Marcos, e sua mulher, Imelda — Foto: ROMEO GACAD / AFP

O Credit Suisse teria ajudado a armazenar parte dos bilhões de dólares (entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões) que o ditador Ferdinand Marcos e sua esposa, Imelda, roubaram das Filipinas durante seus três mandatos como presidente. Tempos depois, foi descoberto que o banco suíço abriu contas para o casal com os nomes falsos de "William Saunders" e "Jane Ryan".

Três anos depois, um tribunal de Zurique ordenou que bancos devolvessem US$ 500 milhões em fundos roubados às Filipinas. Um desses bancos era o Credit Suisse.

1999

O Credit Suisse foi multado e teve sua licença revogada pelas autoridades japonesas devido a uma “festa”, na qual banqueiros destruíram provas relacionadas a uma investigação sobre se o banco suíço estava ajudando as empresas a ocultar suas perdas.

2000

O ditador militar nigeriado, general Sani Abacha — Foto: AFP
O ditador militar nigeriado, general Sani Abacha — Foto: AFP

O banco foi repreendido pela Comissão Bancária Federal da Suíça por aceitar cerca de US$ 214 milhões em fundos ligados ao ditador militar nigeriano Sani Abacha na década de 1990. O Credit Suisse disse que melhorou seus procedimentos de monitoramento e que a equipe que lidava com o regime de Abacha deixou o banco.

2004

Um banqueiro do Credit Suisse foi acusado de lavagem de dinheiro e foi preso. Ele supostamente teria ajudado a lavar bilhões de ienes ligados à máfia japonesa, a Yakuza. Mais tarde, após afirmar que não tinha conhecimento da origem dos fundos, foi absolvido.

2009

Credit Suisse é multado por contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos a países como Irã  — Foto: Pixabay
Credit Suisse é multado por contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos a países como Irã — Foto: Pixabay

O banco suíço recebeu uma multa de US$ 536 milhões por contornar as sanções impostas pelos Estados Unidos a países como Irã e Sudão entre 1995 e 2007.

2011

O Credit Suisse concordou em pagar € 150 milhões para resolver uma investigação sobre sonegação de impostos praticada por cerca de 1.100 de seus clientes alemães, alegando que, assim, foi possível evitar uma disputa judicial complexa e prolongada.

2012

Quatro ex-banqueiros do Credit foram acusados por autoridades americanas de superfaturar o preço de US$ 3 bilhões em títulos de hipotecas subprime durante a crise de crédito de 2008. O ex-chefe global da estrutura de trading de crédito do banco Kareem Serageldin foi o único a ser preso.

2014

 O ex-banqueiro do UBS, Bradley Birkenfeld, passou informações às autoridades americanas  — Foto: Bradley C. Bower/Bloomberg News
O ex-banqueiro do UBS, Bradley Birkenfeld, passou informações às autoridades americanas — Foto: Bradley C. Bower/Bloomberg News

O Credit Suisse foi multado em US$ 2,6 bilhões e se declarou culpado de ajudar americanos a sonegar impostos por décadas em um dos escândalos mais explosivos do banco até hoje. O Senado deu início a uma investigação após o ex-banqueiro do UBS, Bradley Birkenfeld, ter passado informações às autoridades americanas em 2007.

Foram descobertas táticas agressivas usadas por bancos suíços, com o Credit Suisse recrutando clientes em eventos de alto nível, cortejando um cliente em potencial com ouro grátis e entregando extratos bancários confidenciais escondidos nas páginas de uma revista.

2016

O Credit Suisse fechou um acordo de € 109,5 milhões com as autoridades italianas após acusações de ter ajudado clientes a esconder fundos e sonegar impostos por meio de apólices de seguro, que teriam sido supostamente roteadas por meio de suas subsidiárias em Liechtenstein e Bermudas.

2017

O regulador financeiro de Cingapura multou o Credit Suisse em US$ 700 mil por violar as regras de lavagem de dinheiro — Foto: Pixabay
O regulador financeiro de Cingapura multou o Credit Suisse em US$ 700 mil por violar as regras de lavagem de dinheiro — Foto: Pixabay

Mais uma multa. Desta vez, o Credit foi multado em US$ 700 mil pelo órgão regulador financeiro de Cingapura por violar as regras de lavagem de dinheiro em transações ligadas ao 1MDB, o fundo de investimento da Malásia no centro de um escândalo de corrupção de US$ 4,5 bilhões.

Em mais um escândalo , as autoridades invadiram residências e escritórios na Holanda e na França e iniciaram investigações sobre funcionários do Credit Suisse no Reino Unido, Alemanha e Austrália, por suspeita de evasão fiscal envolvendo 55 mil contas. Em anúncios publicados em jornais britânicos, o banco disse que aplicava uma política de tolerância zero à evasão fiscal.

2018

Logo da petroleira venezuelana PDVSA — Foto: AFP
Logo da petroleira venezuelana PDVSA — Foto: AFP

O regulador suíço ordenou que o Credit Suisse melhorase seus controles antilavagem de dinheiro depois de identificar irregularidades em suas negociações com a Fifa, Petrobras e a estatal venezuelana PDVSA.

Patrice Lescaudron, ex-funcionário do Credit Suisse, foi condenado a cinco anos de prisão depois de admitir falsificar assinaturas de clientes para desviar dinheiro e fazer apostas em ações sem seu conhecimento, causando mais de US$ 150 milhões em perdas.

Entre seus clientes estava o ex-primeiro-ministro da Geórgia Bidzina Ivanishvili, que ainda tenta recuperar seus fundos. Lescaudron se suicidou em 2020.

Em mais um caso de corrupção, o Credit Suisse aceitou pagar US$ 47 milhões às autoridades dos EUA por causa de um esquema no qual tentou fechar negócios oferecendo empregos a familiares e amigos de autoridades chinesas entre 2007 e 2013.

2019

Corrupção de espionagem culminou na saída do ex-CEO do Credirt Suisse Tidjane Thiam em 2019 — Foto: Bloomberg
Corrupção de espionagem culminou na saída do ex-CEO do Credirt Suisse Tidjane Thiam em 2019 — Foto: Bloomberg

O banco esteve envolvido em um escândalo de espionagem corporativa e acabou admitindo a contratação de detetives particulares para rastrear dois executivos que estavam de saída.

O caso desencadeou uma investigação por parte dos órgãos regulatórios e culminou na saída de seu presidente-executivo, Tidjane Thiam, em 2020. Ficou evidenciado que um grupo de executivos ordenou o trabalho de espionagem em mais cinco casos entre 2016 e 2019.

2021

O banco viu seu braço de gestão de ativos balançar com a falência da companhia financeira britânica Greensill em 2021, na qual havia comprometido cerca de US$ 10 bilhões através de quatro fundos.

Quando uma seguradora se negou a renovar os contratos da Greensill - uma firma britânica que utilizava acordos financeiros complexos para emprestar dinheiro a empresas para que pagassem suas despesas -, o Credit Suisse, que já não podia calcular o valor dos fundos, começou a liquidá-los.

Consequentemente, a Greensill quebrou e abalou as empresas que dependiam dela para ter liquidez, uma falência que também afetou seus credores, entre eles o gigante japonês SoftBank.

Quatro semanas mais tarde, o fundo americano Archegos já não podia injetar dinheiro para cobrir seus investimentos em derivados, o que desencadeou uma venda maciça em Wall Street. Vários bancos grandes foram afetados, sendo o Credit Suisse o mais prejudicado, em cerca de US$ 5 bilhões. O banco ainda está tentando recuperar o dinheiro para os clientes.

Outubro de 2021

Em outubro de 2021, o Credit Suisse se envolveu em um caso de corrupção em Moçambique — Foto: Pixabay
Em outubro de 2021, o Credit Suisse se envolveu em um caso de corrupção em Moçambique — Foto: Pixabay

Em outubro de 2021, o banco viu-se imerso em um caso de corrupção em Moçambique, relacionado com empréstimos a empresas estatais. As autoridades de Estados Unidos e Reino Unido impuseram multas ao banco no valor de US$ 475 milhões.

O Credit Suisse estava envolvido em propinas no valor de US$ 50 milhões que um empreiteiro do governo entregou a seus banqueiros em troca de melhores condições em quase US$ 1,3 bilhão em empréstimos concedidos à República Popular de Moçambique entre 2012 e 2016.

Os empréstimos serviriam para financiar projetos de vigilância marítima, pesca e estaleiros, mas foram parcialmente desviados para pagamento de propina.

Janeiro de 2022

Antonio Horta-Osorio, ex-CEO do Lloyds Banking, foi contratado para melhorar a cultura de risco do Credit Suisse e renunciou por não respeitar quarentena — Foto: Simon Dawson / Bloomberg
Antonio Horta-Osorio, ex-CEO do Lloyds Banking, foi contratado para melhorar a cultura de risco do Credit Suisse e renunciou por não respeitar quarentena — Foto: Simon Dawson / Bloomberg

Em dezembro de 2021, o tabloide suíço Blick revelou que o então presidente do banco, Antonio Horta-Osorio, tinha infringido as normas de quarentena relacionadas com a pandemia de Covid-19.

Além disso, a imprensa fez outras revelações, como o descumprimento das restrições sanitárias para assistir a uma partida de tênis em Wimbledon, em Londres. Em 17 de janeiro de 2022, Horta-Osório renunciou ao cargo.

“Lamento que várias de minhas ações pessoais tenham levado a dificuldades para o banco e comprometido minha capacidade de representar o banco interna e externamente”, disse Horta-Osório.

O Credit Suisse imediatamente nomeou o membro do conselho Axel Lehmann como seu presidente. Lehmann esteve no comando por apenas cinco semanas antes da publicação, em fevereiro do ano passado, de uma investigação intitulada "Suisse secrets" ("Segredos suíços", em inglês), por parte do Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), um consórcio de 47 meios de comunicação, entre eles o francês Le Monde e o americano New York Times.

A investigação, baseada em dados de contas dos anos 1940 até o fim da década de 2000, revela que o banco recebeu recursos de clientes envolvidos em casos criminais e de corrupção.do vazamento dos segredos Suisse.

Junho de 2022

Em junho de 2022, o banco foi condenado na Suíça por não ter verificado adequadamente os clientes e investigado a origem dos fundos ligados a uma rede de tráfico de cocaína entre 2004 e 2008, que supostamente lavou pelo menos US$ 146 milhões por meio de contas do banco.

O julgamento criminal, iniciado em fevereiro de 2022, é o primeiro contra um banco suíço na história do país.

Fevereiro de 2023

As finanças do Credit Suisse foram afetadas com a falência da companhia britânica Greensill, na qual havia comprometido cerca de 10 bilhões de dólares através de quatro fundos  — Foto: AFP
As finanças do Credit Suisse foram afetadas com a falência da companhia britânica Greensill, na qual havia comprometido cerca de 10 bilhões de dólares através de quatro fundos — Foto: AFP

No fim de fevereiro deste ano, dois anos depois do escândalo da quebra da Greensill, a Autoridade Suíça dos Mercados Financeiros (Finma) acusou o Credit Suisse de ter "descumprido gravemente suas obrigações prudenciais" em matéria de gestão de riscos.

Março de 2023

Na semana passada, o banco adiou a publicação de seu relatório anual após pedido da SEC, a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, que levantou dúvidas sobre suas contas para os exercícios 2019 e 2020.

Na terça-feira, o Credit Suisse reconheceu "fragilidades materiais" em seus controles internos ao publicar o relatório anual, o que derrubou as ações do banco.

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