O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse hoje a investidores em Washington que viu com bons olhos a inflação abaixo do esperado divulgada pelo IBGE nesta semana, mas que a autoridade monetária quer ver uma tendência de queda antes de alterar o curso da política monetária.
A informação foi publicada pela agência Bloomberg na tarde de hoje, de acordo com três pessoas familiarizadas com as conversas.
A inflação anual medida pelo IPCA atingiu 4,65% em março, abaixo das estimativas do mercado e dentro do intervalo da meta para 2023 de 3,25%, com tolerância de mais ou menos 1,5 ponto percentual.
Apesar da desaceleração do IPCA, o BC está esperando que as expectativas de inflação de longo prazo caiam antes de começar a aliviar as taxas de juros, disse Campos Neto em evento realizado na quarta-feira pela XP Investimentos, de acordo com os presentes, que pediram anonimato para discutir sua apresentação.
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A fala ocorreu durante evento em meio à reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, motivo da viagem de Campos Neto aos EUA. Procurado pela Bloomberg, o Banco Central não quis comentar.
O Banco Central manteve a Selic em 13,75% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em março, o maior nível em seis anos, desagradando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que argumenta que os juros elevados prejudicam o investimento e a população pobre do país.
A equipe econômica apresentará o texto da nova regra fiscal ao Congresso nos próximos dias, um plano que o governo espera que acalme os temores do mercado sobre o aumento da dívida e dos gastos públicos. Lula elogiou publicamente a proposta esta semana.
Campos Neto disse estar otimista de que o Congresso aprovaria a proposta de arcabouço sem suavizar seus principais pontos, de acordo com uma das pessoas presentes.