Finanças
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Por Vitor da Costa — Rio

Nas últimas semanas, o mercado local tem apresentado forte desempenho, com a Bolsa renovando máximas em 2023 e o dólar sendo negociado nas menores cotações em mais de um ano. Até o fechamento desta segunda-feira, a moeda americana já havia recuado 9,70% frente ao real.

Por sua vez, o Ibovespa, principal índice da B3, já acumula valorização de 7,75% este ano. Mas, o que explica este otimismo? E quanto tempo deve durar o bom humor dos analistas?

Por trás do desempenho positivo está uma combinação de fatores externos e principalmente locais, que têm ajudado os ativos de risco.

A proximidade do início do ciclo de cortes de juros no cenário doméstico, com as taxas parando de subir no exterior, a melhora nas perspectivas para a economia local, e a retirada de cenários negativos extremos para a dívida pública brasileira com a perspectiva de aprovação do arcabouço fiscal são alguns deles.

No caso do câmbio, a tendência de desvalorização da moeda no exterior também favorece o real.

Entenda em quatro pontos o otimismo do mercado:

Sede do Banco Central do Brasil — Foto: Andressa Anholete/Bloomberg
Sede do Banco Central do Brasil — Foto: Andressa Anholete/Bloomberg

1- Corte de juros mais próximos

Há algumas semanas, as curvas de juros mostram que os investidores precificam a proximidade do início de cortes na Selic, hoje em 13,75%. O movimento já é refletido no boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central (BC) com as expectativas de agentes do mercado.

Parte do mercado prevê cortes a partir de agosto, mesmo após o tom mais duro utilizado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em seu último comunicado.

A baixa de juros favorece os ativos de risco, como ações. Desde que o BC começou com o ciclo de aperto monetário, ainda em 2021, os fundos de ações sofreram com meses seguidos de resgate, uma vez que o investimento em renda fixa se tornou mais atraente.

A possibilidade de redução nas taxas decorre de leituras mais benignas sobre a inflação corrente nas últimas medições.

— Temos a perspectiva de cortes de juros, com as curvas futuras tendo uma baixa bem significativa, o que favorece o valuation (avaliação) das empresas. Além disso, temos uma situação macro mais positiva, uma inflação mais controlada e preço de Bolsa muitos deprimidos — afirmou o líder de renda variável da Manchester Investimentos, Marco Noernberg.

Há ainda a perspectiva de que o Federal Reserve, BC americano, se aproxime do fim do ciclo de altas de juros em julho, o que também é positivo para mercados emergentes de forma geral.

Receita das 500 maiores empresas do agro alcança R$ 1,4 trilhão — Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
Receita das 500 maiores empresas do agro alcança R$ 1,4 trilhão — Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

2- Visão interna mais positiva

Contribui para o movimento dos ativos, uma visão mais otimista sobre a economia local. Desde a divulgação do PIB do primeiro trimestre acima do esperado, diversas casas melhoraram suas projeções de crescimento, indicando que a esperada desaceleração da economia em linha com os juros elevados pode ser mais amena.

O reconhecimento também vem de casas internacionais. Nesse sentido, bancos como o J.P. Morgan, o Goldman Sachs e o Citi já revisaram para cima suas projeções para o Ibovespa e projetam um dólar mais barato ao final do ano, colocando o Brasil como uma posição de destaque frente a seus pares.

Na semana passada, a agência de risco S&P elevou a perspectiva de rating do Brasil de “estável” para “positiva”, mais um fator a impulsionar o otimismo vistos na Bolsa e no câmbio.

— O Ibovespa vem em um ritmo bastante forte depois que tivemos um PIB melhor do que o esperado e com a expectativa que o Banco Central poderá cortar os juros entre agosto e setembro — destaca o economista-chefe da Oriz, Marcos De Marchi.

Ele continua:

Achamos que as ações ligadas ao mercado doméstico têm potencial para se apreciar mais. A questão é quando e quanto os juros vão cair. Observaremos que a partir do segundo semestre e no ano que vem, as empresas terão um alívio na despesa financeira

Arcabouço caminha para ser aprovado pelo Congresso — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Arcabouço caminha para ser aprovado pelo Congresso — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

3- Arcabouço apresentado

O humor dos agentes também tem melhorado desde a apresentação do arcabouço fiscal pelo governo.

Após ser aprovada pela Câmara, a regra está sendo discutida pelo Senado, mas caminha para a reta final de sua tramitação.

Apesar de não ser vista como suficiente para controlar a trajetória da dívida pública daqui para frente por parte do mercado, o conjunto de medidas exclui cenários de cauda (quem que há descontrole da dívida) e indica alguma preocupação do Executivo com a trajetória de gastos.

Bolsa de Valores - B3 — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
Bolsa de Valores - B3 — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

4- Ativos descontados e bom desempenho de estatais

O ainda relativo desconto dos ativos domésticos na comparação com a média histórica também favorece o Ibovespa.

No recente rali da Bolsa, diversos papéis que tinham ficado para trás durante o período de alta da Selic, especialmente os mais sensíveis à economia local, melhoraram seu desempenho.

As ações de estatais importantes como a Petrobras e Banco do Brasil também apresentam desempenho bastante positivo no ano, em meio ao arrefecimento dos receios com relação a governança dessas companhias.

O recente bom humor pode estimular a gradual volta dos fundos institucionais para a Bolsa, algo que ainda não ocorreu de forma regular nos últimos meses.

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