O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne todos os meses, mas, tradicionalmente, apenas nas reuniões de junho são discutidas mudanças nas metas de inflação. Este ano, o tema escalou em importância, depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugerir um aumento na meta, como estratégia para permitir um corte mais rápido da Taxa Selic.
A ideia, no entanto, é fortemente contestada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que alega que a estratégia pode ter o efeito contrário.
Formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central, o CMN trata quase sempre de assuntos técnicos, referentes à moeda ou a políticas de crédito no país.
Desde 2019, a meta de inflação vem caindo ano a ano. Era de 4,5% e foi sofrendo cortes graduais de 0,25 ponto. Para este ano, a meta foi estabelecida em 3,25%, e para o ano que vem cairá para 3%.
Na reunião de quinta-feira, no entanto, o governo deve inovar e fazer uma alteração no prazo de cumprimento da meta. Em vez de se tentar chegar a um número em dezembro, ou seja, pelo ano calendário, a meta passaria a ser “contínua”.
Isso poderia reduzir a volatilidade da Selic e desestimular, como disse o próprio Campos Neto, que governos adotem medidas pontuais para evitar o estouro da meta. Essa mudança aproximaria o Brasil de outros países que utilizam o sistema de metas de inflação.
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Na avaliação do governo, o patamar atual dos juros funciona como entrave ao crescimento econômico. Há temor de que a demora para reduzir os juros básicos afete a eficácia da política fiscal, no momento em que o governo concentra esforços na aprovação do novo arcabouço no Congresso.