Finanças
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Por Vitor da Costa — Rio

O Federal Reserve, banco central americano, pode interromper o seu processo de aperto monetário nesta quarta-feira após dez elevações consecutivas nos juros. Hoje, as taxas se encontram no intervalo entre 5% e 5,25%, o maior patamar desde 2007. Pode parecer que o tema não mexe com o seu bolso, mas o que acontece na maior economia do mundo influencia os seus investimentos aqui no Brasil.

A expectativa dos analistas de mercado é que a pausa do Fed, caso se concretize, seja acompanhada de um discurso ainda duro sobre a necessidade de uma política monetária rígida. A comunicação deve deixar a porta aberta para eventuais novas elevações à frente, caso as próximas divulgações de indicadores econômicos tragam surpresas negativas para os dirigentes do Fed.

juros nos EUA — Foto: Criação O Globo
juros nos EUA — Foto: Criação O Globo

E o que isso tem a ver com o Brasil?

A possibilidade de pausar na alta de juros nos EUA tende a favorecer mercados emergentes, como o Brasil, uma vez que diminui a atratividade dos títulos de renda fixa americanos e leva a um enfraquecimento do dólar em termos globais.

Nas últimas semanas, a Bolsa já vem apresentando sinais de recuperação também pela expectativa de início de cortes para a Selic. E o real valorizou-se diante do dólar, que está atualmente na cotação mais baixa em um ano.

— Essa pausa tende a ser positiva para a tomada de risco. Os investidores estão dispostos a expandir seu rol de ativos de risco na carteira. Olhando para frente, a pausa tende a ser favorável aos ativos de risco de forma geral – afirma o analista da Empiricus Research, João Piccioni.

Quando a remuneração dos títulos do Tesouro dos EUA para de subir ou cai, investidores globais têm maior interesse de investir em mercados emergentes. Um freio nos juros americanos tende a facilitar a atração de investidores para o Brasil, onde os papéis do governo oferecem juros de 13,75% ao ano atualmente e muitas ações na Bolsa são consideradas baratas. Esse fluxo de investimentos traz mais dólares para o país, favorecendo a valorização do real.

A queda da cotação do dólar aqui ajuda a controlar a inflação brasileira, o que favorece a queda dos juros brasileiros, outro fator que pode mexer com o mercado de títulos públicos e também com a valorização dos papéis em Bolsa.

Inflação em queda nos EUA

O objetivo do aumento nos juros é de combater a inflação elevada nos EUA, o que vem surtindo efeito, mesmo que em passos mais lentos do que o esperado.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,1% em maio depois de avançar 0,4% em abril, segundo dados do Departamento do Trabalho divulgados ontem. Em 12 meses, o indicador avançou 4%, menor patamar para a base de comparação anual desde o período encerrado em março de 2021.

— Para a reunião, dá uma tranquilidade para que o Fed diga que vai parar de subir os juros, mas que vai continuar olhando os dados à frente. Abrindo os dados, o que preocupa é a parte de moradia, que dá quase um terço da inflação americana e voltou a acelerar. Isso é uma grande pedra no meio do caminho para levar a inflação na meta — destaca o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz.

Ainda assim, os núcleos de inflação seguem mostrando resiliência e o indicador cheio segue longe da meta de inflação do Fed, que é de 2%.

Outras medidas importantes como o índice de preços com gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) e dados sobre o mercado de trabalho também mostram a persistência da inflação no país. A taxa de desemprego está em 3,7%, nível considerado ainda baixo.

O economista da CM Capital, Matheus Pizzani, avalia que os dados de inflação somados a outros indicadores ainda sugerem a possibilidade de uma nova alta de 0,25 ponto percentual.

— Apesar de não ter surpreendido o mercado, o indicador foi novamente marcado por uma composição qualitativa adversa, especialmente quando analisados os componentes de seu núcleo — destaca.

Pausa para avaliação

Nesse sentido, a pausa no aumento das taxas pode dar mais tempo para que os dirigentes do Fed avaliem os efeitos defasados do aperto monetário sobre a atividade econômica e para a inflação.

Em suas últimas comunicações, o Fed já tem ressaltado a importância da divulgação dos dados para a tomada de decisão sobre juros.

Além disso, irá permitir que os membros observem a situação do setor bancário no país, após o colapso de algumas instituições neste ano, a fim de identificar até que ponto as tensões bancárias estão contribuindo para uma retração nos empréstimos, que já estavam em andamento, e o impacto disso para a economia como um todo.

Em relatório, analistas do Goldman Sachs afirmam que é provável que o Fed faça uma pausa na reunião deste mês antes de considerar novos aumentos nas taxas. O cenário base do banco é de um novo aumento residual em julho.

“A liderança do Fed sinalizou que vê a pausa como o curso prudente porque a incerteza sobre os efeitos defasados dos aumentos de juros e o impacto do crédito bancário mais apertado aumentam o risco de aperto excessivo”, destacam.

Vale destacar que desde a última reunião, alguns dirigentes do Fed defenderam uma nova alta nas taxas neste mês.

Projeções

Além do anúncio sobre os juros, os agentes de mercado esperavam a divulgação do “dot plot”, ou resumo das projeções econômicas. O gráfico mostra a mediana das expectativas dos dirigentes do banco para os juros, inflação, desemprego e Produto Interno Bruto (PIB) para os próximos anos.

Em março, reunião com a última divulgação do gráfico, as projeções medianas para os juros ficaram em 5,1% ao final deste ano, a 4,3% em 2024, e 3,1% em 2025.

Segundo os analistas do Goldman, as projeções devem mostrar maior crescimento do PIB (1%), menor taxa de desemprego (4,1%) e alta núcleo da inflação do PCE (3,8%) em 2023.

Para eles, a mediana dos juros deve indicar uma alta adicional, para o pico entre 5,25% e 5,5%.

Dessa forma, tanto as projeções quanto o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, devem ser observados de perto pelos agentes de mercado, que tentam captar pistas sobre quando a autoridade monetária está começando a enxergar a possibilidade de cortes nos juros.

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