Após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmar que o rotativo do cartão de crédito poderá acabar, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou um comunicado em que afirma que não há "pretensão de se acabar com as compras parceladas no cartão de crédito".
O rotativo é o crédito oferecido ao consumidor quando ele não faz o pagamento total da fatura do cartão até a data de vencimento. Um dos exemplos seria pagar o mínimo da fatura. Então, essa diferença entre o valor total da fatura e o que foi efetivamente pago até o vencimento vira um empréstimo.
Sobre o valor que faltou pagar são aplicados juros, considerados os mais altos do mercado, que chegam a 454% ao ano.
A Febraban diz que participa de grupos que analisam as causas dos juros praticados na modalidade e alternativas para um redesenho do rotativo. Além disso, há avaliações sobre o aprimoramento do mecanismo de parcelamento de compras.
Mas diz que "nenhum dos modelos em discussão pressupõe uma ruptura do produto e de como ele se financia". Segundo a entidade, seus estudos mostram que o prazo de financiamento impacta diretamente no custo de capital e no risco de crédito, e a inadimplência das compras parceladas em longo prazo é bem maior do que na modalidade à vista, cerca de 2 vezes na média da carteira e 3 vezes para o público de baixa renda.
Polêmica
Na semana passada, Campos Neto disse que o rotativo do cartão de crédito poderia acabar. O anúncio foi feito, durante participação em comissão geral no Senado na quinta-feira (dia 10). De acordo com ele, o BC está avaliando alternativas para reduzir a inadimplência nas operações com cartão de crédito rotativo.
Segundo Campos Neto, em até 90 dias, o BC deve apresentar uma solução. Na ocasião, ele afirmou que uma possibilidade seria extinguir o rotativo do cartão. Disse ainda que o BC também estuda em criar algum tipo de "tarifa" para desincentivar a compra desenfreada no crédito com parcelamento de longo prazo.
No dia seguinte, o presidente do BC afirmou que sua fala sobre o cartão de crédito lhe rendeu um "puxão de orelha".