Os papéis da Gol despencaram 8,07% nesta sexta, chegando a R$ 5,92, com investidores reagindo à decisão da empresa de recorrer à Justiça americana em busca de proteção contra credores, com o chamado de Chapter 11, mecanismo similar ao da recuperação judicial. De ontem para hoje, a companhia aérea perdeu R$ 217 milhões em valor de mercado. Atualmente, é avaliada em R$ 2,4 bilhões, segundo levantamento do CEO da Elos Ayta Consultoria, Einar Rivero.
Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, avalia o contexto macroeconômico como desafiador e destaca que a Gol está com passivo ( despesas e dívidas) muito grande. Em sua visão, os acionistas podem ter as suas posições diluídas caso o Chapter 11 seja bem-sucedido.
— Se a Gol tiver que fazer um downsizing no tamanho da operação (redução para cortar custos), naturalmente os competidores vão ganhar mercado, com destaque para Azul e para Latam — acrescenta Soares. — A situação frágil financeira por parte da Gol já está tendo consequências, por exemplo na compra de combustível. Agora vamos ver como vai ser a negociação com os lessores (arrendadores de aeronaves).
Gol em apuros:
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A empresa tem dívidas que somam R$ 20 bilhões. O banco americano BNY Mellon, o Comando da Aeronáutica, a Vibra (ex-BR) e a Boeing são os maiores credores. A lista, protocolada no Tribunal de Falências dos Estados Unidos para o Distrito Sul de Nova York, inclui cerca de 30 empresas.
Nos últimos seis meses, a empresa tentou acordos para reestruturar sua dívida, mas acabou tendo que recorrer à recuperação judicial. Há expectativa de que a Gol receba em breve um financiamento no valor de US$ 950 milhões, que depende de aprovação judicial.
A companhia aérea não deixará de funcionar durante o Chapter 11. Em entrevista na manhã desta sexta-feira à CBN, o CEO da companhia, Celso Ferrer, afirmou que seguirá focando na operação, atendimento ao cliente e programa de fidelidade. Além disso, declarou esperar que a Gol encerre seu processo de recuperação nos Estados Unidos em menos de 20 meses.