Em reunião privada com diretores do BC, economistas dizem não ver espaço para novos cortes de juros

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A piora das estimativas de inflação significa que o Banco Central (BC) está agora sem espaço para novos cortes de juros, disse um grupo de analistas reunião privada com os diretores da autoridade monetária, Diogo Guillen e Renato Dias Gomes, na segunda-feira, disseram dois participantes da reunião, que pediram anonimato ao discutir as conversas. Essa visão está em linha com as apostas dos investidores de que os juros ficarão estáveis ​​na reunião do Copom no mês que vem.

Os analistas presentes na reunião levantaram receios de que o BC se torne mais brando em relação à inflação, disseram as pessoas. A maioria dos analistas vê as estimativas de inflação subindo ainda mais acima da meta de 3%, com alguns apostando que podem chegar a 4%.

Os membros do Copom reforçaram o compromisso com a meta de inflação depois que reduziram o ritmo de flexibilização da Selic numa votação dividida no início do mês. Todos os quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva eram a favor de uma queda maior, de 0,50 ponto percentual, em linha com o guidance (sinalização) fornecido na reunião anterior. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, defendeu a medida do BC, ao dizer que o debate foi técnico e todos os argumentos foram ouvidos.

A decisão reacendeu as preocupações sobre a tolerância do BC em relação à inflação quando Campos Neto deixar o cargo em dezembro e Lula assegurar a maioria dos diretores do Copom.

A reunião desta segunda-feira integra os encontros regulares entre analistas e diretores do BC antes da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação. Ambos os membros do Copom mantiveram a prática de se absterem de comentar, focando, antes, em ouvir as opiniões dos economistas.

Os economistas consultados pelo Banco Central elevaram suas estimativas para a Selic em dezembro pela terceira semana consecutiva, para 10%, de acordo com a pesquisa Focus publicada hoje. Foi a primeira vez desde junho passado que fixaram taxas de dois dígitos para o final de 2024.

Analistas presentes na reunião com o BC nesta segunda-feira estavam mais pessimistas em relação à inflação do que antes, disseram as pessoas. Alguns analistas indicaram que poderiam aumentar as suas estimativas de inflação para 2026, que permaneceram estagnadas em 3,5% durante quase um ano, de acordo com a Focus.

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Num evento na semana passada, Campos Neto saiu do roteiro ao explicar a mudança de ritmo na flexibilização, dizendo que houve “mudanças relevantes” nas perspectivas econômicas, tais como uma piora das expectativas de inflação e condições financeiras globais mais restritivas.

Ainda assim, os nomeados por Lula disseram que havia argumentos técnicos a favor de uma redução maior dos juros. O diretor Paulo Picchetti disse que o BC deve priorizar a comunicação oficial, que é amplamente debatida entre os membros do Copom.