O volume de crédito concedido a pessoas físicas cresceu 4,3% em abril em relação ao mês anterior, para R$ 278,6 bilhões, de acordo com o relatório de estatísticas monetária e de crédito do Banco Central divulgado nesta segunda. Já em relação ao mesmo período no ano passado, o avanço foi de 15,5%.
Miguel Ribeiro, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), explica que, a maior geração de empregos e a diminuição da taxa básica de juros, a Selic, pelo Banco Central, contribuem para expandir o acesso ao crédito, porque os bancos se sentem mais seguros de conceder empréstimos:
— Tivemos um período em que os bancos estavam restringindo mais o acesso ao crédito, mas vemos que os bancos estão voltando a emprestar mais, e as taxas de juros vem sendo reduzidas. Essa melhora no crédito tem a ver com o fato de a economia estar crescendo mais, o que gera emprego e renda, e diminui a inadimplência. Fora que a própria queda da taxa de juros permite isso também — ele diz.
Os juros permanecem altos, no entanto, refletindo a taxa Selic a 10,50% ao ano. A taxa média de juros no cartão de crédito recuou 1,5% em abril, mas está em 85,6% ao ano. Já os juros do rotativo do cartão subiram de 421,3% para 423,5% ao ano.
A taxa de inadimplência entre pessoas físicas cresceu de 5,4% para 5,5%. Foi registrado um aumento de 1,3% na taxa de inadimplência do rotativo do cartão de crédito, de 51,6% para 52,9%.
O spread (a diferença entre os juros pagos pelos bancos ao Banco Central e os juros que eles cobram de empresas e pessoas físicas) diminuiu de 30,1 pontos percentuais para 29,6 pontos percentuais.
Para os próximos meses, o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, espera que as condições de crédito piorem. Apesar do ciclo de cortes na taxa de Selic, há novos riscos no radar do Banco Central que podem ameaçar a inflação.
"Esperamos que as condições de crédito enfrentem desafios nos próximos meses, dada a expectativa de uma postura conservadora de política monetária diante da deterioração das expectativas de inflação, enfraquecimento das perspectivas fiscais e crescentes riscos domésticos para a inflação. Por outro lado, o ativismo de crédito pelos bancos públicos deve apoiar o ciclo de crédito", ele escreveu em um relatório.