Finanças
PUBLICIDADE
Por e — Rio de Janeiro

O dólar comercial renovou ontem sua máxima no ano. A moeda teve alta de 0,61%, a R$ 5,35, mantendo o movimento de forte valorização visto na sexta-feira no mercado financeiro, mesmo em um dia de agenda esvaziada de indicadores macroeconômicos no Brasil e nos Estados Unidos — mas sob o impacto do avanço da extrema direita nas eleições do Parlamento Europeu.

Esse é o maior patamar de fechamento da moeda desde 4 de janeiro de 2023, quando encerrou a R$ 5,45. No ano, acumula valorização de 10,39%.

O câmbio turismo acompanhou ontem a alta do comercial. A menos de um mês das férias escolares, a moeda americana para quem vai viajar para o exterior chegou a ser vendida R$ 5,74, no pagamento em espécie, em algumas casas de câmbio no Rio de Janeiro. No início da tarde, a divisa alcançou a marca de R$ 5,85 no cartão pré-pago.

Dólar em 2024 — Foto: Editoria de Arte
Dólar em 2024 — Foto: Editoria de Arte

Ao fim do dia, o dólar em espécie era vendido a R$ 5,64 na casa de câmbio Travelex Confidence. Já no cartão pré-pago, a moeda saía a R$ 5,74. No mesmo local, a divisa europeia era negociada a R$ 6,10 em espécie e R$ 6,20 no plástico.

Já o euro, que recuava no exterior devido ao resultado das eleições no Parlamento Europeu, chegou a ser negociado, na máxima, a R$ 6,29, nas recargas de cartão. As cotações incluem o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 1,1% em espécie e de 4,38% no cartão.

O que está por trás da alta?

Analistas destacam que a moeda, que vem apresentando sucessivas altas nas últimas semanas, foi pressionada pela aversão a risco no exterior e a persistência de ruídos relativos à reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com representantes do mercado na sexta-feira.

Não se sabe ao certo o que foi tratado no encontro, mas o vazamento de um comentário sobre um possível contingenciamento neste ano em caso de maior pressão de despesas obrigatórias gerou estresse entre analistas. De acordo com os participantes, o tom da conversa passou a sensação de que a agenda econômica não depende só do ministro.

— O ruído em torno do Haddad não foi pelo o que ele disse, mas pela impressão que isso passou para o mercado. Parece que ele está perdendo o controle da agenda econômica, e o mercado teme que o arcabouço fiscal fique insustentável — avalia André Leite, CIO da Tag Investimentos.

'Haddad parece mais fraco'

Gustavo Okuyama, gerente de portfólio da Porto Asset Management, ressalta que o ministro é visto como “aliado” na busca do equilíbrio das contas públicas, daí a preocupação:

— Haddad parece cada vez mais fraco, ele tem se provado um aliado do mercado na perseguição da meta fiscal.

No ano, o dólar acumula uma alta de mais de 10%, em meio às frustrações do mercado com os juros altos por mais tempo nos Estados Unidos e o equilíbrio das contas públicas no Brasil.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda — Foto: Cristiano Mariz
Fernando Haddad, ministro da Fazenda — Foto: Cristiano Mariz

Francisco Nobre, economista da XP Investimentos, explica que a corretora recentemente revisou sua projeção de R$ 4,70 para o câmbio no fim do ano para R$ 5, considerando fatores como queda no preço das commodities e incerteza em torno da meta fiscal:

— Temos uma projeção de déficit de 0,5% do PIB para esse ano. Ou seja, o governo não conseguiria atingir sua meta de equilíbrio nas contas públicas, o que vem pesando cada vez mais sobre o câmbio e aumentando o prêmio de risco para a economia brasileira — afirma Nobre.

A atual meta é de déficit zero, com margem de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para cima ou para baixo.

Inflação nos EUA

No exterior, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas, avançou 0,25%. O clima no mercado global foi de cautela, após as eleições para o Parlamento Europeu e na semana de reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).

Os dados de emprego, divulgados na sexta-feira, mostraram um mercado de trabalho aquecido, e muitos analistas deixaram de esperar um corte nos juros este mês. O mercado estará de olho nas projeções que o Fed vai divulgar depois da reunião.

Segundo Carla Agenta, economista-chefe da CM Capital, os dados americanos de emprego continuaram a pressionar o mercado ontem, junto com as incertezas geopolíticas na Europa:

— Prevaleceu um movimento global de aversão ao risco. A ascensão da extrema-direita como formuladora de políticas econômicas sempre preocupa o investidor, dada a sua propensão ao nacionalismo em detrimento da globalização. Isso é determinante para essa apreciação do dólar — explica Carla, destacando a preocupação do mercado com a possibilidade de maior protecionismo na Europa.

Ontem, o euro recuou 0,4% frente ao dólar. Investidores também estão atentos aos dados de inflação em maio nos EUA, que serão divulgados amanhã.

Webstories
Mais recente Próxima Dólar turismo chega a R$ 5,85; entenda
Mais do Globo

Agenda

Preparada para receber milhões de visitantes todos os anos, a capital francesa sofre com engarrafamentos, condicionamento de ar falho e água morna para hidratação

Trânsito, calor e logística são problemas para público e profissionais em Paris-2024

Time Brasil subiu ao pódio sete vezes e está em 19° no ranking geral

Quadro de medalhas das Olimpíadas 2024: veja ranking atualizado

Evento da Fox News estaria marcado para 4 de setembro

Trump afirma aceitar participar de debate com Kamala Harris

Americana ficou na terceira posição nas qualificatórias do aparelho nos Jogos de Paris

Olimpíadas 2024: Saiba quem é Jade Carey, ginasta que pode surpreender na final do salto

Ferramenta criada pelo GLOBO mostra que Rebeca Andrade tem 97% de probabilidade de subir ao pódio na ginástica artística hoje

Medalhômetro: veja as chances de medalha do Brasil na programação deste sábado em Paris-2024

Ciclista de 23 anos estreia neste domingo em Paris, nas provas de estrada

Tota Magalhães se prepara para disputar as primeiras Olimpíadas

Americana teve nota superior em três das quatro vezes que passou pelo aparelho nos Jogos Paris

Olimpíadas: Quanto Rebeca e Biles tiraram nos saltos até o momento; veja

Brasileira conseguiu a primeira e única vitória sobre a bicampeã olímpica do individual geral no torneio disputado na Antuérpia

Relembre: Rebeca derrotou Biles no salto do Mundial de 2023, marcado pela queda da americana