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GERADO EM: 12/07/2024 - 04:00

Desafios financeiros das micro e pequenas empresas no Brasil

Micro e pequenas empresas enfrentam altos custos de financiamento no Brasil devido à inadimplência e falta de gestão financeira. Programas do governo e parcerias buscam capacitar empreendedores e oferecer crédito acessível, visando reduzir a inadimplência e impulsionar o crescimento dos negócios.

As micro e pequenas empresas representam atualmente 94% dos negócios que estão inadimplentes no Brasil. De acordo com levantamento da Serasa Experian divulgado este mês, as 6,3 milhões de empresas desses dois segmentos que tinham contas atrasadas em abril somavam mais de 44,2 milhões de dívidas, chegando a um valor total superior a R$ 118,6 bilhões.

A dificuldade dos pequenos para honrar os empréstimos se reflete, inevitavelmente, em maiores custos para essas operações. Por causa do risco, as instituições financeiras cobram spreads (diferencial de juros) altos, o que eleva a taxa final dos financiamentos.

Enquanto as empresas pagam, em média, 18,2% ao ano para acessar capital, um microempreendedor individual chega a arcar com 44%, cerca de quatro vezes mais a atual taxa básica de juros, a Selic.

Os altos custos dos financiamentos para pequenos empreendedores diante do risco e a dificuldade de oferecer garantias estão por trás desses números, mas a falta de conhecimento sobre como organizar orçamentos também contribui para que MPMEs fiquem inadimplentes.

O tema foi discutido na live intitulada “O gargalo de crédito para pequenas e médias empresas no Brasil”, realizada na quarta-feira em mais uma edição da série “Caminhos do Brasil”, uma iniciativa dos jornais O GLOBO e Valor Econômico e da Rádio CBN, com patrocínio do Sistema Comércio, através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.

A conversa on-line contou com a participação de Guilherme Mello, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda; Jorge Gonçalves Filho, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV); e Maria Fernanda Coelho, diretora financeira e de Crédito Digital para MPMEs do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A mediação foi dos jornalistas Glauce Cavalcanti, do GLOBO, e Álvaro Campos, do Valor. Você pode ver o vídeo com a live completa no link:

É comum que microempreendedores — por trabalharem sozinhos ou em família — não façam a separação entre o que é um recurso da empresa e o que é a renda da pessoa física por trás dela. Acabam usando valores do fluxo de caixa para quitar gastos ou dívidas pessoais e entram numa bola de neve de juros difícil de escapar.

Durante o debate on-line da série “Caminhos do Brasil” sobre o gargalo de crédito para micro, pequenas e médias empresas, o presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho, destacou a importância dos programas de renegociação de dívidas, mas defendeu como fundamental iniciativas para que pequenos empresários recebam orientação sobre administração.

Apenas assim, na visão dele, será possível reduzir a inadimplência e, consequentemente, as taxas cobradas em empréstimos.

— O acompanhamento é muito importante para que o microempreendedor se desenvolva. É necessário ter programas que ajudem a ajustar o fluxo de caixa, entender o que é dinheiro da empresa e dinheiro particular — opinou. — O que pode ser trabalhado é como o empreendedor vai conseguir fazer frente ao crédito tomado. Não basta dar o peixe, tem de ensinar a pescar.

Os participantes da 'live' sobre crédito para MPMEs da série "Caminhos do Brasil": Guilherme Mello, Jorge Gonçalves, Maria Fernanda Coelho e os mediadores Glauce Cavalcanti e Álvaro Campos — Foto: Reprodução
Os participantes da 'live' sobre crédito para MPMEs da série "Caminhos do Brasil": Guilherme Mello, Jorge Gonçalves, Maria Fernanda Coelho e os mediadores Glauce Cavalcanti e Álvaro Campos — Foto: Reprodução

Outro desafio, apontado por Gonçalves Filho, é que, antes de acessar linhas mais baratas de crédito, os pequenos empreendedores costumam buscar alívio em alternativas mais onerosas, como o rotativo do cartão de crédito, parcelado do cartão e a conta garantida.

Para o dirigente do IDV, as instituições bancárias deveriam começar a aceitar garantias mais diversificadas para reduzir os riscos das operações e ampliar o acesso dos pequenos ao crédito com taxas de juros que caibam em seus orçamentos.

O presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho, é um administrador com experiência como consultor e executivo de empresas — Foto: João Sorima/O Globo
O presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho, é um administrador com experiência como consultor e executivo de empresas — Foto: João Sorima/O Globo

— Geralmente, como garantia se pode dar um carro, um imóvel. Mas o varejo não investe em imóveis. Ele aluga um pequeno imóvel, ou seja, não tem garantias reais. O varejo tem carteira de recebíveis. Poderíamos pensar numa solução que usasse isso como garantia — afirmou. — Nem todos têm garantia real para dar.

Facilidades para MEI

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, destacou os programas do governo para prover garantias aos pequenos empreendedores. Ele também citou o programa Acredita no Primeiro Passo, lançado pelo governo federal em abril com o objetivo de democratizar o acesso ao crédito para inscritos nos programas sociais do Cadastro Único (CadÚnico) e impulsionar o empreendedorismo em todo o país.

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, é economista e cientista social com doutorado pela Unicamp, da qual era professor antes de ingressar no governo, em 2023 — Foto: Gabriel de Paiva/O Globo
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, é economista e cientista social com doutorado pela Unicamp, da qual era professor antes de ingressar no governo, em 2023 — Foto: Gabriel de Paiva/O Globo

Além de a iniciativa disponibilizar taxas de juros menores em operações com valor de até 30% do faturamento do microempreendedor individual (MEI), oferece programas de capacitação e apoio para o desenvolvimento de planos de negócios e estratégias de crescimento.

— O Acredita no Primeiro Passo é um programa de microcrédito produtivo orientado para aquele empreendedor que quer começar a empreender ou já tem alguma coisa e quer melhorar. Ele vai ter orientação, acompanhamento e, eventualmente, assistência técnica. Empreender para sair do CadÚnico é quase uma conquista da cidadania — explicou.

Maria Fernanda Coelho, diretora do BNDES, destacou que essa preocupação também está no banco de fomento, que tem uma parceria com o Sebrae para oferecer uma trilha de conhecimento a empreendedores, o que inclui:

  • o controle das finanças da empresa e como fazer a previsão dos gastos e dos recebimentos;
  • a importância do planejamento e da gestão antes de solicitar crédito;
  • o que se deve considerar na hora de comparar as taxas de juros; como criar um plano de comunicação para alavancar as vendas;
  • e, ainda, qual é a melhor maneira de desenvolver uma presença digital marcante.

Conheça os principais programas federais para ampliar o crédito para MPMEs

  • Acredita no Primeiro Passo: Programa de microcrédito produtivo orientado para pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico). É voltado para famílias de baixa renda no cadastro de programas sociais como Bolsa Família, informais e pequenos produtores rurais. Utiliza o sistema público de garantias através do Fundo Garantidor de Operações (FGO). Ao menos metade das concessões para renegociação com aval do FGO deve ser para mulheres.
  • Desenrola Pequenos Negócios: O programa é uma versão para pessoas jurídicas do programa de renegociação de dívidas já realizado pelo governo federal para pessoas físicas. Ele incentiva a renegociação de dívidas de microempreenddores individuais (MEIs), micro e pequenas empresa em melhores condições, potencializando a capacidade de concessão de empréstimos. São beneficiadas dívidas não pagas até 23 de janeiro de 2024. No primeiro mês de execução, foram R$ 2,5 bilhões renegociados. O Ministério da Fazenda estima que o valor possa chegar a algo entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões.
  • Procred 360: Política de estímulo ao crédito para MEIs e microempresas com faturamento de até R$ 360 mil ao ano. A taxa de juros é composta por Selic + 5% ao ano. Estabelece uma reserva do FGO com garantia maior voltada especificamente para empréstimos para esses grupos.
  • Pronampe: O Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) foi criado durante a pandemia e tornado permanente após ajustes. É voltado a micro e pequenas empresas. A taxa de juros é formada por Selic + 6% ao ano. Tem garantia do Fundo Garantidor de Operações (FGO).
  • Peac-FGI: O Programa Emergencial de Acesso a Crédito (FGI-Peac) foi criado durante a pandemia e segue em vigor. É voltado a MEIs, micro, pequenas e médias empresas. A taxa de juros pode ser negociada livremente entre o tomador e a instituição financeira concedente do crédito, mas a taxa média praticada na carteira por cada instituição financeira operadora não pode exceder 1,75% ao mês. Oferece garantias via fundo garantidor para investimentos (FGI).

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