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Por — Rio de Janeiro

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GERADO EM: 12/07/2024 - 16:02

Controvérsia na compra de letras financeiras da Caixa e Banco Master

A polêmica envolvendo a compra de letras financeiras do Banco Master pela Caixa, com rentabilidade acima da média de mercado, gerou demissões e questionamentos sobre a operação arriscada e a falta de cobertura do FGC. Os bancos envolvidos não esclareceram detalhes, levantando dúvidas sobre a transação milionária.

As letras financeiras são investimentos de renda fixa com rentabilidade média de 105% do CDI ao ano nos grandes bancos. O percentual é bem superior à rentabilidade de 130% do CDI oferecida pelo Banco Master em um produto desta categoria, que teve parecer contrário de gerentes da Caixa Asset, braço de renda fixa do banco estatal.

A cúpula da Caixa Econômica Federal destituiu na última segunda-feira dois gerentes que se opuseram à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, segundo nota da colunista do GLOBO, Malu Gaspar.

Os executivos consideraram a operação 'arriscada' e 'atípica' para os padrões da Caixa.

As letras financeira são um crédito privado emitido por uma instituição financeira para custear operações de longo prazo. Os prazos de vencimento desse título chegam a dez anos, mas há papéis com vencimento entre cinco e sete anos — e até mesmo de dois anos.

Quanto maior o prazo do vencimento do título, maior o rendimento oferecido porque o dinheiro do cliente fica aplicado — ou seja, não há liquidez diária (se o aplicador sacar antes do prazo de vencimento pode perder toda ou parte da rentabilidade prometida, dependendo das condições acertadas com o banco).

Um levantamento junto a sites de bancos mostra que a rentabilidade desses papéis varia de 103% a 106% do CDI nas grandes instituições, consideradas de baixo risco.

Letras financeiras emitidas recentemente pelo Bradesco, por exemplo, com prazo de 92 meses (7 anos e 8 meses) oferecem rentabilidade de 106,25% do CDI. Já no Itaú, uma letra financeira de 35 meses (2 anos e 11 meses) oferece retorno de 103% do CDI.

Na média, os grandes bancos oferecem rentabilidade anual de 105% do CDI, segundo um analista de mercado, que prefere não se identificar.

Mais que Tesouro Direto

Em geral, as letras financeiras oferecem uma rentabilidade um pouco maior do que outras aplicações da categoria, como Tesouro Direto, por exemplo, títulos que são emitidos pelo governo — com risco considerado mais baixo. Nas letras financeiras, como a emissão é feita por um entre privado (banco), a aplicação tende a ser um pouco mais arriscada. O risco é o banco quebrar.

Segundo o mesmo analista, são as fundações e assets os principais interessados em letras financeiras. Ele diz que trata-se de "um mercado pra cachorro grande" e que depende do perfil mais agressivo ou mais cauteloso do fundo ou asset comprar esse tipo de ativo, especialmente os de rentabilidade mais elevada.

Em bancos de médio porte (que oferecem mais risco ao aplicador), diz o analista, as taxas podem chegar a 120%, 125% do CDI para atrair os interessados. Uma taxa de 130% é considerada "esticada", diz o especialista, mas nada impede que o banco a ofereça. Comprar ou não depende do perfil do investidor e se ele está disposto a correr mais riscos, explica o analista.

Sem cobertura do Fundo Garantidor

Os analistas de renda fixa da XP, Francisco Lobo e Pietro Consolaro, lembram em relatório enviado a clientes que as LFs não são cobertas pela garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que as torna mais arriscadas comparativamente aos CDBs, LCAs e LCIs, por exemplo.

O FGC garante até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por conjunto de depósitos e investimentos em cada instituição se o banco quebrar.

"Por este motivo, é necessário escolher os emissores com ainda maior cautela, já que, em caso de falência da instituição, os investidores podem perder o capital aplicado", explicam os analistas da XP no relatório.

O que dizem os bancos

Procurada pela equipe da coluna de Malu Gaspar, a Caixa Asset não esclareceu se pretende manter a operação de compra de R$ 500 milhões em letra financeira do Banco Master, apesar do parecer contrário da área técnica. Também não informou de quem foi a iniciativa de fazer a operação, nem se houve reuniões com o Master para discutir a aquisição milionária.

Em nota, a companhia se limitou a informar que “as operações em negociação são sigilosas e ocorrem de acordo com a estratégia da empresa”.

Sobre a perda de cargo dos gerentes que se opuseram à operação de R$ 500 milhões com o Master, a Caixa Asset alegou que “realiza, periodicamente, uma avaliação do time de gestores, e não faz parte da política da empresa nenhum tipo de retaliação, sendo que as substituições se dão com critério exclusivamente profissional”.

O Banco Master, por sua vez, afirmou por meio de sua assessoria desconhecer o parecer da Caixa Asset, que não é público.

Questionada se outras instituições adquiriram a mesma letra financeira em condições iguais ou similares à da Caixa, a instituição afirmou que “diversos investidores têm adquirido e continuam a adquirir letras financeiras emitidas pela instituição em condições similares às mencionadas”, sem especificá-las.

Indagado se foram realizadas reuniões com a Caixa Asset para tratar do negócio, o Master se limitou a dizer que realiza “periodicamente” reuniões com investidores.

“O Banco tem plena convicção de que as informações mencionadas não representam o posicionamento da Caixa Asset e nem mesmo de qualquer outra instituição financeira”, completa a nota.

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