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Por — Rio de Janeiro

RESUMO

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GERADO EM: 31/07/2024 - 04:00

"Decisões sobre juros: impactos globais e locais"

A "superquarta" financeira traz decisões sobre juros nos EUA, Brasil e Japão. Expectativa de manutenção das taxas, mas EUA sinalizam corte em setembro. Impactos globais e locais no mercado cambial e de investimentos. Comunicados dos bancos centrais são cruciais.

A quarta-feira será de decisão na condução da política monetária na maior economia do mundo. Ainda hoje, dia 31, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) anuncia, às 15h, sua nova taxa de juros. A decisão mexe não só com a maior economia do mundo, mas também mercados financeiros mundo afora.

Logo depois, após as 18h, será a vez de o Banco Central do Brasil tomar decisão similar. E o dia ainda terá decisão de juros no Japão, que tem influenciado a cotação do real e do dólar nos últimos dias.

A alcunha "superquarta" foi criada pelos agentes de mercado para se referir ao fato de as reuniões sobre os juros no Brasil e nos EUA coincidirem. Por aqui, os diretores do Banco Central que formam o Comitê de Política Monetária (Copom) começaram a reunião do colegiado ontem. Hoje, sai a decisão, após o encerramento das negociações do mercado financeiro.

Em ambos os países, a manutenção das taxas de juros é dada como certa pelos agentes financeiros. No Brasil, 20 casas de investimentos apostam têm esse prognóstico, segundo a Bloomberg. O Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira, revela a crença da maioria das instituições de que a taxa não será alterada por aqui até o fim do ano. A manutenção nos EUA é dada como certa por 110 casas ouvidas pela agência. Mas, por lá, os rumos tendem a mudar.

No início do ano, as expectativas de cortes ainda no primeiro semestre minguaram. Dados de uma economia resiliente, com inflação alta e mercado de trabalho a todo vapor, não arrefeceram, impedindo o movimento. Agora, esses mesmos dados apresentam diminuição gradual, demonstrando desaquecimento:

— Estamos há algum tempo com o cenário de que as peças da economia norte-americana estão se encaixando. No patamar atual, a taxa está restritiva e acaba pesando sobre a atividade econômica, tirando o dinamismo — afirma Felipe Sichel, economista-chefe da Porto Asset.

Na semana passada, o índice de preços ao consumidor de junho, o PCE, veio em linha com as expectativas, aumentando 0,1%. Ontem, o número de abertura de postos de trabalho nos EUA em junho ficou estável na comparação com o mês anterior.

Foram mais dois sinais de que a economia americana está se encaminhando para o chamado “pouso suave”, quando o desaquecimento não deve causar recessão (com queda na produção e aumento do desemprego), favorecendo o corte de juros que o mercado espera para começar em setembro.

Decisão no Japão

Ainda nesta quarta, o Banco Central do Japão também definirá sua taxa básica. A expectativa de que ela seja ampliada — hoje está em 0,1% ao ano — afetou, na semana passada, diversas moedas emergentes, como o real. O iene japonês é alvo de carry trade, uma operação que visa obter lucro com rendimentos entre troca de moedas.

Olhos atentos às falas

O patamar atual da taxa de juros nos EUA é o maior desde 2001 e se mantém igual há oito encontros do Fomc, o comitê de política monetária do país, desde julho do ano passado.

Apesar do consenso de mercado que aponta pela manutenção do nível atual, essa deve ser a última reunião em que a banda entre 5,5% e 5,25% seja anunciada. A próxima assembléia, em setembro, deve sacramentar o início da queda dos juros.

Para Andressa Durão, economista da área de macroeconomia da financeira ASA, a reunião desta quarta vai “abrir a porta” para um corte de juros na próxima assembleia, quando deve haver revisão das projeções:

— O Fed não deve se comprometer, mantendo a cautela diante das incertezas com os próximos dados. Powell fará uma leitura dovish (mais branda) dos últimos dados, mas deve dizer que precisa de mais números favoráveis de inflação nos próximos meses para garantir confiança necessária em cortar juros — diz.

A aposta dela é majoritária. Segundo a pesquisa FedWatch, do CME, a probabilidade do corte para a banda entre 5% e 5,25% em setembro é de 89,6%.

Comunicado é o mais importante

Segundo Sichel, da Porto, o comunicado deverá ser cuidadoso: ele deverá indicar que o Fed não ultrapassará o chamado “ponto de não-retorno”, isto é, que não vai começar a atuar através da redução dos juros de forma atrasada, só depois dos dados da economia já indicarem uma retração:

— O foco do comunicado será: vai comunicar que vai se mover ou precisa de mais informações? Existe a perspectiva de que ele vá mostrar que o comitê se moverá em breve. Uma demora excessiva pode chegar à situação de hard landing — afirma, referindo-se à um "pouso duro", uma retração mais aguda da economia, com a possibilidade de o Fed atuar de forma atrasada.

Já a XP olha com cautela. Para a casa, o ciclo de afrouxamento só se iniciará em dezembro, após os resultados das eleições presidenciais do país, apesar das apostas inclinadas para um adiantamento:

“Até a reunião do banco central de setembro, haverá mais duas rodadas de dados, que serão fundamentais para determinar se o recente abrandamento da inflação é sustentável ou não”, afirma trecho de relatório assinado por economistas da XP, liderados pelo economista-chefe da instituição, Caio Megale.

Por que o juro americano importa?

A taxa básica de juros americana não é só um balizador importante da maior economia do mundo, emissora do dólar. Trata-se de um indicador que tem influência nas finanças globais. Atualmente em um patamar alto, a diferenciação dos percentuais das taxas em relação a outros países pode levar os agentes a migrarem seus investimentos de países emergentes, como o Brasil, para os Estados Unidos. Portanto a taxa americana limita a ação de outros bancos centrais quando está alta.

Na contramão, uma diminuição dos juros nos EUA faz os investimentos, até então mais seguros em títulos americanos, tendem a se dissipar por odo o mundo em busca de rendimentos mais altos. Hoje, os treasuries (títulos do Tesouro) americanos são considerados os investimentos mais seguros do mundo, já que os EUA nunca deram um calote na dívida.

Investidores em Bolsas, por exemplo, esperam a redução dos juros nos EUA porque avaliam que haverá maior demanda por ativos com maior risco, como as ações.

No Brasil, a expectativa também é de maior entrada de dólares no Brasil e algum alívio no câmbio. A cotação do dólar no país está acima dos R$ 5 desde o fim de março por diversos fatores, como o chamado diferencial de juros. Ontem, a moeda fechou o dia em ligeira queda, de 0,15%, valendo R$ 5,61.No entanto, analistas apontam as incertezas fiscais como um fator interno que deve seguir pesando no câmbio, mesmo quando os EUA começarem a cortar juros.

— Uma reversão no cenário externo não muda tanto o doméstico. Por mais que eles cortem a taxa lá, não será suficiente para tirar a pressão da questão fiscal por aqui. A austeridade é negligenciada e a deterioração do real frente o dólar está bem fundamentada — afirma José Thomaz Alfaix, da RioBravo Investimentos, que prevê a divisa alcançando os R$ 5,35 no fim do ano.

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