Os investimentos na Bolsa renderam mais que os feitos em renda fixa em julho, de acordo com levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
- Salários acima de R$ 20 mil: Em cinco dias, concurso do BNDES recebe mais de 27 mil pedidos de inscrição
- Selic a 10,5% ao ano: O que esperar dos juros no Brasil depois da indicação de corte da taxa nos EUA em setembro?
Enquanto o Ibovespa teve retorno de 2,89% até o dia 27, as aplicações em renda fixa simples, apesar dos juros altos, devolveram apenas 0,75% nesse mesmo intervalo. Já valores alocados em ativos correlacionados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) renderam 0,79%.
Nessa quarta-feira, o Banco Central decidiu manter a taxa Selic no atual patamar de 10,5%, alegando que os cenários dentro e fora do Brasil exigem “maior cautela”. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve também manteve os juros inalterados no intervalo entre 5,25% e 5,5%. O presidente do banco central americano, Jerome Powell, porém, adiantou que o início do ciclo de corte pode acontecer em setembro. O movimento, se confirmado, tende a favorecer a valorização das ações no Brasil.
A perspectiva de que a redução dos juros americanos realmente possa acontecer ainda em 2024 tem provocado otimismo nos investidores estrangeiros, que têm se mostrado mais dispostos a correr risco em países emergentes.
Entrada de estrangeiros na Bolsa
Julho foi o primeiro mês de 2024 com saldo positivo para entrada de capital estrangeiro na Bolsa: foram R$ 3,62 bilhões até o dia 29. O índice Ibovespa acumulou onze altas consecutivas — algo que não acontecia há dois anos —, mesmo diante das incertezas sobre o cumprimento das metas fiscais do governo brasileiro.
Analistas do mercado financeiro apontam que, enquanto os investidores institucionais locais se preocupam mais com os ruídos políticos internos, os estrangeiros têm uma visão mais ampla e, em geral, preferem considerar o longo prazo.
A rentabilidade do índice de Small Caps, que reúne um conjunto de ações de empresas de baixa capitalização, também foi de 2,89%. Esses papéis que estão muito descontados (ou seja, sofreram quedas consideráveis e estão baratos) tendem a subir de forma mais expressiva quando o cenário macroeconômico se torna mais favorável, apontam os analistas.
Fundos cambiais e Bitcoin se destacam
Também levou vantagem quem aplicou em fundos cambiais. Esses investimentos que alocam pelo menos 80% dos seus ativos em moedas estrangeiras renderam 1,91%, segundo a Anbima. Já as aplicações em dólar tiveram retorno de 1,58%. No último dia de julho, a divisa americana fechou cotada a R$ 5,6541 em comparação ao real.
Um cabo de guerra tem ajudado o preço do Bitcoin a se manter relativamente estável. No mês de julho, a criptomoeda somou 6,30%, negociada a US$ 64.828 na noite dessa quarta-feira. Beto Fernandes, analista da Foxbit, diz que, se por um lado há fatores que tentam derrubar a cotação, há motivos para a alta.
A disputa eleitoral nos Estados Unidos, incluindo a desistência do presidente Joe Biden, leva a incertezas que provocam aversão a risco. Além disso, o plano de reembolso para os credores da exchange Mt. Gox também prejudica o desempenho do Bitcoin.
A corretora, que sofreu um ataque hacker uma década atrás, está devolvendo cerca de US$ 9 bilhões em criptomoedas para clientes que tiveram os ativos “presos” na plataforma.
A valorização de mais de 10.000% ao longo desse período tem estimulado os clientes afetados — e agora ressarcidos — a venderem suas moedas, o que aumenta a liquidez do mercado.
Por outro lado, a sinalização positiva do Fed para um possível corte nos juros americanos torna todo o setor de renda variável mais convidativo. Fernandes ainda aponta que a alta demanda institucional por criptomoedas tem ajudado o Bitcoin a se manter no território positivo.
— A aprovação dos ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos gerou uma forte entrada de capital institucional, o que permanece — conta.