FMI: PIB do Brasil encolherá 5,3% e desemprego chegará a 14,7% neste ano

Projeção anterior era de avanço de 2,2% em 2020. Economia mundial deve ter maior recessão desde a Grande Depressão
Indústria automotiva: fábricas fechadas por conta da pandemia do coronavírus Foto: Divulgação

WASHINGTON -  O Fundo Monetário Internacional ( FMI) prevê que a economia brasileira encolherá 5,3% em 2020. Em janeiro, a previsão era de crescimento de 2,2%. O número faz parte do relatório 'Panorama Econômico Mundial', lançado nesta terça-feira.

A queda é consequência dos impactos econômicos negativos da pandemia do coronavírus e não atinge apenas o Brasil: a previsão do FMI é que a economia mundial caia 3% , ante avanço de 3,3% na projeção anterior. Será a maior recessão desde a Grande Depressão, em 1930.

IBC-Br:   Sem impacto do coronavírus, prévia do PIB registra crescimento de 0,35% em fevereiro

No relatório "A economia nos tempos da Covid-19", publicado domingo, o Banco Mundial já previa uma retração de 5% na economia brasileira em 2020 . Se confirmada, será a maior retração em 58 anos,  levando em consideração a série histórica do Banco Central, iniciada em 1962.

Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a senadores na semana passada que já trabalha com queda de 4% do PIB brasileiro neste ano se a pandemia se prolongar após julho.

Viu isso?    País já tem R$ 2,2 bi em doações para o combate ao coronavírus

Para o ano que vem, o Fundo prevê crescimento de 2,9% para o Brasil, número 0,6 ponto melhor do que a previsão de janeiro. Para o mundo, a previsão é de crescimento de 5,8%, 2,4 pontos percentuais a mais do que a previsão anterior de janeiro.

Combate à pandemia é prioridade

Durante a coletiva sobre o relatório ''Panorama Econômico Mundial'', a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, afirmou que promover reformas econômicas no Brasil é um projeto importante a médio prazo, mas que, no momento, a prioridade deve ser o combate à pandemia do coronavírus.

– Em termos de reformas econômicas no Brasil, elas são importantes em uma perspectiva de médio prazo, mas, neste momento, claro, a prioridade, como em todos os países no mundo, é lidar com a crise da pandemia.

IATA:    Com pandemia de coronavírus, aéreas devem perder US$ 314 blhões

Gita Gopinath comentou também por que a previsão de crescimento do Brasil para o ano que vem é menor do que a média da América Latina. O FMI prevê que o Brasil crescerá 2,9% no ano que vem, enquanto a região deve crescer 3,4%.

– O Brasil foi atingido por choques múltiplos. Ele foi atingido pelo colapso nos preços das commodities. Foi atingido por um crescimento global mais lento especialmente nos seus parceiros comerciais, incluindo na China recentemente. E claro, a epidemia mesmo no Brasil está levando a distúrbios domésticos sérios. Então todos esses fatores combinados produzem a estimativa que temos. 

Itália: queda de 9,1%

Um dos países que terá a maior queda é a Itália, cujo PIB vai cair 9,1% em 2020, prevê o Fundo. Outros países europeus também verão perdas significativas, entre eles Espanha, que encolherá 8%, França, 7,2% e Alemanha, 7%. Os Estados Unidos verão seu Produto Interno Bruto (PIB) contrair 5,9%.

O Fundo também apresentou suas projeções para o desemprego. A previsão é que, no Brasil, ele cresça de 11,9% no ano passado para 14,7% neste ano e volte a cair levemente no ano que vem para 13,5%.

Colocando em perspectiva o crescimento da economia brasileira com o tamanho da população, a queda na economia brasileira é ainda maior: o fundo prevê queda no PIB  per capita  brasileiro de 5,9% neste ano, e crescimento de 2,2% no ano que vem.

Coronavírus:    União Europeia tem plano de 100 bilhões de euros para combater desemprego devido à pandemia

Na apresentação do relatório, a economista-chefe do fundo, Gita Gopinath, afirma que medidas fiscais, monetárias e financeiras serão necessárias para lidar com os impactos econômicas negativos do coronavírus e que mercados emergentes e economias em desenvolvimento com amplos setores informais podem usar novas tecnologias digitais para conseguir dar apoio a quem precisa. 

A economista-chefe do FMI também afirma que “um esforço global deve garantir que, quando os tratamentos e vacinas para o COVID-19 sejam desenvolvidos, tanto nações ricas quanto pobres tenham acesso imediato”.

Projeções de crescimento feitas pelo FMI Foto: Criação O Globo