NOVA YORK - A fusão da WarnerMedia com a Discovery representa, segundo analistas, uma reviravolta importante para a gigante de telecom AT&T. Seria um recuo nas ambições da indústria de entretenimento da empresa, após anos de trabalho para reunir ativos de telecomunicações e mídia sob o mesmo teto.
A AT&T, agora a empresa não financeira mais endividada do mundo, ganhou algumas das maiores marcas do entretenimento por meio da aquisição da então Time Warner Inc. por US$ 85 bilhões, concluída em 2018.
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Críticos à aquisição à época já diziam que ela aconteceu num momento em que o streaming começava a despontar na indústria. Não por acaso, a WarnerMedia é dirigida atualmente por Jason Kilar, um dos pioneiros do streaming e que foi o primeiro CEO do serviço Hulu.
O Discovery é liderado há uma década e meia por David Zaslav, que o ajudou a se tornar um gigante dos realities. É Zaslav quem estará à frente do novo negócio. Ele é tido como um dos últimos representantes do velho estilo de administração e estratégia na mídia.
Segundo analistas, a nova empresa ainda vai ser lum modelo híbrido, lucrando com a televisão a cabo mas investindo cada vez mais os lucros no setor de streaming.
Não por acaso, com o avanço do streaming, AT&T apostou fortemente no serviço e investiu bilhões de dólares no HBO Max, enquanto o Discovery amealhou milhões de assinantes no Discovery+.
Desfazendo aquisições
John Stankey, o presidente-executivo da AT&T, percebeu seu negócio de mídia como uma forma de impedir que seus clientes de telefonia mudassem para outras empresas. Os assinantes da AT&T Wireless, por exemplo, obtêm descontos e acesso gratuito ao HBO Max.
Um acordo com a Discovery pode incluir regras para que os clientes mantenham esses benefícios.
Ao vender os ativos — como DirecTV, a divisão de animes japoneses Crunchyroll, parte da operação de telefonjia em Porto Rico e um grupo de mídia no Leste europeu —, Stankey está desfazendo uma onda de aquisições empreendida pelo predecessor Randall Stephenson, que passou sua gestão de 13 anos como CEO fortalecendo a empresa.
O acordo ressalta a dificuldade que as empresas de telecomunicações têm enfrentado para obter retorno de suas operações de mídia.
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A Verizon Communications Inc. anunciou seu próprio plano de se desfazer de negócios no início deste mês. A empresa concordou em vender sua divisão de mídia para a Apollo Global Management Inc. por US$ 5 bilhões, deixando marcas on-line como AOL e Yahoo.
Críticos como o fundo investidor ativista Elliott Management Corp. também já haviam redlamado da estratégia original da AT&T, instando-a a se concentrar em seu negócio principal.