Economia

Guedes defende imposto sobre pagamentos, que deve ser incluído na reforma tributária

Ideia do governo é que nova taxa substitua os tributos incidentes sobre a folha de salários das empresas
O ministro da Economia, Paulo Guedes, rebate críticas à cumulatividade do tributo Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
O ministro da Economia, Paulo Guedes, rebate críticas à cumulatividade do tributo Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

BRASÍLIA — O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta quarta-feira a criação de um imposto sobre pagamentos. Conforme mostrou O GLOBO, a ideia de Guedes é substituir os tributos sobre a folha de salários das empresas por esse imposto de pagamentos. A medida deve ser incluída em uma das fases da reforma tributária que o ministério quer enviar ao Congresso Nacional.

Guedes rebateu críticas ao imposto sobre pagamentos. Uma delas, disse o ministro, diz respeito à cumulatividade do tributo. Ele afirmou que os tributos sobre a folha são ainda mais cumulativos.

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— Eu pedi a várias indústrias de cadeia longa para fazer os cálculos. Alguns cálculos mostraram que um imposto de 0,2% sobre pagamentos, por exemplo, cumulativo em dez cadeias, chegava a 5%. Só que se fizer o efeito cumulativo sobre a folha de salários dá 14%. Quer dizer, é muito maior o efeito cumulativo do imposto da folha do que do imposto sobre pagamentos — disse o ministro, em entrevista à rádio Jovem Pan.

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Sem prejuízo para os mais pobres

Outra crítica citada por Guedes é a de que esse novo imposto iria prejudicar os mais pobres. Ele citou o impacto da eventual medida sobre o Bolsa Família, dizendo que vai subir o pagamento do benefício mensal para R$ 250.

— É proporcional. Se eu pego o Bolsa Família, 0,2%, ia ficar com R$ 199,60 para você e pagava R$ 0,40. Nós vamos pegar o Bolsa Família e levar para R$ 250, qual o problema de pagar 40 centavos? Essa crítica é se esconder atrás do pobre — afirmou.

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Guedes afirmou ainda que um imposto sobre pagamentos teria mais efetividade porque teria uma base maior.

A ideia não é nova, mas foi abandonada por Guedes no ano passado quando foi o presidente Jair Bolsonaro rejeitou propostas de impostos similares à antiga CPMF.

Na ocasião, o então secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, perdeu o cargo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também já rejeitou a ideia e disse que dificilmente passaria no Congresso .