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Economia

Highline já estuda nova oferta pela telefonia celular da Oi, após rivais elevarem proposta por tele carioca

Empresa é controlada pela gestora americana Digital Colony e tem até 3 de agosto para cobrir preço ofertado por TIM, Claro e Vivo
Sede da Oi na Vila Olímpia, em São Paulo: operação celular da empresa é alvo de disputa Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Sede da Oi na Vila Olímpia, em São Paulo: operação celular da empresa é alvo de disputa Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

RIO — Em plena crise do novo coronavírus e em processo de recuperação judicial, a Oi vive uma guerra de ofertas. A americana Highline já estuda fazer uma contraproposta pelos ativos móveis da tele carioca. Na noite de segunda-feira, o grupo formado por Claro, Vivo e TIM informou que está disposto a pagar R$ 16,5 bilhões pela operação de telefonia celular da empresa, que conta com 34 milhões de clientes.

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Além disso, as três maiores empresas do setor afirmaram que pretendem fazer um contrato de aluguel de rede da Oi a longo prazo.

Segundo fontes, executivos da Highline, controlada pela gestora americana Digital Colony, estão estudando uma nova oferta pelo ativo da Oi. A companhia fechou exclusividade para negociar com a Oi até 3 de agosto. Ela tem até essa data para acertar nova oferta que barre a das concorrentes.

Ação sobe 123% no ano

A disputa pela operação de celular da Oi fez as ações da companhia dispararem na Bolsa de Valores (B3). Nesta terça, os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) encerraram em alta de 44,27%, a R$ 2,77. No ano, a ação registra avanço de 123%. Já o papel PN da Vivo teve avanço de 2,45%, para R$ 50,97. As ações ordinárias (ON, com direito a voto) da TIM subiram 2,13%, para R$ 14,88. A Claro não tem ações negociadas no mercado brasileiro.

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Na noite de segunda-feira, o grupo formado por Claro, TIM e Vivo divulgou comunicado ao mercado reafirmando o interesse na Oi, após os seus conselhos de administração terem autorizado uma nova oferta pelo principal ativo da tele.

Segundo o comunicado das empresas, a “revisão da oferta vinculante reafirma o interesse em relação à aquisição dos ativos móveis do Grupo Oi, bem como em contribuir com a continuidade do desenvolvimento da telefonia móvel no país, considerando a larga experiência global que possui no setor de telecomunicações e o profundo conhecimento do mercado brasileiro”.

A mensagem irritou os representantes da Highline. A empresa não atua como operadora de telecomunicações e é dona apenas de infraestrutura do setor, como torres de telefonia.

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Segundo fontes do setor, a estratégia da Highline seria comprar a operação móvel da Oi e, por meio de um leilão, “vender” os milhões de clientes da empresa. Em seguida, o fundo dos EUA que controla a Highline alugaria as frequências móveis da Oi para as companhias do setor, atuando no chamado “mercado de atacado”.

A estratégia é criticada pelas rivais e pode encontrar resistência dentro do governo.

O problema, explicam as fontes, é que o modelo pensado pela Highline é incipiente e não há previsão legal no país para que ele seja posto em prática. Segundo uma fonte do governo, o tema ainda será discutido.

A simples aceitação do modelo poderia gerar uma onda de questionamentos contra a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Segundo essas mesmas fontes, órgão regulador “não pode mudar a regra no meio do jogo”.

A Vivo, que divulga nesta quarta-feira seu resultados financeiros, lembra que a oferta do grupo “também endereça as necessidades financeiras do Grupo Oi para que este possa implementar seu plano estratégico e atender seus credores”.

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Direito de preferência

Em meio às especulações e dúvidas, a Oi soltou nesta tarde um comunicado reafirmando que a Highline tem o direito de preferência até semana que vem e pode negociar um novo preço com a tele. A Highline já havia feito uma proposta para comprar por R$ 1,076 bilhão a unidade de torres da Oi, que também está à venda.

A empresa avalia ainda a compra de até metade da empresa de fibra óptica, a InfraCo, ativo que também está no foco do BTG.

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A venda dos ativos ainda vai precisar passar pelo crivo dos credores em uma assembleia, que deve ocorrer em meados de agosto, no Rio. A Oi hoje enfrenta resistência dos bancos (Caixa, Itaú e Banco do Brasil), que criticam a estratégia da tele de vender parte de suas operações. Eles questionam ainda o corte de 60% de seus créditos a receber, proposto pela Oi. Nas duas próximas semanas, a Justiça fará uma mediação com os principais credores para tentar chegar a uma solução.

O que está à venda

Operação móvel

A Oi quer vender sua operação de telefonia móvel. O preço inicial é de R$ 15 bilhões. O BTG já avaliou o ativo em R$ 20 bilhões. Claro, TIM e Vivo fizeram uma proposta de R$ 16,5 bilhões.

Rede de fibra óptica

O plano prevê a criação de uma nova empresa que vai reunir os ativos de infraestrutura em fibra óptica, a InfraCo. O objetivo da tele é vender de 25% a 51% das ações, arrecadando entre R$ 6,5 bilhões e R$ 13 bilhões. BTG e Amos Genish estão interessados no ativo. A venda deve ocorrer até ano que vem.

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Torres de radiofrequência

As torres de radiofrequência internas e externas serão reunidas em uma unidade de negócios que será vendida. A tele já anunciou que está em conversas com a empresa Highline, controlada pelo fundo Digital Colony, que ofereceu R$ 1,076 bilhão. A expectativa é fechar o negócio em outubro.

Data center

A tele vai se desfazer de seus data centers, com valor inicial de R$ 325 milhões. São cinco, localizados em Curitiba, Porto Alegre, São Paulo e Brasília (com duas unidades). A companhia tem proposta vinculante com o fundo de investimento Piemont Holding. A venda deve correr em outubro, também em leilão.