Economia Imóveis

Vendas de imóveis caem, com juros mais altos e aumento nos preços dos materiais de construção

Queda no terceiro trimestre foi de 11% ante os três meses anteriores. Lançamentos residenciais, porém, continuam crescendo, diz associação do setor
Lançamentos de imóveis residenciais crescem no 3º trimestre, mas vendas caem Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo
Lançamentos de imóveis residenciais crescem no 3º trimestre, mas vendas caem Foto: Roberto Moreyra / Agência O Globo

SÃO PAULO - As vendas de imóveis recuaram no terceiro trimestre, após meses de expansão. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), a retração resulta do aumento de custos de materiais de construção e queda no poder de compra da população, com o encarecimento dos financiamentos.

A queda sobre os três meses imediatamente anteriores foi de 11,2%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2020, o recuo foi de  9,5%.

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A venda de imóveis vinha crescendo desde o ano passado, quando os juros básicos estavam na mínima histórica, de 2% ao ano. A Selic serve como referência para vários financiamentos, incluindo o crédito habitacional. A taxa começou a subir neste ano, numa tentativa do Banco Central (BC) de controlar a inflação.

A Cbic disse que houve uma "inflexão nas vendas". Segundo ela, o aumento dos custos de produção não foi acompanhado por ajustes nos limites máximos de preços do programa governamental Casa Verde Amarela, que até então representava a maior parte das vendas de unidades do país.

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Segundo a entidade, os ajustes recentemente implantados no programa federal vão ter efeito a partir do quarto trimestre.

Preços dos imóveis devem subir

Apesar na queda das vendas, os lançamentos de imóveis residenciais subiram 7% na comparação com os três meses imediatamente anteriores e 13,6% ante o período de julho a setembro de 2020.  Para a Cbic, 2021 deve ser o ano de maior venda e lançamentos da história do setor.

Os lançamentos de 171 mil unidades nos nove primeiros meses do ano representam uma alta de 37,6% sobre um ano antes, enquanto as vendas de US$ 78,5 bilhões na métrica VGV representam um crescimento de 33,8% na mesma comparação.

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- Esse ano vamos fechar com contratação de 350 mil, 400 mil novos empregos porque vendemos muito bem nos últimos meses, e já tínhamos aumentado 10% no ano passado. Mas o emprego de amanhã precisa da venda de hoje, e ela caiu - disse o presidente da Cbic, José Carlos Martins, em entrevista a jornalistas.

A entidade também informou que a inflação dos materiais de construção medido pelo INCC "indica que teremos aumentos de preços (de imóveis) nos próximos trimestres".