RIO e SÃO PAULO - A crise na indústria é grave, mas o setor que produz máquinas e equipamentos para aumentar a capacidade produtiva do país está pior. A produção de bens de capital , essenciais para o avanço da atividade, ainda está 41,9% menor que em seu melhor momento, em 2013.
Tombo bem superior ao da indústria geral, que está 18% abaixo do seu pico, registrado em 2011.
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— O setor de máquinas e equipamentos fecha o ano no campo negativo, com queda de 0,4%. Em oito meses, sete foram negativos e um estável. Está claramente descolado das demais categorias econômicas — afirma André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE.
Segundo o técnico, a produção de máquinas e equipamentos vem diminuindo o ritmo desde agosto de 2018:
— Esse ambiente de incerteza e a alta capacidade ociosa adiam novos projetos de investimento. Esse indicador mede o humor do empresário.
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A própria indústria está investindo pouco, a ponto de a produção de máquinas e equipamentos para o setor estar 39,9% abaixo do patamar de 2012. O pior é o de transporte. A crise na Argentina afetou as vendas de caminhões e tratores. Assim, a fabricação desses produtos está 50,6% menor do que em 2012.
— O fato de ter perdido um canal importante das exportações de caminhões e tratores, com a recessão na Argentina, afeta segmentos mais focados nos automóveis e todo o restante do setor produtivo atrelado a eles — diz Macedo.
Capital perdido
A ociosidade alta da indústria também impede que se produzam mais máquinas e equipamentos. O setor só ocupa 75,6% da sua capacidade, bem abaixo da média histórica, de 82%.
— O uso da capacidade instalada de diversos setores ainda está muito baixo. Isso varia muito de segmento para segmento, mas a lentidão da economia, mesmo que influenciada por outros fatores, como o coronavírus, não incentiva o investidor — diz Thiago Xavier, economista da consultoria Tendências.
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Depois de tanto tempo de economia em crise, com dois anos de recessão e três de estagnação, essa capacidade ociosa talvez tenha se perdido, segundo o economista do Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rafael Cagnin:
— Esse capital talvez tenha sido queimado. Talvez não seja mais capacidade ociosa, seja capital perdido. Quando há crises muito prolongadas, a capacidade produtiva se perde nesse processo.
Para Cagnin, a falta de demanda, com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo ao ritmo de 1% desde 2017, também explica a baixa produção.