Finanças
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Por Vitor da Costa; Letycia Cardoso; Agências Internacionais


Funcionário na sede do Nubank, em São Paulo Divulgação — Foto:
Funcionário na sede do Nubank, em São Paulo Divulgação — Foto:

NOVA YORK — As ações do Nubank, negociadas na Bolsa de Nova York (Nyse), apresentam volatilidade nesta terça-feira. Ao final do dia, os papéis cederam 6,21%, negociados a US$ 4,08, após já terem operado no campo positivo.

As BDRs do banco digital (NUBR33) também tiveram uma queda de proporção semelhante, 7,40%, com papéis negociados a R$ 3,38.

Após o fechamento do mercado na segunda-feira, o banco digital divulgou seu balanço do primeiro trimestre. A empresa reportou um aumento na receita que superou as expectativas, fazendo com que as ações registrassem alta no after market.

No entanto, seguem dúvidas entre os investidores se a fintech irá conseguir manter o ritmo de crescimento no longo prazo.

Nesta terça-feira, terminou o lock-up dos papéis da companhia. O instrumento era uma restrição à venda de ações do banco digital antes da divulgação dos resultados. Essa liberação só vale para fundadores e acionistas pré-IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla, em inglês).

Dessa forma, os investidores podem se desfazer dos ativos a partir de então.

De acordo com estimativas da Bloomberg, com base no prospecto e outros documentos regulatórios, um total de US$ 26 bilhões em papéis poderá passar a ser negociado em mercado.

Alisson Lacerda, assessor de investimentos da Ável, diz que após o lock-up, os investidores tendem a querer realizar seus lucros. No entanto, acredita que esse movimento não irá com o Nubank, que já teve desvalorização superior a 60% desde o seu IPO.

Para ele, apesar dos resutados positivos reportados, os analistas seguem preocupados com a qualidade dos ativos:

— Houve forte expansão, mas há uma cautela em relação à sustentabilidade do crescimento diante da aceleração do crédito (que tem ficado mais caro pelas altas na taxa de juros).

Dúvidas persistem

O estrategista da Avenue Securities, Guilherme Zanin, avalia os resultados do balanço como positivos, mas ressalta que é difícil acreditar na manutenção do ritmo de crescimento no longo prazo. Esse ceticismo, segundo ele, vem sendo refletido nas ações.

Para Zanin, a inadimplência subiu, pois a fintech ampliou a carteira de crédito. Esse cenário deve continuar até o final do ano. A dificuldade da empresa em monetizar a grande base de clientes também gera preocupação.

— Dado o crescimento da carteira de crédito e da base de usuários era natural que a inadimplência subisse. O que preocupa é se isso vai continuar para os próximos anos.

O Nubank adicionou 5,7 milhões de novos clientes neste trimestre, atingindo o patamar de 59,6 milhões. O número atual representa um avanço de 61%.

A receita média mensal por cliente ativo subiu para US$ 6,7, um aumento de US$ 3,2 em relação ao ano anterior. Em média, o custo por cliente caiu para 70 centavos por mês, de 80 centavos um ano atrás.

— Esse número é significativamente menor que o de todos os bancos brasileiros tradicionais e preocupa dado que a instituição não está conseguindo gerar resultados consistentes para o longo prazo. O Nubank precisa ganhar bastante eficiência operacional seja na linha de crédito seja nas demais áreas de produtos.

A sócia e analista da Nord Research, Danielle Lopes, destaca que os resultados vieram acima das expectativas do mercado. No entanto, ela também segue cética devido a lentidão da empresa em monetizar a base de clientes recentes.

— Vemos alguns aumentos importantes nos números, que acabam sendo esperados ao longo do tempo com uma mínima movimentação correta da empresa, com uma enorme base de clientes e ainda receitando pouco em cada um. Com o cenário ainda incerto de juros e inflação, o Nubank não deverá conseguir crescer muito sem tentar alguma aquisição mais arriscada para o negócio.

Lock-up preocupa?

Sobre o lock-up, Zanin destaca que os investidores institucionais possuem um pensamento de mais longo prazo e que podem esperar para fazer movimentos mais bruscos. Por outro lado, eles exercem maior pressão sobre o papel, caso decidam vender suas ações.

— Caso a fintech não consiga apresentar crescimento, agora, eles não têm mais essa garantia de que esses investidores vão se manter com a instituição. Não exerceu pressão vendedora no curto prazo, mas deixa a instituição financeira mais vigilante.

Para ele, a internacionalização da empresa pode ser um catalisador de investimento para o Nubank, especialmente com a expansão de sua atuação no México e Colômbia.

— Esse é um processo que não é fácil. Diversas instituições financeiras já tentaram — disse Zanin, citando o caso do BTG que conseguiu se fixar apenas no Chile.

Cenário externo adverso

Os analistas também destacam que o desempenho da ação é prejudicado pelo ambiente externo mais desafiador para empresas com teses de crescimento futuro, como é o caso do Nubank.

Essas companhias tendem a ser mais sensíveis ao aumento anos taxas de juros, isso em um momento em que o Federal Reserve, Banco Central americano, já sinaliza para um aperto monetário agressivo.

A ação atingiu a mínima histórica de US$ 3,69 na semana passada, patamar bem abaixo dos US$ 9 da época em que fez o IPO.

— O Nubank estava inserido no mercado internacional, onde os investidores estavam mais avessos ao risco e diante de uma fintech que não apresenta fluxo de caixa positivo nem lucro líquido significativo — disse o estrategista da Avenue.

Para Danielle, da Nord, casa voltada para o pequeno investidos, os papéis ainda estão caros mesmo com a desvalorização recente.

— Nos últimos meses, foi muito questão macro. Era literalmente uma forma do mercado estar antecipando que o Nubank teria complicações. Após esse primeiro resultado com números mais positivos, se a ação continuar caindo, demonstra um pouco mais de ceticismo.

Lucro recorde

O Nubank registrou lucro líquido ajustado de US$ 10,1 milhões no primeiro trimestre, revertendo o prejuízo de US$ 13,1 milhões no mesmo período do ano anterior.

No entanto, inadimplência cresceu, chegando a 4,2% no fim de março. O indicador subiu 0,7 ponto percentual em relação a dezembro e 1,5 ponto na comparação anual.

— Este é o trimestre mais forte da história da Nu. Alcançamos quase 60 milhões de clientes e uma taxa de atividade recorde de 78% — disse o CEO da empresa, David Velez.

A empresa disse que o prejuízo líquido encolheu para US$ 45,1 milhões, de US$ 49,4 milhões um ano antes. A receita mais que triplicou para US$ 877,2 milhões em relação ao ano anterior.

Em relatório, analistas do UBS BB avaliaram os números como positivos, principalmente pelo lado operacional.

“Apesar da bandeira amarela com a magnitude do aumento do índice de inadimplência, gostamos dos resultados do Nu no primeiro trimestre, principalmente considerando o impacto que a expansão de clientes e empréstimos deve ter nos resultados globais de médio e longo prazo”, destacaram os analistas Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Rayna Kumar.

O banco tem recomendação de compra com preço alvo de US$ 11,75 por ação.

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