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Dólar cai e Bolsa sobe, mesmo com aversão ao risco no exterior diante das tensões entre Rússia e Ucrânia

Moeda americana volta a ser negociada na casa dos R$ 5,21. Mercados na Ásia e Europa apresentam fortes baixas com possiblidade de conflito
Bolsas na Europa e Ásia tinham baixas com acirramento da tensão entre Rússia e Ucrânia. Mercado doméstico se descolava no início dos negócios. Foto: STAFF / REUTERS
Bolsas na Europa e Ásia tinham baixas com acirramento da tensão entre Rússia e Ucrânia. Mercado doméstico se descolava no início dos negócios. Foto: STAFF / REUTERS

RIO — O mercado financeiro brasileiro voltou a se descolar dos seus pares globais nesta segunda-feira, mesmo com um ambiente de maior aversão ao risco no exterior.

O dólar fechou em queda ante o real enquanto a Bolsa  de São Paulo, a B3, teve nova alta. No fim do pregão, a moeda americana teve queda de 0,43%, negociada a R$ 5,2186. É a menor cotação de fechamento desde 06 de setembro de 2021, quando terminou negociado em R$ 5,1760

O Ibovespa subiu 0,29%, aos 113.899 pontos.

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As preocupações com a possibilidade de uma invasão da Ucrânia por tropas russas derrubaram as bolsas na Ásia e na Europa e prejudicaram o desempenho dos mercados americanos.

O conflito iminente também influenciou o preço de commodities importantes como o petróleo , que ultrapassou a barreira dos US$ 96 pela manhã, e o gás natural.

O principal índice da B3 conseguiu subir mesmo com a queda dos papéis da Petrobras e dos bancos, que devolveram parte dos ganhos vistos na sexta-feira.

Ao longo do dia, o lado russo buscou acalmar o ambiente. Duas reuniões do presidente Vladimir Putin que tiveram trechos exibidos pela televisão da Rússia pareceram indicar um recuo no cerco militar à Ucrânia que levou os países ocidentais a alertarem para uma invasão iminente do país.

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, pretende usar a sua viagem a Moscou , nesta terça-feira, para pressionar Vladimir Putin a não atacar o país vizinho. Os países possuem uma importante ligação comercial.

Fluxo ajudou, de novo

Para o analista da Terra Investimentos, Regis Chinchila, a entrada de fluxo estrangeiro, novamente, ajudou nosso mercado.

Desde o início do ano, o mercado doméstico vem se beneficiando de uma rotação na carteira dos investidores globais, que têm procurado ações de “valor”, como são chamadas as empresas de histórico mais consolidado, e abandonado companhias que apostam em teses de “crescimento”, como aquelas do setor de tecnologia.

A rotação estimula a entrada de fluxo estrangeiro no país, ajudando os ativos locais a apresentarem um desempenho melhor que seus pares.

— Isso tem segurado a performance do índice. Até porque no ano de 2021, o Ibovespa teve um descolamento e, agora, estamos vendo o movimento contrário.

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Até o pregão do dia 10 de fevereiro, o fluxo estrangeiro no segmento secundário da B3, aquele com ações já listadas, estava positivo em R$ 42,289,8 bilhões.

— Tivemos um pregão marcado pelo mau humor externo. O fluxo estrangeiro continua vindo forte, o que permitiu uma nova queda do dólar — destacou o especialista de Finanças da Toro Investimentos, Josias de Matos.

Para Chinchila, caso o conflito realmente ocorra, isso pode gerar uma reversão nessa entrada de recursos.

— Se realmente houver o conflito, devemos ter um movimento de realização de lucros e de busca por proteção. Normalmente, o investidor acaba preferindo opções mais conservadoras e migrando para a renda fixa.

Europa e Ásia têm forte queda

As bolsas americanas fecharam com direções contrárias. O índice Dow Jones cedeu 0,49% e o S&P, 0,38%. A Bolsa Nasdaq fechou estável.

Na Europa, as bolsas fecharam com fortes quedas. A Bolsa de Londres cedeu 1,69% e a de Frankfurt, 2,05%. Em Paris, ocorreu baixa de 2,27%.

As bolsas asiáticas fecharam com baixas. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, cedeu 2,23%. Em Hong Kong, ocorreu queda de 1,41% e, na China, de 0,98%.

Petrobras e Vale caem

Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) cederam 2,58% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 2,25%.

As ordinárias da Vale (VALE3) caíram 0,43% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 0,25%.

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No setor financeiro, as preferenciais da Usiminas (USIM5) subiram 0,97%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) caíram 0,23% e as do Bradesco (BBDC4) subiram 0,14%.

Na ponta positiva, destaque para as units do Banco Inter (BIDI11), com alta de 7,84% e para as ordinárias da Petz (PETZ3), com avanço de 6,59%.

BB lucra R$ 21 bi em 2021

Após o fechamento do mercado, o Banco do Brasil divulgou balanço com lucro líquido de R$ 21 bilhões em 2021, em linha com o previsto pelos analistas.  Em comparação com o resultado de 2020, foi uma alta de 51,4%.

O banco estatal indicou que espera ampliar os ganhos apra algo entre 23 bilhões e R$ 26 bilhões neste ano, segundo informou o Valor Pro.

No quarto trimestres de 2021, o lucro do BB supreendeu as previsões com R$ 5,9 bilhões, 15,4% maior que no terceiro trimestre e 60,5% acima do registrado no mesmo período de 2020.

Semana tem ata do Fed

Além de acompanhar o noticiário geopolítico, a semana do mercado conta com a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, banco central americano.

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A velocidade do aperto monetário nos EUA é outro assunto que tem preocupado os investidores, principalmente, após a divulgação de números de inflação acima do esperado na semana passada.

A divulgação do documento pode dar pistas sobre o que os dirigentes do banco pensam sobre o ritmo de elevação das taxas básicas.

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— A ata do Fed é o fato mais importante da semana. Dados de índice de preços ao produtor também vão dar direção em relação ao aperto monetário nos Estados Unidos. Esse é um ponto que o mercado tem se debruçado bastante para entender qual vai ser a velocidade do aperto — destaca o analista da Terra.

Na cena interna, os investidores seguem avaliando a divulgação de balanços do quarto trimestre de 2021. Após o fechamento desta segunda-feira, o destaque vai para os números do Banco do Brasil.

Além do noticiário corporativo, eles monitoram o andamento das negociações sobre a desoneração dos combustíveis no Congresso.

Boletim Focus: mais inflação e juros

O mercado elevou as estimativas de inflação e juros ao final do ano. É o que mostra o Boletim Focus, relatório semanal divulgado pelo Banco Central (BC).

A projeção de inflação para o fim de 2022 subiu de 5,44% para 5,50%, a quinta semana consecutiva de alta. O número está acima do teto da meta do BC, que é de 5%.

A expectativa para o término de 2023 manteve-se inalterada em 3,50%.

No caso da Selic, houve aumento da projeção de 11,75% para 12,25% ao fim de 2022. A previsão para o término de 2023 manteve-se inalterada em 8%.

A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) continuou em 0,30% no fim deste ano. Para o término de 2023, houve redução de 1,53% para 1,50%, terceiro corte consecutivo.