Finanças
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Por Vitor da Costa; Agências Internacionais


Decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil são destaque no dia dos mercados. Agência O Globo — Foto:
Decisões de juros nos Estados Unidos e no Brasil são destaque no dia dos mercados. Agência O Globo — Foto:

RIO — Após um pregão de volatilidade, o dólar fechou em queda ante o real e a Bolsa subiu nesta quarta-feira. Os ativos domésticos foram influenciados pela decisão do Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos, de elevar a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual e pelas sinalizações dadas pelo seu presidente, Jerome Powell, que aliviou temores de um aperto monetário ainda mais forte no país.

A moeda americana teve baixa de 1,26%, negociada a R$ 4,9000 após atingir a máxima de R$ 5,0356.

O Ibovespa subiu 1,70%, aos 108.344 pontos. O principal índice da B3 chegou a operar no campo negativo durante boa parte do dia, mas acompanhou a expressiva melhora de humor nas bolsas americanas após as falas de Powell.

Fed eleva juros

No caso do Fed, o anúncio representa a entrada em uma fase mais severa do aperto monetário do país. É o maior aumento nas taxas de juros desde 2000 e a segunda elevação consecutiva.

Em seu comunicado, o banco ressaltou que, embora a atividade econômica geral tenha diminuído no primeiro trimestre, os gastos das famílias e o investimento fixo das empresas permaneceram fortes.

"Os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego diminuiu substancialmente. A inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços", destacou o banco.

O Fed também ponderou os efeitos negativos que a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia e os lockdowns na China podem exercer na economia americana. Sobre a guerra, os membros do banco ainda consideram os efeitos como "altamente incertos".

O banco deu maiores detalhes sobre o enxugamento de seu balanço patrimonial, que está na casa dos US$ 9 trilhões. O Fed começará a permitir que suas participações em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas diminuam em junho a um ritmo mensal combinado inicial de US$ 47,5 bilhões, aumentando em três meses para US$ 95 bilhões.

A redução inicial do balanço será de US$ 30 bilhões em títulos dos EUA por mês. Após três meses, o montante aumentará para US$ 60 bilhões por mês.

Para dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, o limite será inicialmente fixado em US$ 17,5 bilhões por mês e, após três meses, aumentará para US$ 35 bilhões por mês.

Em entrevista após o anúncio, Powell descartou altas maiores nas taxas para as próximas reuniões, ao afirmar que “não é algo que o Comitê esteja considerando ativamente”. Já havia o receio, por parte do mercado, de uma elevação na casa dos 0,75 ponto percentual.

A declaração ajudou a impulsionar as ações das bolsas americanas.

Fala de Powell anima mercados

Para o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima, a combinação do comunicado com a entrevista de Powell foi mais dovish, favorável à manutenção de estímulos, do que o mercado esperava.

— O conteúdo principal da mensagem não foi tão vigilante quanto à inflação como o mercado estava esperando. Mostrou que eles querem seguir com a trajetória de 0,50 ponto percentual para as próximas reuniões. Ele (Fed) vai trazer a taxa para 2,5% a 3% ao longo do ano.

Lima acrescenta:

— Ele (Powell) deu muita condicionalidade aos dados econômicos e à alta incerteza que estamos vivendo. Foi cuidadoso na medida em que ele podia. Falou que estava atento à inflação e se o cenário mudar vai ser mais agressivo, mas isso não estava nos planos.

O sócio da Nexgen Capital, Felipe Izac, ressalta que as decisões, tanto da alta de juros quanto a respeito dos títulos foram unânimes, o que sinaliza a preocupação dos dirigentes com a inflação alta e persistente no país.

— Deixaram claro que tem espaço para subir mais a taxa de juros, mas que a economia do país permanece forte.

À espera do Copom

No caso brasileiro, é consensual que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá elevar a Selic em 1 ponto percentual, a 12,75% ao ano.

A dúvida dos agentes de mercado é saber se a alta de juros para combater uma inflação que não dá sinais de trégua vai se encerrar nesta quarta ou se teremos novos aumentos.

Boa parte do mercado já prevê mais elevações, mesmo que de forma residual, nos próximos encontros.

Além das reuniões de políticas monetárias, os investidores seguem repercutindo os balanços corporativos do primeiro trimestre, que podem influenciar no preço dos ativos.

Marfrig: bons resultados operacionais

Impulsionada pelo cenário favorável aos seus negócios na América do Norte e com uma melhora de desempenho na América do Sul, a Marfrig apresentou elevações em seus resultados operacionais.

O lucro líquido consolidado foi de R$ 109 milhões, queda de 61,1% ante o mesmo período do ano passado. No entanto, isso ocorreu devido ao reflexo de R$ 795 milhões de investimento feito para a consolidação da participação de 33,27% na BRF.

A receita líquida total foi de R$ 22,3 bilhões, alta de 29,6% ante o mesmo período do ano passado. O resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) aumentou 60,9%, para R$ 2,7 bilhões.

A receita líquida norte-americana registrou alta de 35,4%, para R$ 15,9 bilhões. Já na América do Sul foi de R$ 6,5 bilhões, avanço de 41,2% ante o primeiro trimestre de 2021.

Em relatório, analistas da XP avaliaram o trimestre como forte, com preços e volumes mais altos impulsionados pela demanda mais do que compensando os maiores custos, tanto na América do Norte quanto na América do Sul.

“Olhando para frente, vemos acomodação das margens nos EUA e um cenário desafiador na América do Sul considerando a deterioração do cenário macro”, destacaram os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.

A XP mantém recomendação de compra para a ação, com preço alvo de R$ 34,80.

As ações ordinárias da empresa (MRFG3, com direito a voto) caíram 7,76%.

Petrobras sobe e Vale cai

As ordinárias da Petrobras (PETR3) subiram 4,72% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 6,02%.

As ordinárias da Vale (VALE3) cederam 0,84% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3) subiram 2,63%.

As prefereciais da Usiminas (USIM5) subiram 1,77%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) tiveram queda de 0,13% e as do Bradesco (BBDC4) subiram 1,44%.

Petróleo tem alta, com anúncio da UE

Os preços dos contratos futuros do petróleo apresentavam fortes altas pela manhã depois que a União Europeia (UE) anunciou um plano para eliminar gradualmente as importações do setor de energia russo.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs na quarta-feira um embargo de petróleo em fases, além e sancionar o principal banco da Rússia, em uma tentativa de aprofundar o isolamento de Moscou.

As medidas da Comissão incluem a eliminação gradual do fornecimento de petróleo russo dentro de seis meses e produtos refinados até o final de 2022, disse von der Leyen. Ela também se comprometeu a minimizar o impacto nas economias europeias.

A medida eleva as preocupações a respeito da oferta da commodity.

O preço para o contrato de julho do petróleo tipo Brent subiu 4,9%, negociado a US$ 110,14, o barril.

Já o preço para o contrato para junho do petróleo WTI para junho avançou 5,3%, cotado a US$ 107,81, o barril.

Bolsas no exterior

As bolsas americanas fecharam com fortes altas após as falas de Powell. O índice Dow Jones subiu 2,81% e o S&P, 2,99%. Em Nasdaq, ocorreu alta de 3,19%.

Na Europa, as bolsas fecharam combaixas. A Bolsa de Londres caiu 0,90% e a de Frankfurt, 0,49%. Em Paris, ocorreu queda de 1,24%.

Na Ásia, o dia foi de menor liquidez devido ao não funcionamento das bolsas de Tóquio e Xangai devido a feriados. Em Hong Kong, houve queda de 1,10%.

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