Economia Macroeconomia

Desemprego fica estável em março, mas renda volta a subir, com mais vagas formais

Taxa fica em 11,1%, com abertura de vagas entre os trabalhadores com carteira. Rendimento avança 1,5% para R$ 2.548, ante trimestre anterior
Número de trabalhadores com carteira assinada subiu 1,1% no trimestre. Eram 34,9 milhões em março, ou 380 mil mais que no trimestre encerrado em dezembro Foto: Agência O Globo
Número de trabalhadores com carteira assinada subiu 1,1% no trimestre. Eram 34,9 milhões em março, ou 380 mil mais que no trimestre encerrado em dezembro Foto: Agência O Globo

RIO - A taxa de desemprego ficou em 11,1% no trimestre encerrado em março, estável em relação ao último trimestre do ano passado, segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. O índice é o menor para o período desde 2016. Mas ainda há 11,9 milhões em busca de uma vaga.

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Em relação aos três meses encerrados em fevereiro, a taxa também ficou estável. Naquele mês, estava em 11,2% e já havia sido a menor para o período desde 2016.

Na metodologia do IBGE, para ser considerado desempregado não basta não ter emprego. É preciso que a pessoa esteja ativamente buscando uma oportunidade.

O que explica essa estabilidade, segundo a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, é que não houve crescimento na busca por trabalho. Há uma sazonalidade nesse processo, diz Beringuy:

— Tem a ver com o período de férias. Muitas pessoas interrompem a busca por trabalho, principalmente mulheres com filhos, por não ter creche funcionando. Também [interrompem essa busca] os estudantes, em virtude das férias.

Fernando Holanda Barbosa Filho, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV IBre, pondera que a melhora observada no mercado de trabalho é fruto de uma volta à normalidade no pós-pandemia, com a recuperação das vagas formais que foram perdidas nos últimos dois anos, e não uma mudança na dinâmica do mercado:

— A dinâmica ao longo deste ano deve continuar sendo ditada pela parte informal, com o avanço do trabalho por conta própria e sem carteira, o que ocorreu desde a crise de 2015 e 2016. A previsão é que a taxa de desemprego caia, mas não saia dos dois dígitos tão cedo. O ambiente turbulento no mercado internacional e o aumento dos juros pelo BC para controlar a inflação deve fazer com que a economia fique ainda mais restrita, fazendo com que a recuperação seja mais suave, o que acarreta numa redução do salário real.

Mais vagas formais

No mercado de trabalho, o destaque da divulgação foi o aumento dos trabalhadores com carteira assinada. A queda de 0,5% da população ocupada, frente o trimestre anterior, foi suavizada pela expansão do emprego formal.

Eram 34,9 milhões de trabalhadores com carteira em março, ou 380 mil mais que no trimestre encerrado em dezembro (alta de 1,1%).

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Todas as atividades - como o comércio, indústria, alojamento e alimentação, serviços domésticos - apresentaram estabilidade no seu contingente de trabalhadores na comparação com o trimestre anterior.

Apenas o setor da construção teve redução. Houve redução de 252 mil empregados nesse segmento, com perdas principalmente entre os empregados por conta própria e sem carteira, que representam parcela relevante dos ocupados nessa atividade.

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Entre os trabalhadores informais, houve redução de 1,9%, totalizando 38,2 milhões de pessoas. Os trabalhadores por conta própria tiveram queda de 2,5% na comparação com dezembro, para 25,3 milhões de pessoas. Desse contingente, 475 mil eram trabalhadores sem CNPJ.

Já o número de empregadores cresceu 5,7% no primeiro trimestre, tendo o ofício formal respondido por boa parte desse número: 186 mil desses empregadores tinham CNPJ.

Renda real volta a crescer após tombo recorde

A pesquisa aponta que o contingente de empregados com carteira registrou a quarta alta seguida, embora venha perdendo força, já que a expansão foi mais intensa nos trimestres anteriores que agora. Mesmo assim, o avanço da formalidade impulsionou a melhora no rendimento.

A renda real do trabalhador voltou a crescer na comparação com o quarto trimestre de 2021, quando atingiu o menor patamar da série histórica (R$ 2.510), iniciada em 2012.

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O rendimento avançou 1,5% no primeiro trimestre deste ano, para R$ 2.548. Frente aos três primeiros meses de 2021, o rendimento continua em forte queda, embora em ritmo menor. A retração foi de 8,7%.

— Esse aumento (da renda) é importante se considerarmos que esse indicador vinha em queda. De modo geral, quando a participação dos trabalhadores formais aumenta, o rendimento médio da população ocupada tende a crescer — explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.