Grupo russo comprará fábrica de fertilizantes da Petrobras, informa ministra da Agricultura

Um dos principais temas da visita de Bolsonaro à Rússia, negociações para a venda da planta da estatal acabam de ser concluídas
Tereza Cristina, ministra da Agricultura Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

BRASÍLIA - O grupo russo Acron vai comprar a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobras, que fica em Três Lagoas (MS). O anúncio foi feito na Câmara de Vereadores do município, nesta sexta-feira, pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. 

A ministra disse ter sido informada sobre a conclusão da negociação, no momento em que chegou a Três Lagoas, pelo presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, e o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

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Segundo ela, a venda da fábrica de fertilizantes da Petrobras para a empresa Acron estava sendo discutida há algum tempo e é um dos principais pontos da agenda que será tratada pelo presidente Jair Bolsonaro em viagem a Moscou, dentro de dez dias. 

Petrobras vendeu a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), localizada no Recôncavo Baiano, e mais sete unidades de refino, para para fundo árabe por US$ 1,6 bi. Foto: Geraldo Kosinski / Agência O Globo
Primeira refinaria do Brasil, a RLAM completou 70 anos prestes a ser vendida. A unidade tem capacidade de produção de 333 mil barris/dia. Foto: Saulo Cruz / MME
A Refinaria Isaac Sabbá (Reman) foi vendida em agosto para a Atem por US$ 189,5 milhões. A unidade foi inaugurada em 3 de janeiro de 1957 e está localizada à margem esquerda do Rio Negro, em Manaus, estado do Amazonas. Em 31 de maio de 1974, foi incorporada ao Sistema Petrobras Foto: Reprodução
A estatal suspendeu o processo de venda da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), e decidiu investir US$ 1 bi na unidade, que iniciou suas operações em 2014. Está localizada no Complexo Industrial Portuário de Suape, distante 45 km do Recife, em Pernambuco. Foto: Wilton Junior / Agência O Globo
A RNEST, que foi alvo da Lava-Jato, tem capacidade de processamento de 230 mil barris de petróleo por dia. Nesta unidade, são produzidos derivados de petróleo, como nafta, diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP) Foto: Reprodução/Site da Petrobras
A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, tem capacidade de processamento de 33 mil m³ de petróleo por dia. Segundo fontes, os grupos Ultra, dono dos postos Ipiranga, e Raízen, associação de Cosan e Shell, estão interessados na compra Foto: Silvio Aurichio / Agência O Globo
Localizada no município de Araucária, no Paraná, a Repar é responsável por aproximadamente 12% da produção nacional de derivados de petróleo, ente eles diesel, gasolina, GLP, coque, asfalto, e propeno Foto: Silvio Aurichio / Agência O Globo
Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) está instalada em uma área de 580 hectares no município gaúcho de Canoas (RS). Foto: Divulgação
A Petrobras também já vendeu a Unidade de Industrialização do Xisto (SIX) para o grupo F&M por R$ 178 milhões. A SIX fica localizada em São Mateus do Sul (PR) sobre uma das maiores reservas mundiais de xisto Foto: Divulgação
A Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, região metropolina de Belo Horizonte (MG), foi inaugurada em 30 de março de 1968, com capacidade inicial de 7.200 m³/dia. Hoje, sua capacidade de processamento é de 24 mil m³/dia ou 150 mil bbl/dia Foto: Ramon Bitencourt / O Tempo
Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará, é uma das líderes na produção de asfalto no Brasil, sendo responsável por cerca de 10% da produção do produto no pais. Foto: Divulgação

— O presidente Bolsonaro acabou de me ligar feliz da vida e desejando muito sucesso a Três Lagoas. A agricultura brasileira vai ganhar muito com a implantação dessa fábrica, que produz nitrogenados e ureia, para que nos tornemos menos dependentes da importação desses nutrientes — afirmou Tereza Cristina.  

As obras para a construção da UFN3 estarão paradas desde dezembro de 2014 e a Petrobras colocou a planta à venda em 2017 , alegando que queria sair da área de fertilizantes. A Acron chegou a demonstrar interesse, mas desistiu, devido à dependência do fornecimento de gás natural pela Bolívia.

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O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar do Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, explicou que, após a confirmação da compra da planta pelo grupo russo, a Petrobras deve emitir um fato relevante ao mercado, divulgando as condições da negociação.

Ele ressaltou que a Acron é referência mundial na produção e exportação de fertilizantes. 

Conforme Verruck, o fato relevante ao mercado deve ser apresentado na próxima semana. Depois disso, a Petrobras, o governo do Estado, a prefeitura de Três Lagoas e a Acron vão se reunir para discutir, por exemplo, a doação do terreno e a concessão de incentivos fiscais.

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Em nota, a Petrobras confirmou ter chegado a um acordo para a venda da unidade em Três Lagoas para o grupo Acron. No entanto, a estatal brasileira esclareceu que a assinatura do contrato depende ainda de "tramitação na governança da Petrobras, após as devidas aprovações governamentais". 

“A Petrobras reforça o seu compromisso com a ampla transparência de seus projetos de desinvestimento e de gestão de seu portfólio e informa que as etapas subsequentes do projeto serão divulgadas de acordo com a Sistemática de Desinvestimentos da companhia”.

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Em uma rede social, o presidente Jair Bolsonaro destacou que a UFN3 começou a ser construída em 2011 e que a Petrobras investiu R$ 3,8 bilhões no empreendimento. Porém, segundo Bolsonaro, a obra foi paralisada por má gestão.  

“Dez anos depois a Petrobrás anuncia sua venda para iniciativa privada. Brevemente produzirá fertilizantes para a agricultura, diminuindo nossa dependência externa”, escreveu o presidente.