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Novas altas de juros vão acabar com consumo e emprego, diz Luiza Trajano, do Magazine Luiza

Empresária defende medidas emergenciais do governo, mas diz que é preciso saber de onde vai sair o dinheiro
Luiza Trajano: 'Um país emergente como o nosso vive de renda e crédito, não tem dinheiro sobrando' Foto: Bloomberg
Luiza Trajano: 'Um país emergente como o nosso vive de renda e crédito, não tem dinheiro sobrando' Foto: Bloomberg

SÃO PAULO - A empresária Luiza Trajano , presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, afirmou que as novas altas de juros que o Banco Central deve promover para conter a inflação vão ‘acabar com o consumo e o emprego’. A empresária defendeu medidas emergenciais, como o Auxílio Brasil , mas disse que é preciso saber de onde virá o dinheiro.

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Com inflação em dois dígitos , o Banco Central já disse que tem que aumentar juro, o que acaba com o consumo. Acabou o consumo, acaba o emprego e crédito se reduz. Um país emergente como o nosso vive de renda e crédito, não tem dinheiro sobrando. Precisamos ter o juro num patamar bom e ter credibilidade com os investidores — disse a empresária durante evento promovido por um banco em São Paulo.

Luiza Trajano afirmou, em julho e agosto, que estava esperançosa com a recuperação no pós-Covid e avaliou que itens como roupas, sapatos, restaurantes e viagens, que tiveram vendas em queda na pandemia, iam voltar a ser comprados. Mas a inflação atrapalhou.

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A empresaria afirmou que as reformas que tramitam no Congresso (tributária e administrativa) não vão sair agora, especialmente num ano eleitoral. Por isso, o país precisa ter um pacote emergencial para "atravessar essa ponte".

— Não adianta contar com as reformas. Elas não vão sair agora, especialmente em ano eleitoral, infelizmente. Precisamos ter um pacote emergencial. Ele ajuda, mas temos que ver de onde vai sair o dinheiro — observou.

Trajano disse que é preciso parar de brigar e chegou a propor até um pacto para que não se aumente o preço dos produtos e os juros.

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A empresária afirmou que o sistema político partidiário está doente em todo o mundo e precisa de mudanças. Uma delas é que as mulheres ocupem pelo menos 50% das cadeiras da Câmara dos Deputados e do Senado brasileiro e a proposta será um dos pilares de atuação do grupo Mulheres do Brasil, do qual é co-fundadora.

— O sistema político partidário está doente no mundo. Com 50% de mulheres na Câmara e no Senado vamos ajudar a mudar isso — afirmou a empresária durante evento promovido por um banco em São Paulo.

'Sou uma política que participa da vida do país'

Trajano reafirmou que, embora não seja candidata a presidente ou vice nas próximas eleições, vai atuar fortemente, através da mobilização da sociedade civil, para que o país tenha um planejamento estratégico de 2022 a 2032 em áreas importantes como saúde, educação, emprego e habitação, sempre com viés da sustentabilidade.

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A empresária disse que não é de esquerda, direita ou centro, mas afirmou que é preciso ter propostas para o Brasil:

— Sou uma política que participa da vida do país, embora não vá sair candidata nem a presidente nem a vice de ninguém.  Acreditamos nas mudanças que a sociedade civil pode fazer e vamos atuar fortemente através do grupo Mulheres do Brasil.

A empresária lembrou que o grupo, criado em 2013, tem atualmente mais de 97 mil integrantes de todos setores da sociedade e deve bater o número de 100 mil integrantes em breve. Com esse patamar de mobilização, o Mulheres do Brasil ganha forças para fazer as sua propostas e trabalhar para que elas sejam aprovadas no Congresso.

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Além disso, o grupo também quer atuar na área de saúde reunindo cientistas e resgatando os laboratórios do país para a produção de estudos. O Mulheres do Brasil atuou na pandemia arrecadando fundos para doar aos municípios mais pobres do país.

— Precisamos ter atitude. A pandemia trouxe um papel de cidadania para as pessoas maior do que se podia pensar — concluiu.