LONDRES - A
invasão da Ucrânia pela Rússia
intensificou a pressão por sanções econômicas mais duras contra Moscou, incluindo a possibilidade de excluir o país do sistema Swit
– a principal rede de pagamentos internacionais do mundo –, o que tornaria mais difícil para as empresas russas fazer negócios.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chegou a pedir que essa medida fosse adotada, mas as potências ocidentais ainda hesitam em atender seu pedido. Segundo um funcionário da União Europeia, a medida deve ser reservada para uma futura rodada de sanções, caso a o bloco precise reforçar sua punição à Rússia.
Mas, afinal, o que é Swift, como ele funciona e por que as potências ocidentais hesitam em adotar essa medida?
Fundada em 1973, a Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias (Swift) não lida com qualquer transferência ou fundos, mas seu sistema de mensagens, desenvolvido na década de 1970 para substituir a dependência das máquinas de Telex, fornece aos bancos uma forma de comunicação rápida, segura e barata.
A empresa, com sede na Bélgica, é uma cooperativa de bancos e pretende permanecer neutra no conflito.
Como o Swift funciona?
Os bancos utilizam o sistema Swift para enviar mensagens padronizadas sobre transferências de valores entre si, transferências de valores para clientes e ordens de compra e venda de ativos.
Mais de 11.000 instituições financeiras, em mais de 200 países, usam o Swift, tornando o mecanismo a espinha dorsal do sistema internacional de transferências financeiras.
Seu papel preeminente nas finanças também significou que a empresa teve que cooperar com autoridades para evitar o financiamento do terrorismo.
Quem representa o Swift na Rússia?
De acordo com a associação nacional RosSwift, a Rússia é o segundo maior país, atrás dos Estados Unidos, em número de usuários, com cerca de 300 instituições financeiras pertencentes ao sistema. Mais da metade das instituições financeiras da Rússia são membros do Swift.
O país também tem uma infraestrutura financeira doméstica, que inclui o sistema SPFS para transferências bancárias e o sistema Mir para pagamentos com cartão, semelhante aos sistemas Visa e Mastercard.
Em novembro de 2019, o Swift suspendeu o acesso de alguns bancos iranianos à sua rede. A medida se seguiu à imposição de sanções ao Irã pelos Estados Unidos e a ameaças feitas pelo então secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, de que o Swift seria alvo de sanções dos EUA se não concordasse.
O Irã já havia sido desconectado da rede Swift, entre 2012 e 2016.
Em janeiro de 2008, o preço do barril superou a marca de US$ 100 pela primeira vez na história, devido às tensões geopolíticas no Irã, na Nigéria e no Paquistão. Tanto o Brent, referência no mercado europeu e no Brasil, como o WTI, referência nos EUA atingiram seu máximo histórico em 11 de julho: US$ 147,50 o barril do Brent e US$ 147,27 o do WTI.
2008: com falência do Lehman Brothers, preço despenca
Após a falência do banco americano Lehman Brothers, em setembro, e do início da crise financeira internacional, o preço começa a cair, já que os investidores precisam urgentemente de liquidez. Assim, em dezembro de 2008, o Brent já estava sendo negociado a US$ 36,20, e o WTI, a US$ 32,40.
2011 e a revolta no Egito
A barreira dos US$ 100 é novamente rompida em janeiro de 2011, pelo risco de os protestos da revolta no Egito e da Primavera Árabe se espalharem pelos países produtores de petróleo do Oriente Médio. O Egito não é um produtor essencial, mas integra importantes rotas de escoamento, tanto via Canal de Suez como via oleoduto Suez-Mediterrâneo.
2012, embargo do petróleo iraniano
Ano inicia com o barril acima de US$ 100, com as sanções impostas ao Irã, suspeito de usar seu programa nuclear para desenvolver armas nucleares. Em represália, o Irã ameaça interromper suas entregas para a Europa. Grande parte do petróleo dos países do Golfo transita pelo Estreito de Ormuz, passagem que o Irã ameaçava fechar.
De 2012 a 2014, tensões no Oriente Médio
O preço do petróleo bruto passa perto dos US$ 90, o barri,l em junho de 2012, em meio à crise econômica na zona do euro. Até 2014, os preços evoluíram quase continuamente próximo dos US$ 100, sustentados pelo endurecimento das sanções contra o Irã e pelas tensões geopolíticas no Oriente Médio, em particular, pelo conflito na Síria.
Como a exclusão da Rússia do Swift afetaria o comércio global?
Taticamente, "as vantagens e desvantagens são discutíveis", disse à AFP Guntram Wolff, diretor do think tank Bruegel, com sede em Bruxelas. Em termos práticos, ser removido do Swift significa que os bancos russos não podem usá-lo para realizar ou receber pagamentos junto a instituições financeiras estrangeiras para transações comerciais.
"Operacionalmente, seria uma dor de cabeça", apontou Wolff, especialmente para países europeus que têm um comércio considerável com a Rússia, que é seu maior fornecedor de gás natural.
Nações ocidentais ameaçaram excluir a Rússia do Swift em 2014, após a anexação da Crimeia. Mas descartar um país tão importante - a Rússia também é um grande exportador de petróleo - poderia estimular Moscou a acelerar o desenvolvimento de um sistema de transferências alternativo, com a China fez, por exemplo.
Por que os países ocidentais hesitam em excluir a Rússia do Swift?
Além dos efeitos práticos sobre o comércio global, países ocidentais estão reticentes quanto a adotar essa medida porque temem represálias do governo russo na questão energética. A Rússia fornece gás a muitas nações europeias e poderia cortar o fornecimento.
A Rússia poderia ter um sistema alternativo ao Switf?
Os bancos russos poderiam buscar outros canais para realização dos pagamentos, como telefones, aplicativos de mensagem ou email. Isso poderia viabilizar as transações com os países que, em caso de exclusão da Rússia do Swit, não apoiaram a medida. Mas essas alternativas seriam menos eficientes e seguras que o sistema global, o que certaria reduziria o volume de transações e ampliaria os custos delas.