Passagens aéreas sobem até 40% em março e devem continuar em alta

Aumento do querosene de aviação, com a alta do petróleo, e mercado interno mais aquecido fizeram voos domésticos encarecerem
Passagens aéreas sobem até 40% em março Foto: ANTONIO SCORZA / Agência O Globo

SÃO PAULO - Os preços das passagens de avião no Brasil aumentaram em março e devem seguir em alta este mês. A subida do preço do petróleo em meio à guerra da Ucrânia está afetando um dos principais insumos das aéreas, o querosene de aviação.

Levantamentos realizados pelas plataformas Kayak e Decolar, tendo como base as tarifas médias praticadas no mês passado, mostram subidas acentuadas nas rotas de alta demanda, especialmente no mercado doméstico.

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Na comparação com fevereiro, um levantamento da plataforma Decolar que leva em conta as rotas que têm origem nos aeroportos de São Paulo (Congonhas e Guarulhos) mostra aumentos entre 16% e 40%.

O bilhete de São Paulo ao Rio de Janeiro, por exemplo, custava ao passageiro R$ 504,19 em média em fevereiro e passou a R$ 598,99 no mês passado, uma alta de 19%. Para Recife, passou de R$ 559,82 para R$ 783,57, alta de 40%.

 

No levantamento da Kayak, que considera a média das passagens de diferentes origens, a alta é ainda maior. Na comparação com o mês de janeiro, os preços de passagens para São Paulo e Rio de Janeiro partindo de diferentes locais subiram 49% e 47% no período, respectivamente. O preço médio de um bilhete a São Paulo em março foi de R$ 1.021 e ao Rio, R$ 1.037.

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Os dez destinos nacionais com maior demanda tiveram aumentos de preço superior a 30% na comparação entre janeiro e março. A lista inclui Recife, Salvador, Fortaleza, Maceió, Porto Alegre, Brasília, Natal e Florianópolis. A subida mais acentuada foi a da capital catarinense, de 51%.

No caso das passagens internacionais, os reajustes de fevereiro a março têm sido menores, segundo as pesquisas das duas plataformas.

De acordo com o Kayak, o preço médio aumentou 13% a Lisboa e caiu 4% a Buenos Aires no período. São os dois destinos mais buscados por brasileiros no momento.

Dólar mais barato ajuda

Já o Decolar observou a mesma queda de 4% na passagem de São Paulo a Buenos Aires, para onde o brasileiro poderia viajar, em média, por R$ 1.310 em fevereiro e por R$ 1.260 em março. Os bilhetes de São Paulo a Milão, outro destino muito procurado por brasileiros na plataforma, passaram de R$ 3.288 a R$ 3.511 no mesmo período, subida de 7%.

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A diretora de voos da Decolar, Daniela Araújo, afirma que a demanda doméstica mais aquecida ajuda a explicar a diferença entre os reajustes da aviação regional e da internacional.

Elon Musk - Em 2022, sua fortuna é avaliada em US$263 bilhões. Deve conquistar seu primeiro trilhão em 2024, aos 52 anos Foto: POOL / via REUTERS
Gautam Adani e família - Em 2022, ele tem US$ 93 bilhões. Deve conquistar seu primeiro trilhão em 2025, aos 62 anos Foto: Reprodução
Zhang Yiming, da empresa de tecnologia ByteDance - Atualmente, tem US$59 bilhões. Deve bater US$ 1 trilhão em 2026, aos 42 anos. É o mais jovem da lista Foto: Divulgação
Bernard Arnault, da grife Louis Vuitton - Hoje, possui US$186 bilhões. Chegará ao trilhão em 2029, aos 79 anos Foto: Reprodução
Mukesh Ambani, da Reliance Industries - Tem atualmente US$ 97 bilhões. Em 2029, aos 71 anos, terá seu primeiro trilhão Foto: Divulgação
Jeff Bezos, fundador da Amazon - Patrimônio atual avaliado em US$188 bilhões. No futuro, em 2030, aos 65 anos, deve chegar ao trilhão de dólares Foto: Richard Brian
Larry Page, cofundador da Google - Fortuna estimada em US$119 bilhões. Chegará ao trilhão no ano 2032, aos 58 anos Foto: Divulgação
Sergey Brin, também da Google - Em 2022, tem US$115 bilhões. Em 2032, aos 58 anos, a fortuna suburá para US$1 trilhão Foto: Divulgação
Steve Ballmer, ex-presidente da Microsoft - Tem atualmente US$ 99 bilhões. O primeiro trilhão chega em 2032, nos seus 75 anos Foto: Agência O Globo
Michael Dell, da Dell - Seu patrimônio é avaliado em US$ 60 bilhões. Aos 67 anos, em 2033, deve bater a casa dos trilhão Foto: Reprodução

 

— O aumento dos preços e combustível de aviação conta muito nessa alta, mas na aviação doméstica há ainda a demanda que estava aquecida nos últimos meses, diferentemente do cenário da aviação internacional, cuja demanda tem crescido mais nas últimas semanas com a flexibilização de algumas barreiras sanitárias, especialmente na Europa — afirma a executiva.

Daniela destaca ainda a queda do dólar nas últimas semanas, que ficou na menor cotação em dois anos. A valorização do real ajuda a mitigar em parte a alta do combustível e pode ser um estímulo também para viagens ao exterior.

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Para André Castellini, sócio da consultoria Bain&Company, as margens das companhias aéreas são apertadas, e as empresas já têm operado no prejuízo, mesmo com o aquecimento recente:

— Elas não têm espaço para segurar aumentos de custo ao consumidor, houve queda na demanda por passagens, principalmente no Brasil. As empresas são obrigadas a cortar voos, o que atrasa a retomada completa do setor.

 

O especialista lembra que o preço do barril de petróleo já vinha subindo antes da guerra na Ucrânia, o que fez o querosene de aviação quase dobrar de preço em 2021. Agora, com o conflito, o preço do combustível voltou a subir.

Recuperação adiada

A situação atual fez com que a consultoria reajustasse para baixo suas previsões de retomada para a aviação doméstica brasileira.

— Prevemos que, em julho, a demanda esteja em 90% do que era antes da pandemia, mas revisamos a estimativa para dezembro, que estava entre 100% e 105%, para 95%. O impacto vai ser maior na baixa temporada — diz o executivo.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do litro de querosene de aviação subiu 15,7% de janeiro a março. O combustível responde no geral por cerca de 35% dos custos das companhias aéreas. Na última sexta-feira, o preço do combustível foi reajustado em 18%.