Economia Macroeconomia

Privatização da Eletrobras deve acontecer até julho, diz ministro Bento Albuquerque

Nesta semana, TCU adiou a decisão final em 20 dias. Processo de venda de ações da companhia está entre as prioridades do governo
Efeito eleitoral: Capitalização da Eletrobras no auge da campanha eleitoral pode dificultar a entrada de investidores estrangeiros na operação financeira, avaliada em cerca de R$ 30 bi Foto: Ana Branco / Agência O Globo
Efeito eleitoral: Capitalização da Eletrobras no auge da campanha eleitoral pode dificultar a entrada de investidores estrangeiros na operação financeira, avaliada em cerca de R$ 30 bi Foto: Ana Branco / Agência O Globo

SÃO PAULO — A oferta de privatização da Eletrobras está prevista para acontecer até julho, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, nesta sexta-feira, após o Tribunal de Contas da União (TCU) ter adiado por pelo menos 20 dias a decisão final sobre o processo.

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Em entrevista coletiva virtual durante visita à Índia, Albuquerque disse que houve um avanço no processo, embora o tribunal tenha atrasado a decisão final.

Na quarta-feira, o juiz do TCU Vital do Rego chegou a pedir mais 60 dias para aprofundar o estudo do plano de privatização da empresa por meio de oferta de ações, o que teria efetivamente atrapalhado o cronograma de privatização. Mas outros membros do tribunal reduziram o atraso para 20 dias.

Durante meses, os auditores do TCU revisaram o plano de abrir mão do controle estatal sobre a Eletrobras. A empresa propôs uma venda de ações para arrecadar pelo menos 25 bilhões de reais (US$ 5,4 bilhões) enquanto dilui a participação do governo para torná-la um acionista minoritário.

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Questionado sobre o potencial impacto das eleições de outubro no Brasil no sucesso da operação de privatização, o ministro ressaltou que o mercado tem demonstrado "muito interesse" em participar da oferta.

— Acreditamos, sem dúvida, que pode acontecer até julho deste ano — disse.

O fim de julho e começo de agosto é um período muito próximo das eleições presidenciais, tradicionalmente marcado por forte volatilidade no mercado de ações. Além disso, grandes fundos internacionais não costumam fazer aportes em capitalizações no segundo semestre, quando é férias no Hemisfério Norte.

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O adiamento ocorre mesmo já havendo uma sinalização favorável à privatização. Além do relator, Aroldo Cedraz, os ministros Jorge Oliveira, Benjamin Zymler, Bruno Dantas, Antônio Anastasia e Walton Alencar sinalizaram votos a favor da operação. Isso já forma maioria porque oito ministros podem votar nesse processo — a presidente Ana Arraes só vota em caso de empate.

O TCU dividiu a análise da privatização em dos processos. Primeiro, o Tribunal avaliou a precificação das usinas hidrelétricas da Eletrobras. Agora, a corte analisava a operação em si, como o preço mínimo das ações.

Em relatório, analistas da Ativa Investimentos disseram que o fracasso em privatizar a Eletrobras no cronograma atual é negativo para a empresa, mas ainda pode acontecer este ano.

"Embora essa possibilidade seja viável, a proximidade do período eleitoral e as férias no hemisfério Norte podem colocar em risco a execução do processo", disseram em nota.