CHICAGO, EUA — Mais empresas estão tomando medidas para limitar, suspender ou encerrar as atividades comerciais na Rússia após uma onda de sanções impostas pelos Estados Unidos e países aliados diante da invasão da Ucrânia .
Depois de Visa, Mastercard, Exxon e Apple, a Boeing anunciou que está suspendendo as principais operações em Moscou e restringindo temporariamente o acesso de funcionários e parceiros na Rússia a dados técnicos confidenciais até que possa obter licenças de exportação do governo dos Estados Unidos.
- Maersk e MSC, gigantes de transporte marítimo, suspendem movimentação de contêineres na Rússia
- Superiates de magnatas russos 'fogem' para Maldivas e Ilhas Seychelles após anúncio de sanções
A fabricante de aviões com sede em Chicago disse em um e-mail que suspendeu o fornecimento de peças de reposição, manutenção e serviços técnicos a clientes russos.
Com efeito imediato, a Boeing agora é obrigada a obter licenças de exportação dos EUA antes que os trabalhadores da Rússia possam acessar “a maioria das tecnologias e dados”, disse Sergey Kravchenko, presidente das operações locais da Boeing, em um memorando dirigido aos funcionários ao qual a Bloomberg News teve acesso.
Folga para funcionários na Rússia
“A Boeing precisa restringir o acesso a quaisquer dados controlados de exportação aos funcionários de engenharia e de organizações parceiras na Rússia”, escreveu Kravchenko no e-mail.
A empresa disse que procurará encontrar novas atribuições para alguns funcionários e também explorar rotatividade de trabalho, viagens de negócios e possíveis dias de folga para os colaboradores na Rússia enquanto aguarda as novas licenças.
Sberbank: Sanções à Rússia fazem primeira vítima - braço europeu do maior banco russo quebra
Na segunda-feira, a Boeing disse que havia fechado seu escritório em Kiev, na Ucrânia, e “pausado” as operações em seu campus de treinamento em Moscou.
A fabricante de aviões europeia Airbus também informou que tomaria medidas semelhantes, citando uma lista crescente de sanções internacionais após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“A Airbus suspendeu os serviços de suporte às companhias aéreas russas, bem como o fornecimento de peças de reposição para o país”, disse a fabricante de aviões em comunicado na quarta-feira.
Problemas de suprimento
A empresa possui um centro de suporte em Moscou que presta assistência técnica aos clientes, oferece seminários e outros serviços de suporte, de acordo com seu site.
Rússia fora do Swift: Quais os efeitos para Brasil e mundo da exclusão do país do sistema de pagamentos? Entenda
Um centro de engenharia formado em 2003 emprega 200 engenheiros russos. A instalação, uma joint venture entre Airbus, Systema Invest e Kaskol Group, foi fechada temporariamente, confirmou um porta-voz, citando “regulamentos de controle de exportação e leis aplicáveis”.
A Honda, por sua vez, vai interromper as exportações de carros e motocicletas para a Rússia, juntando-se a um número crescente de empresas globais que optaram por não fazer negócios no país após a invasão da Ucrânia.
Rússia x Ucrânia: ' Não tem como o Brasil ficar imune à turbulência', diz ex-vice-presidente do Banco Mundial
A montadora japonesa tomou a decisão devido a desafios em torno de distribuição e finanças, disse Misako Saka, porta-voz da Honda. Ela retomará as remessas assim que a situação voltar ao normal, acrescentou o porta-voz.
Hyundai para atividades em fábrica
Embora a Honda não tenha fábrica na Rússia, ela exporta cerca de 1.500 SUVs anualmente para o país de fábricas nos EUA.
A montadora japonesa Mazda também está suspendendo as remessas de peças para uma fábrica na Rússia, informou o jornal Nikkei.
A montadora sul-coreana Hyundai Motor suspenderá as atividades em sua fábrica de montagem de automóveis em São Petersburgo, na Rússia, até o próximo sábado, dia 5 de março, devido a interrupções na cadeia de suprimentos, informou a agência de notícias Interfax na terça-feira, citando um funcionário da empresa sul-coreana na Rússia.
Toyota alega falta de peças
A Toyota disse nesta quarta-feira que interromperia a produção e as exportações para a Rússia na próxima sexta-feira, dia 4, até novo aviso devido às dificuldades na obtenção de peças necessárias para a fabricação.
“Como todos ao redor do mundo, a Toyota está observando os desenvolvimentos em andamento na Ucrânia com grande preocupação com a segurança do povo ucraniano e espera um retorno seguro à paz o mais rápido possível”, disse a empresa.
A fabricanrte japonesa constrói seus populares modelos Camry e RAV4 em sua fábrica de São Petersburgo e fabrica até 80 mil veículos por ano. A maioria dos carros fabricados na fábrica está à venda na Rússia, mas um pequeno número de veículos é exportado para o Cazaquistão, Armênia e Bielorrússia, disse a empresa.
A Toyota também interromperia as vendas de veículos importados na Rússia. Juntamente com veículos produzidos no país e veículos importados de fora da Rússia, a Toyota vende cerca de 120 mil carros por ano na Rússia, disse um porta-voz da Toyota.
A empresa acrescentou que parou todas as atividades na Ucrânia em 24 de fevereiro. A Toyota opera concessionárias para vendas e serviços pós-venda na Ucrânia. A montadora japonesa disse ainda que outras operações de fabricação e vendas na Europa não foram afetadas.