Economia

Metaverso pode render US$ 1 tri por ano para 'big techs'

Gigantes de tecnologia se unem para acelerar as inovações no mundo digital. Qualcomm anunciou criação de rede de inteligência artificial com Google e fabricantes trabalham em novos óculos de realidade virtual e aumentada
Metaverso vira aposta de gigantes de infraestrutura e teles como Qualcomm, Google e fabricantes de smartphones Foto: Bruno Rosa
Metaverso vira aposta de gigantes de infraestrutura e teles como Qualcomm, Google e fabricantes de smartphones Foto: Bruno Rosa

HAVAÍ, EUA - De um lado, celulares mais potentes e óculos de realidade virtual e aumentada leves e compactos. Do outro, o desenvolvimento de novas redes de inteligência artificial e a conexão de alta velocidade do 5G, que tem potencial para oferecer internet até cem vezes mais rápida que a do 4G atual. Essas condições estão favorecendo a aceleração dos investimentos de gigantes de tecnologia, teles e fabricantes de smartphones no chamado metaverso , ambiente virtual que promete ser a nova era da internet.

Planos: Pacotes 5G terão preços diferentes, e plano ilimitado pode deixar de existir

As empresas têm pressa. Previsão da Grayscale Investments aponta que o metaverso tem potencial para gerar negócios de US$ 1 trilhão por ano em diversos setores como varejo, entretenimento, esportes e aplicações industriais.

Natal: Empresas correm para oferecer um 'soft opening' do 5G antes do fim do ano

Pesos-pesados como Xiaomi, Motorola, Microsoft e até a ByteDance, dona do TikTok, já estão trabalhando em dezenas de modelos de óculos em parceria com a Qualcomm. Já são 50 protótipos que devem ser lançados nos próximos meses. No início do mês, algumas inovações foram apresentadas em evento do setor de telecomunicações nos EUA, o Snapdragon Tech Summit, no qual fabricantes e teles se reuniram para mostrar tendências e apresentar lançamentos.

Novos serviços de realidade aumentada na área de esporte e entretenimento Foto: Bruno Rosa
Novos serviços de realidade aumentada na área de esporte e entretenimento Foto: Bruno Rosa

O conceito de metaverso ganhou popularidade após o Facebook ter mudado seu nome para Meta, em outubro. Com o desenvolvimento do metaverso, as empresas vão oferecer aos clientes diferentes serviços imersivos, como compras on-line e games, além da prática de esportes e jogos ao vivo.

Google e Qualcomm anunciaram o desenvolvimento de uma nova rede de inteligência artificial. Segundo June Yang, vice-presidente do Google Cloud, essa nova infraestrutura vai permitir que dispositivos, como óculos e celulares, possam oferecer novas experiências digitais que hoje são inviáveis por causa do grande uso de memória, capacidade de processamento e energia.

Para 2022 : Celular ultraveloz, que tira foto com resolução de 200 Mega e  identifica doenças

— Assim, seremos capazes de construir e otimizar novos modelos de inteligência artificial de forma mais rápida, em semanas  em vez de meses. Isso vai trazer grande impacto nas pessoas — disse Yang.

óculos de realidade aumentada mais leves vão acelerar experiências Foto: Bruno Rosa
óculos de realidade aumentada mais leves vão acelerar experiências Foto: Bruno Rosa

Ziad Asghard, vice-presidente de gerenciamento de produtos da Qualcomm, lembrou que computadores, celulares, óculos e casas inteligentes vão formar a cadeia do metaverso que será impulsionada pelo 5G, segundo ele.

Experiências sensoriais: Veja o que a indústria de games prepara para surfar a onda do 5G

-Quando você adiciona inteligência à rede, é possível desenvolver novas tecnologias de detecção de profundidade, rastreamento de mãos e olhos  para capturar movimentos com mais realidade e dar novo impulso aos negócios  — disse ele.

De olho em metaverso, Verizon e Qualcomm fazem videoconferência em 8K HDR Foto: Bruno Rosa
De olho em metaverso, Verizon e Qualcomm fazem videoconferência em 8K HDR Foto: Bruno Rosa

No seminário  nos EUA,  a americana Verizon e a Qualcomm fizeram uma transmissão ao vivo com qualidade de imagem em 8K em HDR, permitindo maior qualidade de imagem e mais contrastes  de cores com som imersivo.

— Estamos construindo uma nova rede confiável para explorar conectividade e dar mais possibilidade aos clientes, gerando novos negócios — disse Kyle Molady, vice-presidente de Tecnologia da Verizon.

De olho em metaverso, Qualcomm simula compra dse um tênis com uso de inteligência artificial Foto: Bruno Rosa
De olho em metaverso, Qualcomm simula compra dse um tênis com uso de inteligência artificial Foto: Bruno Rosa

Alex Katauzian, vice-presidente sênior da Qualcomm, simulou com a rede 5G a compra de um tênis on-line no futuro e em tempo real. A imagem se altera conforme a pessoa se move e sem erro.

- Os avatares são criados na nuvem e exibidos em tempo real no celular usando a rede 5G. Isso é um processo complexo, entregando um processo de captura de imagem ao vivo . Os movimentos das pessoas serão capturados e traduzidos por filtros sem a ajuda de equipamentos especiais e horas de edição — disse  Katauzian.


Teles participam de novo ecossistema

Além da Verizon, a T-Mobile também está mirando em serviços como experiências mais imersivas. A tele faz parte de um novo ecossistema, batizado pelas companhias de "Snapdragon Spaces", que já conta com outras operadoras como a alemã Deutsche Telekom e a japonesa NTT Docomo, além de 150 mil desenvolvedores de aplicativos.

Executivo da Qualcomm apresenta a 5G e inteligência artificial como primordias para o metaverso Foto: Bruno Rosa
Executivo da Qualcomm apresenta a 5G e inteligência artificial como primordias para o metaverso Foto: Bruno Rosa

No Brasil, a Claro aposta no desenvolvimento de novos serviços.  Paulo César Teixeira, CEO da operadora, diz que há muitas oportunidades na indústria 4.0, agronegócio e entretenimento.

- Em realidade virtual e aumentada, o que se tem são oportunidades no entretenimento. E estamos trabalhando nisso, vendo locais específicos e aplicações.  Já há experiências no mundo e os clientes estão gostando. A maturidade da tecnologia dá um ganho importante no processo de adoção dessas tecnologias. Há potencial enorme. Estamos trabalhando nesse segmento.

Claro: Celulares 5G já são metade dos aparelhos vendidos neste fim de ano, diz presidente da tele

Segundo Cristiano Amon, CEO e presidente da Qualcomm, um dos principais pilares para permitir novos serviços será o uso das ondas milimétricas, leiloado recentemente pela Anatel e presente em diversos países da Europa, Ásia e Estados Unidos.  Essa faixa de frequência, que no Brasil é em 26 GHz, vai permitir velocidades altas e latência baixa, estimulando aplicações em telemedicina e carros conectados que não podem ter erro de conexão na rede.

— Será inevitável usar as ondas milimétricas, que é até 19 vezes mais rápida que o 5G standalone. Essa frequência será usada agora nos jogos de inverno da China para promover novas experiências. (* O repórter viajou a convite da Qualcomm )