Economia

Mubadala faz melhor oferta e ganha exclusividade para negociar compra de refinaria da Petrobras

Fundo árabe venceu disputa com grupo indiano Essar por unidade na Bahia. Se conversas não avançarem, estatal pode fazer nova rodada de propostas

Refinaria Landulpho Alves (Rlam), em São Francisco do Conde, na Bahia, é uma das oito unidades de refino da Petrobras que estão à venda
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Refinaria Landulpho Alves (Rlam), em São Francisco do Conde, na Bahia, é uma das oito unidades de refino da Petrobras que estão à venda Foto: / Divulgação

RIO - O fundo de investimento árabe Mubadala fez a melhor oferta e passou à frente do grupo indiano Essar na disputa para comprar a segunda maior refinaria no Brasil, a Rlam, na Bahia. Essa é uma das oito refinarias que a Petrobras pôs à venda no país.

Com a melhor proposta, o fundo ganhou o direito de discutir com exclusividade os termos do contrato de compra com a estatal, numa negociação que deve levar várias semanas. É a chamada fase vinculante.

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A notícia foi divulgada primeiro pela Reuters e confirmada na noite de quinta-feira pela Petrobras. Mubadala e Essar não responderam aos pedidos de comentários.

A estatal disse em nota que "o início das negociações com o participante que apresentou a melhor proposta é um desdobramento esperado nos projetos de desinvestimento, do qual não há previsão de divulgação ao mercado".

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O Mubadala tem participado de vários processos de venda de ativos da Petrobras, como as malhas de gasodutos a TAG, entre outros, mas nunca saiu vencedor. O fundo controla a  petroquímica espanhola Cepsa e a  Deten Química, que fica no Polo de Camaçari, na Bahia. Segundo executivos do setor, a compra da Rlam faria sentido porque ela é a única produtora no país da matéria-prima usada na Deten.

Se o contrato mudar significativamente, a Petrobras chamará os concorrentes para uma segunda rodada de lances com base em preço.

“Após a conclusão das negociações com o primeiro colocado, há ainda possibilidade de ocorrer uma nova rodada de propostas vinculantes com os participantes classificados para essa fase, a depender dos termos dos contratos negociados”, destacou a Petrobras em comunicado.

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O conglomerado indiano Essar também fez uma oferta vinculante pela Rlam e poderá competir novamente pela refinaria caso a Petrobras promova uma nova rodada.

O vencedor final será divulgado apenas após a conclusão de todas as etapas.

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A Rlam tem capacidade para processar 330 mil barris por dia. Com a venda desta e das demais sete unidades, a Petrobras planeja pôr fim ao monopólio no processamento de combustíveis no Brasil e reduzir seu endividamento.

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O avanço das negociações para a venda da Rlam ocorre no momento em que o Congresso questiona a venda de refinarias pela estatal.

Os presidentes Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) para que a criação de subsidiárias a fim de facilitar a privatização de estatais seja considerada desvio de finalidade, o que seria ilegal. Isso põe em risco a venda de ativos da Petrobras, incluindo as oito refinarias.