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Banco Pan anuncia fusão com a Mosaico, dona de sites como Zoom e Buscapé

Transação envolve troca de ações. Papéis da empresa de e-commerce disparam na Bolsa
Banco Pan anuncia aquisição da Mosaico. Foto: Millena de Morais / Agência O Globo
Banco Pan anuncia aquisição da Mosaico. Foto: Millena de Morais / Agência O Globo

RIO — O Banco Pan, que é controlado pelo BTG, anunciou ter assinado um acordo para a incorporação da totalidade das ações da Mosaico, dona das marcas Zoom, Buscapé e Bondfaro.

A Mosaico é detentora da maior plataforma de conteúdo e originação de vendas para o e-commerce do Brasil.

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O acordo vai permitir, portanto, que o banco reforce sua área de marketplace. Já a Mosaico poderá agregar serviços financeiros à sua plataforma.

A transação ainda depende da aprovação do conselho das empresas, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Banco Central.

Ao fim do processo, os papéis da Mosaico deixam de ser negociados na Bolsa.

Combinação de estratégias

Para a sócia da Nord Research, Danielle Lopes, a fusão traz benefícios para o Banco Pan, que ainda possui uma estrutura de banco tradicional e começou a investir em tecnologia recentemente. Ela ainda destaca as intenções do BTG com o negócio.

— O BTG uniu uma empresa de tecnologia que está voltada para o varejo e colocou em um banco que possui uma ampla gama de clientes. Ele uniu o útil ao agradável — disse Lopes, destacando que o BTG também é acionista da Mosaico.

A especialista da Nord observa sinergia nos negócios das empresas, já que seria criado uma "roda de consumo", com a união dos serviços prestados. A tendência de instituições financeiras entrando no setor de marketplaces deve continuar.

— O consumidor vai usar o marketplace, poder comprar com o cartão Pan ou Mosaico para ganhar cashback. Vira um ciclo de consumo e quem não fizer isso vai ficar muito para trás e correrá o risco de perder clientes.

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Em relatório, analistas do Itau BBA consideraram a transção positiva para ambos os lados.

"A Pan estava procurando apresentar a seus clientes uma oferta de cashback / marketplace por um tempo. Este negócio economiza tempo e dinheiro. Traz grandes talentos em tecnologia / e-commerce e uma plataforma que já conta com expressivo fluxo de clientes e GMV (volume de vendas) de mais de R$ 4 bilhões/ ano", destacaram os analistas em relatório.

Na Bolsa , as reações dos papéis foram distintas. Os papéis preferenciais do Pan (BPAN4) cederam 10,63%, após abrirem em alta.

Já as ações ordinárias da Mosaico (MOSI3) tiveram alta de 5,55%.

— O mercado pode ter entendido que quem ganha é a Mosaico, mas não é o caso. Todas deveriam estar subindo — destaca Danielle.

Ela não acredita que o negócio seja barrado pelo Cade. No máximo, poderão surgir alguns questionamentos do órgão, pois o Pan possui um acordo para a emissão de cartão com outra empresa de tecnologia, a Méliuz, também listada na B3 e que é conhecida pelo serviço de cashback.

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O Bradesco BBI  avaliou o negócio como positivo para o Banco Pan, já que combina a estratégia bancária com uma empresa nativa de tecnologia.

"A transação deve permitir que o banco não apenas melhore seus produtos por meio de uma empresa de tecnologia, mas também explore uma base de clientes relevante. Como tal, acreditamos que o negócio reflete a estratégia do Banco Pan de desenvolver seu mercado e aumentar a transacionalidade, o que, por sua vez, deve se traduzir em melhorias na monetização do cliente", escreveram os analistas do banco, em relatório.

Troca das ações

No caso das ações, a proporção de troca será de 0,8 ação do Pan para cada papel da Mosaico. Haverá também um bônus de subscrição, que será negociado em bolsa, com valor de R$4.

Esse valor será pago se a ação do Pan fechar acima de R$ 24 por pelo menos três pregões seguidos nos próximos 30 meses.

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O capital social da Mosaico passará a ser integralmente detido pelo Pan e os atuais acionistas da Mosaico passarão a deter 7,8% do capital social do Pan. Esse percentual pode subir para 9,2% se o bônus for exercido.

A previsão para o término da transação é entre 90 a 120 dias.

Os acionistas fundadores da Mosaico vão se tornar executivos não estatutários do Pan. Um deles será membro do conselho de administração e outro presidente do comitê de e-commerce, com remunerações compatíveis com aquelas dos demais executivos do banco.

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“Temos convicção de que juntos podemos construir algo muito maior. Estamos bem animados em contar com o time da Mosaico, que potencializa nossos skills de tecnologia e desenvolvimento de produtos.” afirma o CEO do Pan, Carlos Eduardo Guimarães, em nota.

Marketplace

O novo marketplace, que será formado com a fusão das empresas, possuira ferramentas como cashback sobre o melhor preço, alerta de preços, conteúdo de especialistas e comparador de preços com mais 112 milhões de ofertas.

Somado a isso, será lançado um cartão de crédito exclusivo, com cashback, e haverá integração com a plataforma Mobiauto, recém adquirida pelo Pan, ampliando a gama de produtos oferecidos e fortalecendo o ecossistema de veículos do grupo.

O marketplace da Mosaico possui mais de 22 milhões de visitantes únicos por mês enquanto o Pan possui mais de 12,4 milhões de clientes.

"Ao nos juntarmos ao Pan, geramos o lock-in desse consumidor dentro desse ecossistema que estamos criando", destacou em nota, o cofundador e presidente do conselho de administração da Mosaico, Guilherme Pacheco.

A Mosaico concretizou seu processo de IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês) em fevereiro.

Na época, a companhia levantou quase R$ 1 bilhão, mas com o passar dos meses passou a ver quedas nas sua ações, assim como outras empresas de tecnologia que foram afetadas pelo ciclo de aumento de juros.