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Após 32 anos, McDonald’s vai vender seu negócio na Rússia, mas manterá marcas registradas no país

CEO da rede americana diz que é impossível ignorar crise humanitária causada pela guerra na Ucrânia
O McDonald's anunciou que vai vender sua operação na Rússia. Chris Kempczinski, CEO da rede, diz que é impossível ignorar a crise humanitária causada pela guerra na Ucrânia. Foto: Andrey Rudakov / Bloomberg/16-5-2017
O McDonald's anunciou que vai vender sua operação na Rússia. Chris Kempczinski, CEO da rede, diz que é impossível ignorar a crise humanitária causada pela guerra na Ucrânia. Foto: Andrey Rudakov / Bloomberg/16-5-2017

NOVA YORK - Após mais de três décadas na Rússia, o McDonald’s — um ícone do estilo de vida americano e do capitalismo — está vendendo seu negócio no país onde planeja deixar de operar por completo em consequência à guerra na Ucrânia .

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A decisão representa capítulo relevante na história da marca, cujo crescimento global se tornou símbolo da globalização. A invasão da Ucrânia pela Rússia acabou pressionando diversas companhias a deixarem o país.

O McDonald’s disse em março que interromperia temporariamente suas operações em território russo, a exemplo do que fizeram outras várias cadeias do setor, incluindo Starbucks e Yum Brands, dona de KFC e Pizza Hut. Muitos funcionários e ativistas pressionaram por uma suspensão total.

“Este é um assunto complicado, sem precedentes e com profundas consequências”, afirmou Chris Kempczinski, CEO do McDonald’s, em uma mensagem enviada aos franqueados, empregados e fornecedores a qual o New York Times teve acesso.

Até US$ 1,4 bilhão em perdas

O executivo ainda acrescentou: “Alguns podem argumentar que prover acesso a comida e manter os empregos de dezenas de milhares de cidadãos é a coisa certa a ser feita. Mas é impossível ignorar a crise humanitária causada pela guerra na Ucrânia. E é impossível imaginar a Arcos Dourados representando a mesma esperança e expectativa que nos levaram a entrar no mercado russo 32 anos atrás”.

O McDonald’s planeja vender sua operação para um comprador local, retirando a marca dessa rede, o que significa que esses restaurantes não vão mais usar o nome, a logo nem a marca de propriedade da Arcos Dourados. A companhia disse em um comunicado que sua “prioridade inclui atuar para assegurar que os empregados do McDonald’s na Rússia continuem sendo pagos até que a transação esteja completa e eles tenham um futuro com um comprador da rede em potencial”.

As marcas registradas na Rússia serão mantidas.

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Como resultado dessa decisão, o McDonald's na Rússia vai sofrer perda de US$ 1,2 bilhão a US$ 1,4 bilhão, informou a empresa em comunicado.

A primeira aproximação do McDonald’s com a Rússia ocorreu na Olimpíada de Montreal, no Canadá, em 1976, escreveu Kempczinski em sua mensagem para os fraqueados, quando a rede permitiu que o time olímpico russo utilizasse o ônibus Big Mac. Depois de 14 anos, em janeiro de 1990, o McDonald’s abriu em Moscou.

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“Na história do McDonald’s, foi um de nossos mais estimados e incríveis marcos”, escreveu o executivo. “Após quase meio século de animosidade na Guerra Fria, a imagem dos Arcos Dourados brilhando sobre a Praça Pushkin significou para muitos, dos dois lados da Cortina de Ferro, o início de uma nova era”, complementou.