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Conheça a gigante do interior que quer disputar o atacarejo de São Paulo e dobrar de tamanho em 5 anos

Grupo Pereira planeja usar o estado como trampolim para avançar na Região Sudeste. Empresa está entre os dez maiores varejistas de alimentos no país
A loja da Fort em Jundiaí, primeira do grupo em São Paulo, recebeu R$ 70 milhões em investimento Foto: Maria Isabel Oliveira

SÃO PAULO - Sem fazer estardalhaço, o Grupo Pereira fez seu primeiro movimento para conquistar o consumidor de São Paulo na última semana. Para quem não é especialista em varejo ou não é morador do Centro-Oeste ou de Santa Catarina, o nome não diz muito.

Mas quem conhece os números da empresa sabe que há fôlego de sobra para uma briga de igual para igual com as marcas já consagradas do setor na região mais rica do país.

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A entrada no Sudeste brasileiro se deu com a abertura da primeira unidade de atacarejo da marca Fort na cidade de Jundiaí, a 57 quilômetros da capital paulista. Com a operação em São Paulo, o grupo passa a operar 94 unidades de negócios em cinco estados do país e no Distrito Federal.

O atacarejo faz parte de um pacote de R$ 500 milhões em investimentos que serão feitos até dezembro — um recorde para a companhia — com o claro objetivo de tornar a marca conhecida dos clientes em diferentes regiões brasileiras.

— Preparamos o terreno para, nos próximos cinco anos, dobrar novamente de tamanho e entrar em novas praças. Escolhemos Jundiaí por ser um polo muito importante para a região, tem mais de 400 mil habitantes, é próximo de São Paulo e Campinas, e registra altos índices de crescimento — conta Lucas Pereira, diretor de Marketing e Canais Digitais do grupo e da terceira geração da família fundadora.

Não é só o olho no olho. Vendedores na Arezzo usam um aplicativo que permite atendimento personalizado para facilitar vendas Foto: Edilson Dantas
Centro de Distribuição das Casas Bahia em Duque de Caxias, Imbarié Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo
Casa Riachuelo, de móveis e itens de decoração, ganhou dois pontos em formato 'figital' em São Paulo e usa totens em lojas da rede Foto: Divulgação
Centro de distribuição do Magazine Luiza em Louveira (SP) Foto: Leandro Fonseca / Divulgação
Centro de distribuição do Mercado Livre, em São Paulo; aumento nas vendas pela internet Foto: Caio Guatelli / Agência O Globo
A marca de roupas masculinas Foxton, do Grupo Soma, apostou em uma campanha de incentivo como saída para impulsionar o engajamento das vendas on-line. Pedro Soares (à direita) ganhou um iPhone e Luis Neri, um laptop Foto: Fabio Rossi

Diversificação de negócios

Os negócios do grupo, que atualmente está na lista dos dez maiores varejistas de alimentos do Brasil, começaram há 60 anos na cidade de Itajaí, em Santa Catarina. No ano passado, o faturamento chegou a R$ 9,7 bilhões.

Além do atacarejo com a marca Fort, o grupo tem operações com supermercados (bandeira Comper), atacado para distribuidores (Bate Forte), farmácias (SempreFort)e logística (Perlog). E atua até no segmento financeiro, por meio da marca Vuon, que criou o Vuon Card, com quase 700 mil cartões emitidos e recursos próprios para financiamento.

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O Grupo Pereira também resolveu ampliar seus tentáculos para o segmento de postos de combustíveis. Ao todo, emprega 16 mil funcionários e espera encerrar 2022 com um faturamento de R$ 11 bilhões.

— Nós começamos com atacarejo em 1999, antes de esse formato virar tendência no setor. Aprendemos a operar e, agora que o momento de atacarejo chegou, ele já representa 70% do nosso negócio, com 48 unidades estabelecidas — diz Lucas Pereira

Vinhos e varidade de carne

A unidade de Jundiaí, que fica ao lado do concorrente Roldão, já está no formato da segunda geração dos atacarejos, de acordo com especialistas.

Mantém o visual de galpão, mas traz diferenciais como corredores mais largos, climatização, açougue com mais de 40 cortes de carne, além de uma adega robusta de vinhos com rótulos de Portugal, Itália, Chile e Argentina.

Há 30 anos no país, a rede de fast food McDonald's fechou temporariamente as cerca de 850 lanchonetes espalhadas pela Rússia como resposta a invasão da Ucrânia. A empresa continuará pagando o salário dos 62 mil funcionários enquanto as lojas estiverem fechadas. Foto: - / AFP
Coca-Cola suspendeu os negócios na Rússia e acrescentou que continuará a monitorar e avaliar a situação no país à medida que as circunstâncias evoluem. Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
A PepsiCo suspenderá toda a publicidade e a venda de suas marcas de bebidas. Mas continuará a vender produtos essenciais, como leite e comida para bebês. Foto: Bloomberg
Marcas de luxo, como Chanel, Prada, Hérmes e Louis Vuitton, fecham lojas na Rússia; Zara informou o fechamento temporário de todas as suas lojas no país e a interrupção das vendas on-line Foto: Fabio Rossi/Agência O Globo
Após invasão da Ucrânia, Starbucks anunciou que estava interrompendo suas operações no país de Vladimir Putin Foto: Reuters
Depois de suspender o lançamento de filmes na Rússia, a Disney vai pausar todos os seus negócios no país. Apesar dessa decisão, continuará empregando os trabalhadores russos. Foto: AFP
Goldman Sachs é o primeiro grande banco de Wall Street a abandonar a Rússia. Foto: Scott Eells / Photographer: Scott Eells/Bloomb
Já o HSBC encerrou as relações com uma série de bancos russos, incluindo o segundo maior, o VTB. O banco tem pouca exposição direta na Rússia, com cerca de 200 funcionários e receita anual de US$ 15 milhões no país Foto: ISAAC LAWRENCE / AFP
A sul-coreana Samsung anunciou a suspensão das remessas de produtos para a Rússia, alegando problemas logísticos Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
As operadoras de cartões de crédito americanas anunciaram a suspensão de algumas das atividades em seus sitemas de pagamento na Rússia para se ajustarem às sanções impostas ao país Foto: Daniel Acker / Bloomberg
A PayPal é uma das empresas de serviços financeiros a se distanciar do país por causa do ataque à Ucrânia Foto: DADO RUVIC / Reuters
A Shell deixará todas as suas operações na Rússia, incluindo a unidade Sakhalin 2 LNG, na qual detém uma participação de 27,5%. Já a francesa Total suspendeu capital para novos investimentos na Rússia, mas não anunciou intenção de deixar o país. Foto: BEN STANSALL / AFP
A Harley-Davidson suspendeu seus negócios e remessas de suas motos para a Rússia, mas não detalhou o tamanho de suas operações no país Foto: Sergei Karpukhin / REUTERS
A Microsoft disse que removeria os aplicativos móveis da estatal RT da loja de aplicativos do Windows e proibiria anúncios na mídia patrocinada pelo Estado russo. Foto: Akio Kon / Bloomberg
O Google, da Alphabet, bloqueou aplicativos móveis conectados às emissoras russas RT e Sputnik de sua loja Play, em linha com um movimento anterior para remover as editoras estatais russas de seus recursos relacionados a notícias. Foto: Bloomberg
Montadora sueca decidiu suspender as remessas de carros para o mercado russo até novo aviso. Foto: Bob Strong / REUTERS
A Boeing anunciou que está suspendendo as principais operações em Moscou e restringindo temporariamente o acesso de funcionários e parceiros na Rússia Foto: Simon Dawson / Bloomberg
Já a Airbus suspendeu os serviços de suporte às companhias aéreas russas, bem como o fornecimento de peças de reposição para o país Foto: Maxim Shemetov / Reuters / 10-6-2018
A Nike tornou indisponíveis as compras de mercadorias em seu site e aplicativo na Rússia, pois não pode garantir a entrega de mercadorias aos clientes no país Foto: Reprodução/Youtube/Nike
A Apple interrompeu todas as vendas de produtos na Rússia Foto: Jeenah Moon / Bloomberg
A montadora alemã suspendeu a produção local na Rússia e também as exportações para o país Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo
A Ford, que em 2021 vendeu cerca de 21 mil carros na Rússia, também suspendeu as atividades no país. E anunciou a doação de US$ 100 mil para o Fundo de Ajuda Global da Ucrânia Foto: Reuters
A montadora japonesa Mazda também está suspendendo as remessas de peças para uma fábrica na Rússia Foto: Divulgação
A Daimler Truck congelou suas atividades comerciais na Rússia, incluindo a cooperação com a fabricante de caminhões russa Kamaz. Não serão produzidos mais caminhões sob a essa parceria Foto: Jeff Kowalsky
A empresa de energia dinamarquesa Orsted parou de fornecer carvão e biomassa russos para suas usinas, mas continuará comprando até 2 bilhões de metros cúbicos de gás natural da Gazprom por ano sob um contrato de longo prazo. Foto: Phil Noble / REUTERS
A operadora de telecomunicações sueca Ericsson está suspendendo suas entregas para a Rússia enquanto avalia o impacto potencial das sanções em seus negócios no país Foto: Olof Swahnberg / REUTERS
A maior empresa de leasing de aeronaves do mundo vai rescindir contratos com companhias aéreas russas. Em valores, a empresa tem 5% de sua frota alugadas para a Rússia Foto: Divulgação
A fabricante de pneus finlandesa Nokian Tires está transferindo a produção de algumas de suas principais linhas de produtos da Rússia para a Finlândia e os Estados Unidos. A Nokian produz aproximadamente 80% de sua capacidade anual de 20 milhões de pneus na Rússia Foto: Divulgação
A Honda está interrompendo as exportações de carros e motocicletas para a Rússia Foto: Paulo Fridman / Bloomberg
A empresa vai interromper atividades na Rússia, inclusive em áreas de produção de petróleo. A Equinor, petrolífera controlada pelo governo norueguês, também decidiu deixar o país. Foto: ANDREW KELLY/REUTERS/23-11-2021
A gigante do petróleo britânica BP vai se desfazer de fatia de 20% de estatal russa de petróleo, em reação à invasão da Ucrânia Foto: Bloomberg
A Daimler Truck congelou suas atividades comerciais na Rússia, incluindo a cooperação com a fabricante de caminhões russa Kamaz Foto: Dhiraj Singh / Bloomberg
O grupo de transporte marítimo Maersk suspendeu as movimentações de contêineres de e para a Rússia, exceto para alimentos, artigos médicos e humanitários Foto: Phil Noble / Reuters

 

A seção de frutas, verduras e legumes do Fort Jundiaí será abastecida por produtores da região, além de receber produtos do Ceagesp, o maior entreposto de alimentos da América Latina.

O investimento na unidade chegou a R$ 70 milhões e gerou 270 empregos diretos. São mais de 10 mil itens, entre produtos de mercearia, bebidas, perfumaria, limpeza, bazar e perecíveis.

— Os atacarejos continuam sendo o formato de maior valor percebido pelos consumidores num cenário de alta inflação e com restrições de renda e emprego — diz Marcos Gouvêa de Souza, especialista em varejo e fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem.

Números do relatório Consumer Insights, da Kantar, líder global em dados, insights e consultoria, apontam que o atacarejo, junto do pequeno varejo, foi um dos destaques em 2021. O atacarejo atingiu 73% das casas brasileiras, diz o relatório.

Profissionalização

O Grupo Pereira, que é familiar, também caminha na direção da profissionalização. Há dois anos criou o seu Conselho de Administração, melhorou sua governança e já fez a primeira emissão de debêntures no mercado de capitais, captando R$ 300 milhões.

Nos últimos anos, a empresa vinha financiando a expansão com 100% de recursos próprios. O lançamento das primeiras debêntures, com prazo de dez anos, aproveita o momento positivo dos negócios da companhia.

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Além de Jundiaí, o grupo tem na mira outras cidades do interior paulista. A expansão na Região Sudeste pode incluir o Rio de Janeiro. O Rio Grande do Sul também vai ganhar uma unidade da marca Fort este ano.

O projeto de expansão contempla ainda o interior de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em municípios como Rondonópolis e Dourados, onde está situado o cinturão da soja.