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Dona do Shopping Leblon negocia fusão com dona do NorteShopping, o que pode criar maior grupo do setor no país

Combinação das operações da Aliansce Sonae e BR Malls resultaria em um gigante de quase R$ 13 bilhões em valor de mercado
Movimento no Shopping Leblon, no Rio, administrado pela Aliansce Sonae Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo
Movimento no Shopping Leblon, no Rio, administrado pela Aliansce Sonae Foto: Marcia Foletto / Agência O Globo

RIO E SÃO PAULO - A administratora de shopping Aliansce Sonae, dona do Shopping Leblon e do Via Parque, iniciou "conversas preliminares" para fusão com a BR Malls, que controla o NorteShopping e o Shopping Villa-Lobos, em São Paulo. Juntas, as duas empresas criariam um gigante de quase R$ 13 bilhões em valor de mercado, tornando-se o maior grupo do setor no Brasil e um dos maiores do mundo.

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A informação de que os grupos negociam um acordo foi antecipada pelo Valor Econômico, e confirmada nesta quarta-feira pela Aliansce. As ações da empresa chegaram a subir mais de 5% durante o dia.

Hoje, as duas empresas já são os maiores grupos de shoppings no país, com uma carteira conjunta de 69 empreendimentos em operação.

A Aliansce Sonae tem 810 mil metros quadrados de lojas sob sua gestão e 38 shoppings espalhados por 12 estados mais o Distrito Federal. Já a BR Malls tem 832 mil metros quadros em lojas, distribuídos por 31 empreendimentos.

A negociação entre as duas reflete uma tendência no setor, especialmente após o Brasil e o mundo serem atingidos pela pandemia de Covid-19, em 2020, que forçou o fechamento de lojas e derrubou o faturamento dos centros comerciais.

Tendência de consolidação

"A consolidação parece ser o único caminho que move a agulha", escreveram em relatório Gabriel Gasparete, Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga, analistas do Credit Suisse.

Para eles, a pandemia mostrou que é preciso adquirir musculatura não apenas para enfrentar eventuais crises, mas também para lidar com lojistas de peso na hora de negociações, como aluguel de espaço.

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Na pandemia, houve uma dura queda de braço entre lojistas e shoppings na hora do reajuste dos contratos de locação.

"A recente onda de consolidação no cenário do varejo demonstrou a importância de ficar mais forte para enfrentar inquilinos mais fortes", acrescentaram os analistas do Credit Suisse.

Caio Ventura, analista da Guide Investimentos, avalia que as operações se complementam, com sinergias e ganhos de mercado especialmente no Sudeste e no Nordeste, sem prejuízo para o consumidor.

A Aliansce, por exemplo, tem shopping em Uberlândia (MG), Vila Velha (ES) e Fortaleza, fora do eixo Rio-São Paulo. Já a BR Malls tem em Recife, São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG).

- O mercado também vê como positiva essa fusão porque envolve padrões de governança alinhados com estratégias de maior ganho em eficiência operacional e integração dos canais de venda físicas e digitais - disse Ventura.

Namoro antigo

O namoro entre os dois grupos é antigo e teve idas e vindas. Mais recentemente, as conversas esquentaram de novo. Nesta quarta-feira, a Aliansce confirmou que iniciou negociações preliminares com a BRMalls, mas ainda sem "acordo ou oferta".

Já a BRMalls não negou as conversas mas disse que não recebeu proposta. É justamente para tentar chegar a uma proposta que as conversas foram retomadas.

“A estratégia da companhia é seguir buscando oportunidades de crescimento, fortalecendo portfólio com ativos complementares, por meio de combinações de negócios e aquisições de shoppings líderes em suas regiões de atuação”, disse  a Aliansce em nota.

As tratativas acontecem dois anos depois de a Aliansce ter se fundido com a Sonae e 13 meses após uma tentativa frustrada de fusão da BR Malls com a Ancar Ivanhoe, dona da Rio Sul, Botafogo Praia Shopping e Rio Design.