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Embraer fecha venda de até 90 'carros voadores' para empresas australianas

Encomendas serão entregues até 2026, preveem contratos firmados no Cingapura Airshow
Eve, da Embraer, fecha contratos para venda de até 90 eVTOL, aeronaves elétricas para pouco e decolagem Foto: Divulgação
Eve, da Embraer, fecha contratos para venda de até 90 eVTOL, aeronaves elétricas para pouco e decolagem Foto: Divulgação

RIO — A Eve, da Embraer, anunciou dois novos contratos com empresas australianas que preveem a entrega de até 90 aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical, também chamadas de “carros voadores”, até 2026. As encomendas foram fechadas no Cingapura Airshow, evento sobre aviação que acontece no país asiático nesta semana. Os valores não foram relevados.

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Um dos contratos prevê a entrega de até 50 eVTOLs — do inglês, Electric Vertical Take-off and Landing — para Aviar e HeliSpirit, duas companhias do Grupo HMC, que oferecem serviços especializados de fretamento, transporte público regular e turismo na Austrália. O segundo contrato, que prevê a entrega de até 40 eVTOLs, foi fechado com a Microflite, uma das principais operadoras de helicópteros da Austrália.

Sem contar esses dois contratos, as encomendas recebidas pela Eve, subsidiária da Embraer responsável pelo projeto, até janeiro deste ano, somavam 1.735 unidades e eram avaliadas em US$ 5,2 bilhões.

Controle de tráfego aéreo

Há pelo menos cem empresas, entre grandes corporações do setor aéreo e start-ups em todo o mundo, na disputa por esse mercado, com potencial estimado em US$ 760 bilhões. No Brasil, a corrida para tirar do papel o “carro voador” da Eve está em fase decisiva. No último dia 8, a Embraer fez à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) o primeiro pedido de certificação de um desses veículos. A expectativa é que os eVTOLS comecem a voar comercialmente em 2026.

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Analistas de mercado avaliam que o prazo deve ser mais longo até que haja operação em larga escala e citam entraves operacionais e até regulatórios. Thiago Nykiel, sócio da consultoria Infraway, especializada em infraestrutura, diz que um dos principais desafios será criar um sistema de controle de tráfego aéreo que funcione apenas com dados e não com voz, como o que existe atualmente para os aviões:

— Por isso, apostaria que a operação comercial, em larga escala, deve começar somente no final desta década — afirma Nykiel.

Por outro lado, diz ele, a montagem de pontos de pouso e decolagem e sua integração com outros modais de transporte deve ser rápida.

A Anac fará a verificação dos requisitos de segurança da aeronave, “incluindo testes e avaliações de todos os aspectos técnicos relevantes para garantir a segurança do projeto”, explicou a agência em comunicado.

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Para Fabio Falkenburger, sócio de aviação do escritório de advocacia Machado Meyer, não se trata de um processo simples, já que o produto e a tecnologia estão começando do zero.

— A vantagem é que outros países também estão avaliando produtos como esse, o que contribui na análise da Anac. O pedido de certificação é um marco para este tipo de transporte, mas vamos lembrar que ainda é preciso um ambiente regulatório, que hoje não contempla esse cenário — diz Falkenburger.

Para especialistas, a nova tecnologia deve revolucionar a mobilidade urbana. Em São Paulo e Rio, por exemplo, a promessa é ir da Avenida Faria Lima ao aeroporto de Guarulhos ou da Barra da Tijuca ao Galeão, o aeroporto internacional, em 15 minutos, pagando bem menos do que o valor de uma viagem de helicóptero e sem emitir gases poluentes ou ruídos.

Gigantes da aviação, como Boeing e Airbus, além das automobilísticas Hyundai e Toyota e da empresa de tecnologia NEC também estão na corrida para desenvolver “carros voadores”.

Encomenda de US$ 160 milhões para a American

A Embraer também assinou encomenda de três novos jatos E175 para a American Airlines. As aeronaves serão operadas pela subsidiária da American, a Envoy Air. Com previsão de conclusão das entregas este ano, a frota de E175 da Envoy irá ultrapassar cem unidades até o final de 2022.

O valor do contrato é de US$ 160,2 milhões, conforme os preços atuais de lista, e será incluído na carteira de pedidos do quarto trimestre de 2021 da Embraer.

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“Essa aeronave cumpre um papel fundamental, ao proporcionar a conectividade diária essencial em todo o território dos Estados Unidos. O E175 é a espinha dorsal da malha regional americana, com mais de 600 aeronaves vendidas e uma participação de mercado de 86%, desde 2013”, disse em nota Mark Neely, vice-presidente de Vendas e Marketing das Américas da Embraer Aviação Comercial.

A Eve tem encomendas de mais de 700 unidades de carros elétricos voadores.