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Galeão fará maratona de conversas com aéreas e fornecedores para 'acalmar ânimos'

Expectativa é que relicitação do aeroporto seja concluída em até 3 anos. Até lá, a Changi será mantida no consórcio
Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão) Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo

RIO - A RIOgaleão, concessionária que administra o aeroporto internacional do Rio de Janeiro, fará uma maratona de conversas com companhias aéreas, empresas terceirizadas que prestam serviço para o aeroporto e clientes na área de carga para explicar a situação do terminal.

A ideia, segundo uma fonte, é “acalmar os ânimos” e mostrar que a operação segue normalmente apesar do seu pedido, protocolado nesta quinta-feira, para devolver a concessão. A informação foi adiantada pela coluna Capital , do GLOBO.

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Com a devolução da concessão, haverá uma nova licitação do aeroporto, que fica na Zona Norte do Rio. O governo federal decidiu que o terminal será oferecido novamente à iniciativa privada juntamente com a concessão do Santos Dumont , no Centro da Cidade, num leilão previsto para o segundo semestre de 2023.

Saída deve ser concluída em até três anos

A concessionária trabalha com o prazo de dois a três anos para que o processo seja concluído, como informou a coluna de Ancelmo Góis no GLOBO. Até lá, a Changi continuará a integrar o consórcio e vai honrar os compromissos de gestão, mas ficará livre pagamento de outorgas.

A empresa de Cingapura tem 51% do aeroporto – a Infraero tem os 49% restantes – e só deixará a RIOgaleão após a nova licitação.

Aviação executiva cresce no país, mas ainda é para poucos. O número de voos da aviação de negócios no país voltou aos patamares pré-pandemia e segue um ritmo acelerado, de acordo com estatísticas da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Pousos e decolagens de aviões privativos em aeroportos como o de Congonhas (SP) cresceram 27% entre janeiro e maio deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado Foto: Edilson Dantas/2-7-2021 / Agência O Globo
Aos 59 anos, dos quais 23 dedicados à empresa de sua família, a Usina Santa Adélia, Marcelo Bellodi sempre cultivou a paixão por aviões. Tirou licença para pilotar ainda jovem. Em 2010, ele comprou esse jatinho, um Embraer Phenon 100 Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
Aeronaves privativas na pista de Congonhas (SP): custos de manutenção de um avião particular envolvem combustível, manutenção, salários da tripulação e aluguel de hangar Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo/2-7-2021
No Hangar da Tropic Air, aviões de milionários ficam disponíveis para afretamento, o que ajuda a reduzir os custos de manutenção desse privilégio pessoal Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
O empresário Marcelo Bellodi se acomoda a bordo do seu jato Embraer Phenon 100, que fica à disposição para fretamentos no hangar da Tropic Air quando ele não está usando Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo/2-7-2021
Aviões particulares na pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A demanda dos jatinhos é puxada pelo agronegócio. Os executivos de empresas do setor são os que mais usam o meio de transporte privativo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Segundo fontes, a decisão de a companhia deixar o Brasil vem sendo estudada há alguns meses. A concessionária sofreu um baque na pandemia, com redução de 90% em 2020. Naquele ano, negociou um alívio financeiro com o governo federal.

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Em maio de 2021, com a Covid ainda sem dar trégua, entrou com pedido de reequilíbrio de contrato para recuperar as perdas. O pleito é de recomposição de R$ 7,5 bilhões até 2039. Em outras palavras, um abatimento desse valor no pagamento de outorgas ainda devidas até lá. Mas o governo não aceitou.

- A opção pela relicitação visa a evitar atrasos, cortes. É a decisão mais responsável que se podia tomar – disse uma fonte a par das conversas.

Agora, o aeroporto terá que ser qualificado no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), que define o que deve ser privatizado, e depende de decreto presidencial para que seja novamente ofertado à iniciativa privada.

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Essa não é a primeira vez que a RIOgaleão busca recompor perdas. Houve uma tentativa logo após a recessão de 2015/2106, quando o número de passageiros despencou. Na época, porém, foi acordado com o governo apenas uma mudança no calendário de pagamento das outorgas.

A concessionária antecipou R$ 2,5 bilhões à União, referentes aos anos de 2018, 2019 e parte de 2020. E reprogramou o pagamento dos dois anos e meio seguintes. Por isso, a RIOgaleão só retomaria os pagamentos em 2023.

Como o aeroporto deve ser relicitado e a empresa deve ser indenizada pelos investimentos já feitos, o valor a ser pago vai depender desse encontro de contas.