Economia Negócios

Kraft Heinz fecha acordo para comprar a brasileira Hemmer, de Santa Catarina

Empresas têm produtos complementares em molhos, conservas e condimentos. Aquisição abre espaço para americana crescer no país

Produtos das marcas Heinz e Kraft são vendidos em um supermercado de Nova York: empresa compra brasieira Hemmer
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EDUARDO MUNOZ
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Produtos das marcas Heinz e Kraft são vendidos em um supermercado de Nova York: empresa compra brasieira Hemmer Foto: EDUARDO MUNOZ / REUTERS

RIO - A americana Kraft Heinz fechou acordo para comprar a Hemmer, empresa brasileira de molhos, conservas e condimentos. A catarinense, com sede em Blumenau, amplia o portfólio da multinacional, agregando ainda azeites e bebidas. A transação, que não teve o valor divulgado, depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

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A combinação de negócios, explica o comunicado divulgado ao mercado nesta quinta-feira, é acelerar o crescimento das duas empresas, pela complementariedade do negócio.

No Brasil, a Kraft Heinz usa sua marca no segmento premium e mantém também a Quero — empresa de Jundiaí, interior de São Paulo, adquirida pela americana em 2011 — voltada para o mercado mais econômico. O país está entre os principais mercados internacionais da multi.

“Juntar forças com a Hemmer nos oferece uma grande oportunidade de acelerar nossa estratégia de crescimento internacional centrada em Taste Elevation – nosso portfólio de produtos com alta qualidade e delicioso sabor que realçam o paladar da comida”, diz Rafael Oliveira, presidente da Zona Internacional da Kraft Heinz, em nota.

Oportunidade de expansão

Do lado da Hemmer, os ganhos virão com a rede de distribuição e atendimento da Kraft Heinz, o que inclui uma ponte para o setor de foodservice (bares, restaurantes e lanchonetes), que volta a avançar na esteira da vacinação no país.

Christian Luef, à frente da Hemmer, reafirma que a aquisição traz uma oportunidade de expansão à empresa.

Para Cristina Souza, CEO da consultoria Gouvêa Foodservice, a transação abre perspectivas para a Kraft Heinz acelerar o crescimento e avaliar a entrada em novas categorias no Brasil:

— A Hemmer tem um portfólio bem mais amplo de produtos, de alta qualidade, abrindo a oportunidade para a Kraft Heinz poder analisar novas categorias dentro do seu portfólio no Brasil. É sinal de que a catarinense incomodava a estrangeira em participaçao de mercado de alguma forma.

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Ela frisa ainda que a aquisição de uma operação local ensina muito ao comprador sobre o mercado:

— Encurta a curva de aprendizado sobre o mercado, porque o operador local já tem um portfólio com estratégia bem desenvolvida e conhecimento do perfil da demanda local. De outro lado, vem uma grande troca de experiências, porque a Kraft Heinz pode colaborar em outras frentes.

Os negócios devem avançar com a retomada do segmento de foodservice, duramente impactado na pandemia. Em 2020, o faturamento do setor recuou em 30% na comparação com 2019, para R$ 153 bilhões, diz a consultora.

Cristina afirma que a estimativa é que o resultado deste ano ainda seja inferior ao do ano anterior a pandemia, mas volte ao patamar de 2019 ou até cresça a partir de 2022.

Questionado sobre se haverá integração da produção da Hemmer com a da companhia, Fernando Rosa, presidente da Kraft Heinz Brasil, explica que o foco está em gerar oportunidades para as duas empresas:

— Com a experiência adquirida na associação com a Quero, a Kraft Heinz aprendeu a importância da independência operacional das áreas de negócio para dar velocidade de execução, por isso, manteremos uma estrutura que garanta agilidade às linhas de negócio — afirma o executivo.

E até que todas as autorizações necessárias à aprovação da transação sejam obtidas, continua ele, as duas empesas vão continuar a operar de forma independente.

— A ideia e manter os produtos. Com a possível aquisição, também estamos avaliando a possibilidade de entrar em novas categorias  — adianta ele.

US$ 26 bi em vendas

No último ano, a Kraft Heinz alcançou US$ 26,18 bilhões em vendas. A companhia, uma das cinco maiores de alimentos e bebidas globalmente, nasceu em 2015, quando o brasileiro Jorge Paulo Lemann (da 3G Capital) e Warren Buffett, do Berkshire Hathaway, fusionaram a Heinz com a Kraft Foods.

Em março deste ano, Lemann deixou o Conselho de Administração da Kraft Heinz. Nos mais de cinco anos de operação, a companhia levou um tombo em valor. Recentemente, segundo a Bloomberg, vendeu várias marcas que estavam sujeitas à flutuações de preços de commoditties.

A companhia vem melhorando o resultado. No primeiro semestre deste ano, as vendas subiram 1,6%, na comparação com igual período de 2020, alcançando US$ 12,8 bilhões. No mercado internacinal houve avanço de 7,7%. Em meados do ano, a Kraft Heinz anunciou a aquisiçao da Assan Foods, empresa turca de molhos, que já era uma fabricante certificada e parceira da multinacional americana.