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Por Vitor da Costa


Alta da Selic altera condições de financiamento de bens e serviços Pixabay — Foto:
Alta da Selic altera condições de financiamento de bens e serviços Pixabay — Foto:

RIO - Na hora de adquirir um bem valioso como um carro ou imóvel, a escolha entre fazer um consórcio, parcelar via crédito ou juntar dinheiro para pagar à vista depende das condições financeiras e dos objetivos do consumidor. Um fator decisivo é o tempo que ele pode esperar pelo produto ou serviço.

O consórcio pode ter a mesma duração de um financiamento, mas é preciso ser sorteado para ter acesso ao objeto do contrato ou dar um lance (quando um cotista paga mais que a mensalidade para ficar no lugar do sorteado do mês).

Não há juros no consórcio, mas taxas de administração e para um fundo de reserva, que geralmente giram em torno de 20%, dependendo do gestor do consórcio. As fintechs dizem cobrar taxas bem menores.

Num parcelamento, o bem fica com o dono imediatamente, mas pode ser exigida uma entrada alta e incidir sobre o financiamento juros altos, principalmente no atual ambiente de alta da taxa básica de juros (Selic) para combater a inflação. Atualmente ela está em 12,75% ao ano, mas os bancos ganham cobrando acima da Selic.

— No consórcio tem muito do fator sorte. Mas o planejamento financeiro é fundamental, porque os lances estão cada vez mais elevados. A partir do momento em que a pessoa guarda dinheiro, ela consegue dar esses lances — observa a planejadora financeira Paula Bazzo.

Outra possibilidade é investir uma quantia mensal, por exemplo, em títulos do Tesouro Nacional atrelados à Selic para comprar o produto à vista mais adiante, escapando assim dos juros e de um parcelamento mais longo.

Parece ser o melhor negócio, mas é preciso considerar que, como diz o ditado, tempo é dinheiro.

— O melhor jeito seria juntar o dinheiro suficiente para fazer a compra do bem. Em qualquer uma das alternativas, você vai pagar um preço para acelerar esse processo. Você pode ir aplicando o dinheiro via investimentos em geral, junta o saldo e faz a aquisição — diz a coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV, Claudia Yoshinaga.

Simulações consideram projeções macroeconômicas atuais

Paula Bazzo observa que é difícil fazer comparações porque as condições financeiras de uma linha de crédito ou os custos de administração de um consórcio podem fazer muita diferença. Índices de inflação como IPCA e INCC são muito voláteis e, a depender da conjuntura econômica, podem impactar consideravelmente as simulações.

Ainda assim, ela preparou as simulações abaixo para duas hipóteses: a compra de um carro e a de um imóvel. No entanto, Paula ressalta que o exercício é meramente educativo, não substitui uma avaliação criteriosa de um planejador financeiro para cada caso específico.

As simulações foram feitas considerando o seguinte contexto econômico: Selic a 13,25% ao ano (projeção média do mercado para o fim do ano) e inflação de 9% em 12 meses, o que resulta em juro real de 3,9% ao ano.

Compare os cálculos a seguir:

Aquisição de imóvel 

Prédios residenciais na Zona Sul do Rio de Janeiro Arquivo — Foto:
Prédios residenciais na Zona Sul do Rio de Janeiro Arquivo — Foto:

Valor: R$ 300 mil

Simulação 1: Financiamento

Tipo: Tabela SAC (cujas prestações são decrescentes ao longo do contrato)

Prazo: 360 meses (30 anos)

Taxas/Juros: 12,8% ao ano (custo efetivo total, que contempla juros, taxas e seguros do contrato)

Entrada: R$ 60 mil

Prestação: R$ 3.087,72 (primeira) e R$ 673,39 (última)

Total pago: 737.000,07 (incluindo entrada e juros)

Simulação 2: Consórcio

Estratégia: Sem dar lance, esperando ser sorteado

Prazo: 360 meses (30 anos)

Taxas: 22% + correção monetária anual (IPCA e INCC)

Entrada: não tem

Prestação: R$ 1.144,77

Total pago: R$ 1.657.316,79 (incluindo taxas de administração e correção média de 9% ao ano)

Simulação 3: Investimento para comprar à vista

Tipo: Aplicação conservadora com rendimento de 100% do CDI

Prazo: 144 meses (12 anos)

Rendimento real: 3,9% ao ano (Selic descontada a inflação no contexto considerado)

Entrada: não tem

Aplicação mensal: R$ 1.150,00

Total acumulado: 304.789,85 (considerando aportes e rendimento real)

Conclusão

A simulação, no contexto considerado, indica que é possível comprar o imóvel após 12 anos de investimentos, o que se mostra a melhor opção para o bolso.

Para quem não pode esperar tanto tempo, o financiamento se mostra mais vantajoso financeiramente. O acesso ao imóvel é imediato, mas há a desvantagem de ter que dar uma entrada de 20% do valor total.

No consórcio, não há entrada e o valor da prestação é menor que a inicial do crédito imobiliário, mas no fim do período, as taxas e correção terão custado mais que os juros do financiamento. E ainda há o ônus de esperar ser sorteado para entrar na casa nova.

Aquisição de automóvel

Concessionária de automóveis na Zona Sul do Rio  Agência O Globo/2-6-2020 — Foto:
Concessionária de automóveis na Zona Sul do Rio Agência O Globo/2-6-2020 — Foto:

Valor: R$ 80 mil

Simulação 1: Financiamento

Tipo: Tabela Price

Prazo: 60 meses (5 anos)

Taxas/Juros: 27,8% ao ano (custo efetivo total, que contempla juros, taxas e seguros do contrato)

Entrada: R$ 16 mil

Prestação: R$ 1.870,32

Total pago: R$ 128.218,98 (incluindo entrada e juros)

Simulação 2: Consórcio

Estratégia: Sem dar lance, esperando ser sorteado

Prazo: 60 meses (5 anos)

Taxas: 18% + correção monetária anual (IPCA)

Entrada: não tem

Prestação: R$ 1.606,37

Total pago: R$ 112.893,74 (incluindo taxas de administração e correção média de 9% ao ano)

Simulação 3: Investimento para comprar à vista

Tipo: Aplicação conservadora com rendimento de 100% do CDI

Prazo: 36 meses (3 anos)

Rendimento real: 3,9% ao ano (Selic descontada a inflação no contexto considerado)

Entrada: não tem

Aplicação mensal: R$ 1.650,00

Total acumulado: R$ 80.788,77 (considerando aportes e rendimento real)

Conclusão

A simulação, no contexto considerado, indica mais uma vez que investir para comprar à vista é mais vantajoso, mas é preciso manter aplicações por três anos até poder dirigir o carro novo.

Quem não quer esperar pode levar imediatamente o carro financiado, desde que tenha 20% para dar de entrada.

Mas neste caso o consórcio se mostra uma alternativa melhor. Ao fim de cinco anos, o custo total para o consumidor será menor que o do crédito. Mas será preciso ser sorteado para estacionar o carro na garagem.

Veja o que mais considerar na decisão

Vantagem na entrada: O financiamento é uma dívida que dá acesso imediato ao bem, mas costuma exigir um valor mínimo de entrada. O consórcio não tem essa prática, exige apenas o pagamento de uma cota por mês.

Correção monetária: Os consórcios sofrem correção monetária anual, com índices definidos em contratos, como INCC, IGP-M, entre outros, além de taxas. Vai depender do bem em questão.

A correção ocorre sobre o valor da carta de crédito que, por tabela, reajusta as parcelas. Dessa forma, é importante ter cuidado na hora de escolher e fechar o contrato do consórcio, para que o índice de correção escolhido seja o menos volátil possível.

Custo do consórcio: A empresa que gerencia o consórcio cobra taxas por volta de 20% do valor do bem para administrar o processo. Em caso de desistência no meio do caminho, a pessoa pode receber o dinheiro que empregou nas cotas de volta, mas vai arcar com uma taxa de desistência.

Comparação com crédito: Os juros do crédito mudam conforme as oscilações da Selic, que está em 12,75% ao ano e deve continuar subindo. Num momento de alta da taxa como o atual, os juros praticados tendem a ficar mais caros no crédito e tornar o consórcio mais vantajoso. Em contrapartida, os financiamentos oferecem prazos maiores que os consórcios para diluir a dívida.

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