VITÓRIA - Os estoques de celulose estão caindo tanto em todo o mundo que a Suzano, maior produtora mundial, vê um risco de escassez de oferta, possivelmente elevando os preços de itens essenciais como lenços de papel e papel higiênico.
A Rússia é uma importante fonte de madeira para a Europa, e esse comércio está completamente bloqueado desde a invasão da Ucrânia, segundo o CEO da Suzano, Walter Schalka. A madeira russa também perdeu certificações globais. Isso significa que os produtores de celulose na Europa, especialmente na Escandinávia, terão sua capacidade de produção reduzida.
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“Os estoques de celulose vêm diminuindo gradualmente de tal forma que podem chegar a um ponto de ruptura mesmo ou escassez de celulose”, disse Schalka em entrevista. "Isso pode acontecer".
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No primeiro trimestre, a disponibilidade de celulose também foi afetada pelos problemas no transporte marítimo, ruptura na logística interna com greve de trabalhadores em diferentes partes do mundo e atrasos na entrada de novas fábricas.
Esses fatores, junto com uma forte demanda, provocaram um avanço de cerca de 40% nos preços da celulose chinesa no ano, segundo relatório do BTG Pactual divulgado no último dia 3.
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O aperto no mercado de celulose é mais um golpe para os consumidores, que enfrentam uma alta generalizada de preços, desde alimentos até combustíveis.
Os produtores de celulose russos têm dificuldades para continuar operando em meio à falta de algumas matérias-primas, e um dos principais deles foi forçado a interromper as atividades temporariamente. À medida que a invasão da Ucrânia continua, mais interrupções no fornecimento são esperadas no Mar Negro.
Com isso, a demanda por celulose da América Latina cresce, mas os produtores da região não têm espaço para receber novos pedidos, pois já trabalham a plena capacidade. Para a Suzano, a demanda tem sido maior do que a empresa consegue atender, disse Schalka.
Como o papel, principalmente o papel higiênico, é um item essencial, espera-se que os impactos da inflação sobre a demanda sejam moderados. Mesmo assim, ainda não sentimos todos os efeitos da guerra na Ucrânia, observou Schalka.
“Isso ainda não afetou a demanda, mas não significa que não afetará”, disse.