Negócios
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Por Letycia Cardoso — Rio

Esqueça a figura do executivo workaholic, estressado, que trabalha freneticamente por 12 horas ou mais e termina o dia em algum bar próximo ao escritório. A nova geração de diretores e CEOs quer ter qualidade de vida, com tempo para a atividade física e para a família. Como não dá para diminuir a carga horária de trabalho, o jeito é acordar cedo para fazer o dia render.

E não é exagero — muitos deles levantam entre 4h e 5h da manhã para se exercitar. O novo hábito está fazendo com que negócios que têm esse público como alvo se adaptem. Academias direcionadas a classes A e B estão abrindo cada vez mais cedo, assim como restaurantes onde costumam acontecer almoços de negócios. Afinal, a fome de quem acorda antes de o sol nascer não aguenta esperar a tarde chegar.

Para a vice-presidente de Recursos Humanos da Novelis, Glaucia Teixeira, de 58 anos, sempre foi comum ter na agenda de sete a dez reuniões por dia e nenhum horário certo para ir embora. Durante a pandemia, porém, percebeu que precisava priorizar a saúde. Passou a acordar às 4h da manhã para fazer caminhadas no condomínio ou ir na academia de seu prédio, em São Paulo. Isso permite que, às 7h30m, ela já esteja pronta para os compromissos corporativos.

— Conheço muitas pessoas que fazem o mesmo que eu: acordam cedo porque entendem que o dia começa com um astral maravilhoso quando iniciamos com o esporte. Coloco minha vida em ordem com as caminhadas, pensando e planejando tudo no trajeto — conta Glaucia.

A mudança também impactou seus almoços de networking, que passaram a ser agendados mais cedo:

— Costumo fazer early lunch, ao meio-dia, porque, como acordo cedo, tenho fome logo.

Ganho com rotatividade

O restaurante Giuseppe Grill, no Leblon, recebe executivos a partir das 11h30 — Foto: Ana Branco
O restaurante Giuseppe Grill, no Leblon, recebe executivos a partir das 11h30 — Foto: Ana Branco

Percebendo o aumento da demanda pelo funcionamento antecipado, alguns restaurantes passaram a abrir ainda no turno da manhã. No Rio, o Giuseppe Grill Leblon recebe executivos a partir das 11h30m.

— A maioria das reservas migrou para meio-dia. Às 12h30m, é o pico do movimento. Antigamente, o restaurante começava a encher às 13h, 13h30m — comenta Marcelo Torres, executivo e restaurateur do grupo Best Fork Experience, do qual faz parte o Giuseppe Grill Leblon.

Torres avalia que a novidade é positiva para o negócio, que ganha com o “giro de mesa”, conseguindo atender um volume maior de clientes para o almoço todos os dias:

— A adequação foi fácil e simples. Antecipamos a abertura e ganhamos giro. A mesa que senta mais cedo libera às 13h, quando podemos receber outros perfis de clientes. É uma tendência boa para os restaurantes.

O CEO do plano de saúde Care Plus, Luiz Camargo, de 61 anos, é mais um exemplo de executivo que acorda no alvorecer para praticar atividades físicas. O gosto por exercícios vem da adolescência. No entanto, ao entrar no mercado de trabalho, foi engolido por demandas que o prendiam no escritório até altas horas e empurravam o momento de autocuidado sempre para o dia seguinte.

O que era uma válvula de escape passou a ser um ponto de estresse, sendo deixado de lado. Anos depois, resolveu tentar de novo, invertendo a agenda. Antes de qualquer coisa, iria cuidar do corpo e, como consequência, da cabeça. Religiosamente, acorda às 4h50m para, às 5h30m, estar na porta da academia, esperando abrir.

— É um alívio saber que já fez algo por você e tem o dia inteiro para se dedicar ao trabalho — conta Camargo. — Costumo ter muitos insights para problemas enquanto estou malhando ou correndo.

A decisão o fez ter mais tempo inclusive para a família. À noite, consegue jantar com a mulher e acompanhar de perto o crescimento da filha de 10 anos, o que não foi possível com a primogênita, hoje com 32 anos.

— Vejo o quanto não aproveitei a minha filha mais velha. Tinha convivência de fins de semana. Se eu pudesse voltar atrás, com a maturidade de hoje, faria diferente — lamenta.

A Bioritmo, rede de academias voltada à classe alta, tem unidades em São Paulo que abrem às 5h30m. A diretora Julia Michelin diz que a empresa sempre buscou atender à demanda do mercado, por isso lançou treinamentos de alta intensidade com curta duração, ideais para quem não tem muito tempo para ficar na academia.

— Entendemos a necessidade de encaixar a prática da atividade física e a busca por resultados na rotina dos nossos clientes — comenta ela.

No Rio, a academia TechBox, na Tijuca, abriu no ano passado uma turma de crossfit às 5h, para não concentrar muitos alunos por causa da Covid-19. A aceitação surpreendeu, e o horário se tornou permanente, mesmo após o fim das medidas de isolamento social.

— Quem costuma frequentar são adultos em idade produtiva, entre 30 e 50 anos. Estudamos expandir esse horário para musculação e treinamento funcional também — adianta o sócio Robson Silvestre Maia.

Foco e produtividade

Glaucia Teixeira, executiva da Novelis, acorda às 4h para fazer caminhadas — Foto: Edilson Dantas
Glaucia Teixeira, executiva da Novelis, acorda às 4h para fazer caminhadas — Foto: Edilson Dantas

Depois de ler “O clube das 5 da manhã — Controle suas manhãs, mude de vida”, de Robin Sharma (escritor e palestrante especializado em liderança), Santiago Bellotti, de 39 anos, diretor de HR Operations da Ingredion para América do Sul, resolveu incorporar as sugestões do livro à rotina pessoal.

Todos os dias, acorda às 5h para fazer exercícios físicos — corrida, funcional ou musculação. Para isso, matriculou-se em uma academia que funciona 24 horas em São Paulo. Às 6h50m, já está pronto para ir para o escritório.

— O tempo que estou malhando é o tempo que reflito sobre o que eu tenho que decidir. Isso me deixa mais focado. Quando não consigo fazer atividade física de manhã, chego ao fim do dia mais cansado, e o sono fica pior — observa.

Nicolas Nunes, responsável Corporate Asset do BTG, de 35 anos, também aponta ganhos de produtividade com a atividade física. Ver o sol nascer no Parque Ibirapuera, na capital paulista, enquanto realiza a sua corrida matinal já virou parte da rotina.

— Meu dia inteiro é focado em fazer reuniões, uma atrás da outra, para trazer novos clientes para o banco. Exige muita concentração. Eu preciso do exercício para me ajudar a focar — conta.

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